— Onde você estava? — perguntei assim que o Roy entrou no galpão, o tom de impaciência evidente na minha voz.
Ele passou por mim como se não tivesse ouvido, indo direto para um banquinho no canto da sala.
— Está surdo, porra? — insisti, cruzando os braços.
— Fui dar uma volta — respondeu, sem me olhar nos olhos. Seu tom desdenhoso apenas aumentou a minha frustração.
— Sério? — ri com sarcasmo. — Vai tentar mentir para mim?
Ele continuou ignorando minha pergunta, então decidi deixar para lá. Mas a inquietação em meu estômago persistia, como se algo estivesse fora do lugar.
— A mamãe ligou — comentei, tentando puxar conversa. — Ela disse que conseguiram localizar o Wilson.
— Sério? — sua expressão mudou, os olhos se iluminando. Eu podia ver a esperança em seu rosto, um pequeno sinal de que talvez tudo não estivesse perdido.
— Agora está ouvindo? — perguntei, levantando uma sobrancelha em desafio.
— Vai se foder, Lala — ele revirou os olhos, mas não conseguia esconder um sorriso involuntário que escapuliu.
— Que boquinha suja! — fiz um biquinho brincalhão. — Devia lavar com um pouquinho de ácido.
— Que maldade — ele respondeu, rindo, e por um momento, a tensão entre nós diminuiu.
— Enfim... ela vai levar pra Nanda Parbat e disse que você já pode ir — continuei, tentando manter a seriedade.
— E você? — ele perguntou, um tanto confuso. Eu podia ver a preocupação se formando em seus olhos.
— Vou ficar bem — dei de ombros.
— Tem certeza, Lala? — ele se aproximou, o olhar preocupado. — Sabe que eu faria qualquer coisa por você.
Um sorriso involuntário escapuliu dos meus lábios, e tentei disfarçar a emoção. Agradeci silenciosamente por ter alguém como ele ao meu lado.
— Vamos deixar o sentimentalismo de lado — respondi, tentando manter a firmeza na voz. — Vá para Nanda Parbat; há um certo assunto seu inacabado lá.
Um brilho de determinação iluminou seu olhar, e ele me puxou para um abraço apertado. O calor de sua presença trouxe um alívio temporário, e por um momento, tudo parecia estar certo no mundo.
— Muito obrigada — sussurrou ao me soltar, um misto de gratidão e alívio em sua expressão. Eu podia sentir a tensão dele diminuindo.
Virei-me, tentando me recompor, mas a adrenalina ainda corria em minhas veias. A responsabilidade pesava sobre meus ombros, e o que estava por vir me deixava inquieta.
— O jatinho vai sair em 20 minutos. Não perca tempo — avisei, insistindo para que ele seguisse em frente.
Ele acenou com a cabeça, um sorriso curto se formando nos lábios antes de dar um tchauzinho com a mão, e então desapareceu pela porta. O som da porta se fechando ecoou, deixando um vazio no galpão.
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Monster | Laila Al Ghul
Fiksi PenggemarSob a faca, eu me rendi. A inocência é sua para consumir, você a cortou fora e me encheu com ódio. No silêncio você me enviou, no fogo consumiu. Você pensou que eu ia esquecer mas está sempre na minha cabeça. Você é o pulso em minhas veias. Você é a...