Primeiro dia, complicado

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Quatro meses tinham se passado desde que recebi minha carta da faculdade, hoje seria meu primeiro dia de aula, eu estava animado e nervoso, como sempre. Esses dois sentimentos me acompanham a vida toda.
O inverno já tinha dado uma trégua, agora tínhamos um clima mais bonito, com manhãs menos nubladas e mais coloridas, o jardim em frente ao meu condomínio estava repleto de flores amarelas, que formavam um caminho, parecia que indicavam que direção eu deveria seguir.
As ruas até o campus estava cheia de pessoas indo na mesma direção que eu, nem todos novos alunos, mas alguém ali poderia ser meu novo colega. Ria com os fones de ouvido no máximo de volume, Poison da Rita Ora estava embalando minha caminhada até meu primeiro dia de aula.

Tinha optado por fazer todas as matérias obrigatórias do meu curso logo de início. Minha primeira aula seria história da arte, porque tinha essa matéria no meu currículo? Eu não sei, mas era obrigatória algum motivo tinha. Me dirigi até a sala onde seria minha primeira aula, logo que entrei avistei dois rostos conhecidos, Bárbara e Miguel estavam sentados um ao lado do outro. Desde o dia em que desmaiei depois do porre não tinha mais falado direito com a Bárbara, e o Miguel via quase todos os dias a julgar pelo seu pseudo namoro com o Guilherme. Sentei-me ao lado deles.

- Não imaginei que você faria as matérias obrigatórias de início. A Bárbara disse.

- Pois é, não vi muito sentido em estudar história da arte quando se vai cursar música. Disse sorrindo.

- Todos os cursos de artes nessa universidade fazem com que você tenha que passar pelas matérias obrigatórias. Miguel disse.

- Achei que você já estivesse mais avançado no curso. Rebati

- Acabei deixando essa para trás, aproveitei que a Bárbara ia começar agora e decidi vir junto.

Nosso assunto foi cortado quando a professora entrou na sala, ela já tinha sua idade e falava tão baixo que eu não conseguia entender uma palavra do que ela dizia. Estava tão entediado que assim que o sinal tocou avisando que a aula tinha acabado eu sai em disparada da classe.
Minha próxima aula seria Canto e expressão vocal 1. Pelo menos era mais o meu gênero. A turma agora era menor, tinha uns quinze alunos no máximo, conversei um pouco com algumas pessoas, falamos sobre gostos músicas e o que gostávamos de cantar e tocar. A Senhora Calt entrou na sala com uma postura de dar inveja, ela me passava tanta segurança.

- Quero um agudo. Ela disse apontando para uma menina baixinha com cabelos castanhos que estava do meu lado. Todos os alunos se olharam não entendendo o que ela quis dizer.

- Quando eu falar "quero um agudo, dó maior" vocês devem me dar. Ela seguiu depois de ver a expressão de pavor na maioria dos alunos.
- Eu sou Antônia Calt, irei ensinar a vocês técnicas de afinação e expressão vocal, durante mais ou menos três anos, se eu estiver viva. Ela ria enquanto falava.

Todo mundo riu da sua piada, ela chegou botando banca, mas acabou mostrando o lado que eu estava acostumado a ver na escola de música.

Em meio a dós e rés a aula prosseguia como deveria ser, muitos alunos tinham uma potência vocal de dar inveja, a menina baixinha que levou o susto no início da aula podia alcançar notas que eu jamais pensaria que podia. E o sinal tocou.

Caminhava pelo corredor da universidade quando recebi uma mensagem.

" Ele não te quer mais, ganhei."

Mais uma mensagem do tal "Adriano". Quem seria essa pessoa? Está claro que fala do meu caso com o Arthur, mas o que eu tomei dele? O Arthur namorava quando nós ficamos naquela festa? Eu tinha roubado o namorado de alguém?
Minha cabeça estava cheia de perguntas, que precisavam de respostas. E a primeira delas seria descobrir quem é o "Adriano".

Fumaça nos Olhos (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora