India.
Olhei pras fotos que chegaram no meu celular e sorri vendo o estrago que tinham feito nele.
Índia: falta o que pra vazar isso?
Terror: o pai sair do hospital.
Balancei a cabeça entendo o que passava na cabeça dele.
Índia: não tem uma informação minha dês de quando eu fugi, dava pra vazar a primeira já.
Terror: da mermo, mais tem que vazar uma sua e do pai no mesmo dia da do Rodrigo, só esperar ele sair do hospital.
Sorri passando a mão na tatuagem dele que era meu nome.
Índia: eu amo tanto você meu filho.
Virei por completo na direção dele e abracei fazendo um carinho no cabelo raspadinho dele.
Terror: também amo você mãe, demais, demais.
Índia: vou descer lá na tua tia porque daqui a pouco tenho que correr atrás da grana.
Terror: se cuida aí.
Ele deu um beijo na minha testa e eu sorri saindo da garagem da casa dele, as vezes eu nem acredito que meu filho já é um homem.
Meu eterno menininho.
Entrei no Corolla branco e passei pelas ruas vendo o movimento do Vidigal que cada dia ta mais movimentado, os moradores paravam pra ficar olhando meu carro passando e eu sorria por perceber que realmente eu tava de volta na minha favela.
Parei na frente do salão da Rayssa, precisava ser renovada mesmo, pra voltar a ser a verdadeira Índia.
Rayssa: fala comigo minha bandida.
Veio rindo na minha direção e eu revirei os olhos descendo do carro com a minha bolsa.
Índia: carai ta muito lindo.
Olhei a fachada do salão que ta completamente diferente do de antes.
Rayssa: aí eu amo meu cantinho.
Índia: sua cara viu.
Entrei com ela sentindo o ventinho do ar condicionado e ela puxou a porta de vidro fechando.
Sentei na cadeira almofadada rosa e me olhei no espelho iluminado pelo led que tinha ao redor dele vendo ela parar atrás de mim.
Rayssa: tem coisa pra caralho pra gente fazer hoje.
Índia: gastar meu dia inteirinho aqui pra gente fofocar.
Rayssa: Carol e Liz vão subir agorinha pra encher o saco também.
Dei risada concordando e ela começou a me puxar pra mil e um canto, pra lavar o cabelo, limpar a pele, fazer a sombrancelha, o cílios e enfim.
As meninas chegaram e a gente começou a esculachar metade do morro junto com as meninas que trabalham aqui.
Índia: aqui pode até ter essas merda mais só quem vai parar naquele lugar podre sabe o tanto que aqui é bom mesmo com tudo que acontece.
Carol: gosto nem de imaginar como é Manu, sei nem como você aguentou.
Liz: acho que o mais foda é saber que tem família aqui fora, ainda mais filhos pequenos, quando você foi presa a Anna ainda era uma neném.
Índia: Felipe sempre foi muito apegado comigo e teve os primeiros anos comigo do lado, do nada eu sumi pra ele.
Rayssa: ele apegado em você até hoje né amiga, vive de grude com você pra cima e pra baixo.
Sorrir concordando com a cabeça.
Índia: a Anna também, deixei ela muito bebezinha nem tive tanto tempo com ela, mais era meu grupinho também e hoje em dia poder ter tudo que eu nunca tive com eles faz meu coração bater mais rápido sabe? parecia que eu tava morta antes de rever eles.
A Rayssa terminou a última mecha do cabelo e eu levantei vendo meu cabelo gigante preto e brilhoso.
Rayssa: vem cá.
Me puxou mais pro lado e eu virei de costas pra ela tirar as fotos e entre elas achei perfeito a pose pra foto que eu tanto queria que vazasse.
Ela me mandou as fotos antes de postar no perfil do insta do salão e eu mandei pro Gv que é nosso informante lá de baixo.
A outra mulher me puxou pra sentar de novo porque agora tinha que fazer minhas unhas tanto da mão quanto do pé e só a demora pra colocar as unhas de fibra era as horas que ia levar pra foto se espalhar.
A gente ficou um bom tempo ali até a Carol levantar lá do sofazinho e vir me entregar o celular em uma notícia.
Primeira Dama do Vidigal realmente voltou? A mulher do traficante Diogo Torres (Vilão) aparece após dias da fuga em penitenciária fora do Rio de Janeiro, a também traficante posa de costas com a camisa identificada com seu vulgo fazendo o sinal da facção que comanda (CV).
CITEȘTI
Lance Criminoso
RandomVidigal, Rio de Janeiro. Tempo vai nos afastar mas também vai nos encontrar, eu tô esperando cê voltar, vivendo a vida sem um amanhã. Agatha e Meucci • I d a s e v i n d a s @N-NIIH