Terror.
Desci a viela indo pra casa do meu pai e entrei vendo que tava tudo aberto, minha vó certeza.
Rosa: Felipe, Felipe, cadê a educação?
Vilão: bença vó.
Rosa: Deus abençoe, sua mãe cadê? até agora não apareceu aqui e nem lá em casa.
Vilão: foi ver o pai com a Anna Luiza.
Me joguei no sofá do lado dela e olhei pra tv vendo a novela que ela assitia.
Rosa: acho que agora a Anna consegue por a cabeça no lugar, Manuela vai conseguir recuperar todo o tempo que perdeu com vocês.
Ela colocou a mão no meu cabelo que eu tinha acabado de deixar na régua e fez um cafuné em mim.
Terror: minha mãe é foda vó, chegou hoje e até o clima ficou mais leve com ela pra cá.
Rosa: ela sempre foi meu menino, uma mulher de respeito.
Que minha vó ama minha mãe não é novidade pra ninguém, meu pai vive falando do grude que era as duas dês de sempre.
No tempo que a gente procurava minha mãe aqui pelo Rio ela até se ofereceu pra enfrentar fila de madrugada.
Rosa: e o Thiago em? mataram ele mesmo?!
Terror: minha mãe mandou vazar o papo que já tinham matado, mais ele ta lá ainda ela que vai acertar as contas com ele, ta putona.
Rosa: acho certo, se a Manuela ainda ser como antes eu não consigo nem imaginar o jeito que ela vai deixar esse muleque, vai arrebentar ele.
Terror: tomara mesmo.
Murmurei deitando a cabeça no ombro dela e peguei meu celular vendo as notificações do tio Teco.
"Ta podendo vazar as foto do Rodrigo agora?"
Só mandei um não e desliguei o celular vendo que minha vó encarava.
Rosa: você cresceu tanto Felipinho, fico com raiva de você por causa disso.
Terror: credo vó, ta doida é.
Rosa: tô falando, pensei que nunca ia viver a morte do Rodrigo, ele inferniza a nossa vida dês de antes do seu pai nascer e quem se livrou dele foi você.
Ela passou a mão no meu rosto e eu sorri de lado olhando pra ela.
Terror: alguém tinha que fazer isso logo.
Ela balançou a cabeça concordando e ficou quieta assistindo a novela dela e eu me entreti junto.
Minha vó não concorda com esse mundo, ela entrou pra ser mulher de traficante quando era adolescente engravidou do meu pai e ficou, depois meu vô morreu e ela caiu na real, tempo depois meu pai foi preso ela ficou pior ainda, mais era o papo de "dessa vida só sair no caixão", passou mais um tempo minha mãe foi presa e ficou os 15 anos lá, voltou só agora e vai saber qual vai ser a próxima merda que vai dar.
Essa vida é montanha russa, hoje ta aqui e amanhã pode não tar, bagulho é louco mermo.
Terror: achei que a senhora ir tar pra pista hoje.
Rosa: eu ia né, mais daí chegou no meu ouvido que a Manuela tava por cá quase infartei, tô até agora esperando pra ver essa mulher.
Dei risada do jeito indignado dela e levantei indo pra cozinha, mais daí eu lembrei que quem mora aqui é meu pai e a Anna Luiza então é a mesma coisa que não ter nada.
Escutei umas vozes na porta e já tava ligado em quem era, as duas entrando falando igual papagaio, real minha mãe vai salvar a Luiza legal.
Rosa: Manuela Oliveira.
Deu não, já tavam chorando de novo, minha mãe e minha vó, e a Luiza sentada só olhando tudo.
Índia: que saudade da senhora.
Rosa: você fez tanta falta Manuzinha.
Minha vó deu um tapa nela que riu vindo pro meu lado me dando um abraço.
Índia: meu bebezinho.
Pegou no meu rosto apertando minhas bochecha e encheu de beijo.
Terror: a não, ou manhê.
Me soltei saindo de perto dela e voltei pra sala me jogando no sofá em frente ao que a Luiza tava.
Índia: credo cresceu ficou chato.
Rosa: ta insuportável esse menino, única coisa útil que faz é assistir novela comigo.
Anna: esse velho.
Murmurou mais deu muito bem pra escutar, olhei pra cara dela franzindo a sombrancelha e mostrei o dedo.
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Lance Criminoso
CasualeVidigal, Rio de Janeiro. Tempo vai nos afastar mas também vai nos encontrar, eu tô esperando cê voltar, vivendo a vida sem um amanhã. Agatha e Meucci • I d a s e v i n d a s @N-NIIH