Eu, você e o resto é nada mais.

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Meus olhos ardiam devido a luz que entrava pela janela do quarto, a forma do corpo do Arthur, deitado ao meu lado do jeito que veio ao mundo ficava cada vez mais clara, ele estava ali e eu também, ele era meu, nem que fosse por um curto espaço de tempo.

-Puta merda. Disse assim que olhei no relógio, já passava das 09:00hrs e eu definitivamente tinha perdido aquele dia de aula.
O Arthur acabou acordando depois de ouvir meu espraguejar.

- Dormiu bem bebê? Disse sorrindo.

Seu sorriso era tão calmante como um copo de suco de maracujá com poupa dupla.

- Eu dormi sim, e você? Disse retribuindo o sorriso.

- Melhor do que dormir com você é poder acordar e ver seu rosto lindo do meu lado.

Acabei corando, não sabia aceitar elogios, sempre ficava sem jeito. Ele preparou o café da manhã e me levou pra casa antes de ir trabalhar. Quando estava saindo do carro ele me puxou pela mão e me tascou um beijo, acho que na intenção de me fazer sair do carro com as pernas tremendo.

Meu apartamento continuava silencioso, eu queria tanto correr para o quarto do Guilherme e contar tudo que aconteceu mas não poderia, ele errou feio comigo e eu não daria o braço a torcer.
Naquela manhã de folga decidi assistir TV enquanto não dava a hora do trabalho, acabei perdendo o foco quando lembrei da noite passada, em como tudo foi maravilhoso e como ele foi gentil comigo, desde a forma como me tocava até como fazia eu me sentir especial.

Fui tirado das minhas lembranças quando o Guilherme saiu do quarto, ele estava com o rosto amassado do sono, mas seus olhos ainda eram do azul intenso do qual me lembrava, junto do azul de seus olhos eu poderia notar que ele havia chorado, e por muito tempo a julgar pelo nariz vermelho.
Ele passou pela sala sem me olhar, aquilo acabava comigo, eu não poderia ficar em um lugar onde eu não falo com o meu melhor amigo.
Não me contive, a raiva que tomou conta de mim no dia em que soquei o Miguel apareceu novamente, não estava reconhecendo o tipo de pessoa estourada que eu me tornei.

- Você nunca mais vai falar comigo? E isso mesmo? Disse enquanto o seguia até a cozinha.

- Você fez algo de cabeça quente, com uma pessoa que eu gosto muito e nem se deu ao trabalho de vir falar comigo, Gustavo. Ele falava com tanta calma que fazia meu sangue ferver.

- Eu deveria ter ido falar com você? Só pode estar brincando comigo. Disse.

- Concordo que você teve seus motivos, mas porque você não foi claro comigo? Eu sempre fui com você.

- Você foi claro? Realmente você está brincando com a minha cara. Dizia aumente o tom de voz.

Ele parecia calmo, e a cada resposta que ele me dava usando o tom de voz de quem sabe como me irritar, eu ficava mais alterado, caminhava de um lado para o outro dentro da cozinha, queria quebrar o vidro de cada armário que estava a minha volta. Ele me encarava incrédulo com o que via, fazia uma expressão de quem queria respostas.
Eu sabia do que ele estava querendo falar, mas eu não poderia tocar nesse assunto, não agora, não enquanto nós estávamos nessa crise e não agora que eu estou bem com o Arthur.

- O assunto não é mais a sua briga com o Miguel. Ele disse

Meu corpo gelou por completo, o universo parecia ter parado e somente o meu corpo estava ali, um flash da minha amizade com o Guilherme passou pela minha frente, eu não poderia destruir com tudo que já vivemos por um simples capricho.

- O Miguel me contou os detalhes da briga. Ele seguia falando baixo. - É verdade o que ele disse? - Você me ama? Ele perguntou.

Eu não sabia o que responder, eu o amava, mas não poderia contar a ele que amava, pela nossa amizade.

Fumaça nos Olhos (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora