Visita - Parte 1

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O tempo tem sido corrido nos últimos meses, com as provas finais meus dias de folga se resumiram a estudar, minha sorte era que o Arthur entendia meu lado e sempre vinha dormir comigo em dias antes de provas, para me relaxar.
Prometi a ele que conheceria seus pais assim que acabasse o semestre, e acho que era a hora, eu tentei enrolar e dar uma desculpa, mas não rolou, ele era insistente.

Na manhã do meu primeiro dia de férias, acordei tarde e a caminho da cozinha para preparar meu santo café de cada dia, me deparei com uma cena bizarra, o Miguel estava pedindo dinheiro ao Guilherme, não em um tom de desespero, como se ele estivesse precisando, mas sim como se o Gui devesse algo a ele. O que era estranho a julgar pela quantidade de grana que a família dele tinha. Fiquei parado no corredor ouvindo a conversa. Não era o tipo de coisa que eu faria, mas evitar contato visual com o Miguel era uma das coisas que eu fazia nesses últimos tempos, já que ele frequentava a minha casa.

- Você disse que me daria, você prometeu.

Ouvia a voz do Miguel clara de onde estava.

- Eu já te dei dinheiro outro dia, não posso ficar te bancando assim. O Guilherme disse.

Algo mais forte do que a minha curiosidade em saber o desenrolar da história tomou conta de mim, entrei na cozinha, onde eles estavam me metendo no assunto.

- Atrapalho? Perguntei sorrindo pro Miguel.

- Não eu estava de saída. Ele disse. - Vejo você a noite, conto contigo. Ele disse dando um beijo na testa do Guilherme

Quando ele deixou nosso apartamento o clima na cozinha era pesado demais, eu não sabia se poderia me meter nisso. Por um lado achava que sim, pois era algo que estava chateando o Gui mas por outro, eu pensava que não devia por ser um problema deles.
Segui preparando meu café quando o Guilherme me chamou.

- Guto, eu estou com problemas e não sei como resolver. Ele disse baixinho.

- O problema tem nome e é Miguel? Perguntei.

Ele fez que sim com a cabeça, sua expressão dava pena, ele estava preocupado e triste. Encostou-se na bancada e pôs as mãos no rosto, as lágrimas caim seguindo um ritmo que era constante.

Definitivamente eu deveria me meter no assunto.

Ele me dissera que o Miguel estava envolvido com drogas, e que o usava para conseguir pagar as dívidas com os traficantes.

- Começou com um pedido de ajuda, e agora se tornou um caixa dois pra ele. Ele dizia soluçando. - Ele me prometeu que não iria mais usar. - O que eu faço, eu gosto mesmo dele.

Nunca tinha lidado com algo desse tipo, droga é uma coisa porca e que não leva ninguém a nada além da destruição, mas o que eu poderia dizer a ele. Se eu dissesse para terminarem o namoro ele diria que eu estava com ciúmes.

- Acho que você vai ter que conversar sério com ele. Eu disse. - Um hora você vai ter que parar de dar dinheiro a ele. Ou ele nunca vai parar, ai quem vai se afundar em dívidas é você.

Ele não me respondeu, ficou ali com as mãos no rosto. Fui até ele e o abracei, foi um abraço sincero, de amigo, sem segundas intenções. Não sabia se o que sentia por ele tinha sumido ou se ele fez bem em me empurrar para o Arthur. O Guilherme sempre foi uma cara forte, iria conseguir sair dessa.

- Preciso me arrumar, vou conhecer os pais do Arthur hoje. Disse revirando os olhos.

- Evolução, alguém esta dando o passo adiante. Ele disse enxugando as lágrimas.

Realmente era uma evolução, a uns meses atrás eu não sabia se queria namorar com ele e agora sei que é a pessoa certa pra mim. Eu ficava nervoso pelo fato de conhecer seus pais, nunca tinha namorado, ainda mais ser apresentados aos sogros, o fato dele me apresentar como namorado fazia com que eu me entregasse cada vez mais a ele.

Fumaça nos Olhos (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora