Capítulo 30

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O aviso havia pego de surpresa, era enorme e havia me exposto de tantas formas que eu mal podia ficar parada na frente do ateliê lendo e relendo o bilhete sem bambear, eu ainda custei acreditar que era meu nome ali escrito em letras caixa alta e l...

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O aviso havia pego de surpresa, era enorme e havia me exposto de tantas formas que eu mal podia ficar parada na frente do ateliê lendo e relendo o bilhete sem bambear, eu ainda custei acreditar que era meu nome ali escrito em letras caixa alta e logo abaixo o motivo do despejo, os olhos curiosos de todos os meus vizinhos estavam ociosos sobre mim, como se esperassem o que eu iria fazer, e bem a única coisa que pensei foi puxar o papel e descer a rua para a loja de Lorenzo, eu já estava humilhada, de acordo com Rick o florista da loja a frente, o aviso foi posto no mesmo dia que viajei e ficou os quatro dias expostos para todos pudessem ler que "Daciana Florea era uma caloteira " não eu não era, estava com um aluguel atrasado mas nada que se comparasse aos atrasos no banco e na hipoteca da casa, o canto em que minha mão jogava as cartas rosas já estavam ultrapassando o limite.

Quando bati as botas no chão, a neve acumulada caiu manchando a madeira fazendo os olhos castanhos de Lorenzo me notarem, primeiro ele resmungou algo baixo, depois empurrou a cadeira velha para trás e cruzou os braços me olhando com aquele olhar superior, e ali começou nossa discussão, foram longos 20 minutos de debate acalorado onde eu explicava para ele que sua atitude havia sido injusta e um tanto demais, porém eu podia passar 40 dias tentando convencer aquele velho a me deixar ficar com meu ateliê, mas sabia que eu não conseguiria passar por entre aquelas pessoas sem me lembrar que todas ali me achavam uma caloteira, então ali mediante aquele velho eu quase desabei em choro, pois aquela havia sido minha primeira derrota depois que voltamos para Bucareste.

Minha segunda derrota foi quando cheguei em casa, tão derrotada que acreditava que nada poderia piorar meu dia mas a verdade era que sim, Luana e Lucian tinham a capacidade de estragar muito mais minha vida, e foi isso que fizeram quando me obrigaram a jantar com um velho que não parou de me paquerar por todo o jantar, Luana fazia propaganda da filha como se eu fosse uma carne na vitrine, o jantar acabou e tentei correr para dentro do meu quarto mas antes que eu pudesse fechar minha porta com a cômoda Luana entrou no quarto com a cara deformada pela raiva.

Não fazia ideia de como ela havia descoberto que eu havia viajado para a Itália, acho que boa parte da primeira discussão da noite eu perdi tentando processar que ela sabia sobre meu trabalho na editora, a outra parte foi eu tentando explicar que eu trabalhava meio período então meu salário era apenas a metade do que ela havia pesquisado na internet, mas a discussão foi em vão, Luana havia apenas arrumado um jeito de me extorquir.

Se minhas lágrimas derramadas naquela noite fossem apenas pelas palavras e as ameaças eu com certeza conseguiria engolir tudo e esquecer; mas dessa vez ela havia passado algum limite meu muito interno, as palavras dela foram cortantes e bastante diretas.

O velho que jantou aqui era conhecido como Gebby, um empresário, pelo que parecia Lucian estava tentando arrumar dinheiro com ele, esse homem era rico, podia ver pelas roupas requintadas não como as de Nicolae mas havia certa elegância no terno azul marinho e no cabelos grisalho penteado para trás; eu não havia prestado atenção nele, se me perguntassem eu não saberia dizer mais do que poucas características que notei, e aquilo de fato não me importava se não fosse o pedido de Luana:

Meu melhor inverno foi com vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora