Fumaça nos Olhos (Romance Gay)

Seis meses depois.

Desde o acontecido com os caras mal encarados, minha relação com o Arthur melhorou, temos nos visto sempre que dá, ele tem vindo dormir na minha casa quase todos os finais de semana mas até então não decidimos nada sobre um relacionamento mais sério. Não que eu não queira, só acho que tanto ele quando eu estamos focados em outras coisas no momento, mas por mais que não tenhamos nada sério, porque não houve um pedido, eu ainda o amo da mesma forma.

O fim do semestre estava me torturando, depois daquela audição com a Sra Calt fui chamado para me apresentar no recital do fim do semestre com os formandos. Nesses últimos dias tudo que fazia era assistir minhas aulas, ir para o trabalho e ensaiar, o fato de me apresentar publicamente sempre me deixou nervoso, mas dessa vez seria uma apresentação planejada, eu tinha tempo para treinar e escolher a música perfeita. O único problema era que ensaiava uma música diferente por dia e até agora não tinha decidido o que cantaria de fato.

O Guilherme entrou no nosso apartamento parecendo um furacão, sua pele clara estava tão vermelha quando um pimentão, seus olhos expressavam raiva, sentou-se junto de mim na mesa e bateu com os punhos cerrados sobre a superfície de vidro.

- O cretino deu as caras novamente. Ele disse bufando.

Franzi a testa, era um tanto quando vago ouvi-lo chamando alguém de cretino.

- O Miguel, o cretino do Miguel teve a capacidade de atrapalhar uma conversa minha com um affair novo. - Ele concluiu.

- Espera ai, você tem um rolo novo? E eu só sei disso agora? - Perguntei

- Sim, mas a questão agora é o Miguel. -O Guilherme seguiu com sua indignação.

-Ele teve a capacidade de vir falar comigo, pediu desculpas e perguntou se ainda teria alguma chance. -Eu ri na cara dele, não me aguentei, eu ri alto na cara dele.

-E ainda lembrei a ele para ficar longe de você. Da última vez ele não entendeu, mas hoje eu fui bem claro. -O Guilherme concluiu.

- Acho que ele entendeu dessa vez, eu não falo com ele desde o acontecido e acho que ele se transferiu porque nunca mais o vi na faculdade. -Disse rindo.

Eu realmente nunca mais tinha visto o Miguel, para o meu bem e o dele. Não sei dizer se ele não me procurou por medo ou vergonha mas o importante foi que ele não cruzou comigo de novo.

-Agora explica essa história de novo affair.

-Sim, eu conheci um cara novo lá do trabalho. -O Gui falava todo animado. -Ele é italiano, veio transferido para cá, e ele é lindo. -Ele seguia usando o máximo da sua animação enquanto contava.

O tempo que eu e o Arthur ficamos distante seria o tempo que o Guilherme tinha para decidir se queria ficar comigo, nesse meio tempo ele não investiu em nada, tivemos uma noite legal de sexo reprimido, mas só. Ele não tinha se declarado, e hoje eu entendia o porquê dele falar que não era o cara certo para mim, não porque não me amava, mas sim porque o Arthur era capaz de me dar algo além do que ele poderia. Na verdade o Guilherme era uma pessoa mais confusa do que eu, fico muito feliz por ele ter encontrado alguém, mas ainda sinto uma pontada de ciúmes.

-E hoje eu combinei com ele um jantar aqui em casa, e adoraria se pudesse apresentar você a ele. -Ele disse com brilho nos olhos.

Ficar em casa em um sábado à noite, em um jantar com minha ex paixão e seu novo futuro namorado, era tudo que eu queria.

-Posso chamar o Arthur? -Perguntei.

O Guilherme me encarou, podia ver claramente nos seus olhos que ele não estava contente com a minha pergunta, o porquê, eu não sabia. Talvez ainda existisse algum medo de que nossa relação fique mais séria, mas ele escolheu assim, então assim seria.