Confiança!

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Senti um frio na espinha ao ouvir as palavras de Francis. O que ele insinuava sobre a morte da minha mãe e do Jorge me atingiu como um raio. A ideia de que aquele acidente não havia sido um acaso era um choque devastador.

- Mas por que queriam me matar assim tão nova? - perguntei, ignorando sua provocação.

- Você nunca irá saber. As informações que falei foram as que meu chefe me permitiu dizer, caso algo desse errado. - Ele tentou manter a compostura, mas percebi uma fissura no seu tom.

- Então posso pedir para meus guardas te torturarem até a morte? - disse, um sorriso vitorioso surgindo em meu rosto.

- Você pode fazer o que quiser. Não direi mais nada para você. Pode até me matar se quiser. - Francis tentava parecer indiferente, mas seu olhar traía o medo.

Me aproximei dele, tão perto que pude sentir a tensão no ar. Segurei seu rosto entre as mãos e disse: - Que pena, seria um desperdício de um rostinho bonito. Ele tentou desviar o olhar, mas eu já havia me afastado, voltando-me para o guarda.

- Faça-o falar, mesmo que tenha que usar tudo o que temos. - Declarei, limpando as mãos como se tivesse tocado algo impuro.

- Ok, Vossa Alteza! - O guarda fez uma reverência, sua determinação refletindo a gravidade da situação.

Enquanto me preparava para o que viria, uma onda de nostalgia e determinação me envolveu. Sabia que este era o momento em que a ignorância se tornava sabedoria. O passado se misturava com o presente, e as mentiras e segredos que cercavam minha vida começavam a se desfazer.

Francis havia me machucado, mas não deixaria que isso me parasse. A maldade que ele representava apenas acendia a chama da superação dentro de mim. Eu precisava enfrentar o que estava oculto, não apenas por mim, mas por todos que haviam sofrido por causa dele. O desejo de verdade pulsava em meu coração, e eu estava disposta a tudo para descobrir o que realmente havia acontecido.

Saí da cela quase que instintivamente, determinada a descobrir quem desejava me matar, mesmo quando eu era tão jovem. A confusão se instalava em minha mente. Se o motivo fosse o trono, não faria sentido querer eliminar apenas a mim. Jorge, meu irmão, era o herdeiro. Na alta sociedade, sempre fora assim: os homens eram coroados Reis, enquanto as mulheres eram vistas como meras peças no jogo do poder.

Cheguei ao meu quarto, ainda pensando na gravidade da situação. Olhei pela janela e vi os guardas em treinamento, manuseando rifles, espadas e arcos e flechas. O rifle, um instrumento novo e pouco usado, parecia complicado para muitos, mas percebi que aprender a usar um arco poderia ser uma habilidade vital. Aprimorar minha luta com espadas também seria essencial; precisava me defender, e isso se tornava uma prioridade.

TOC-TOC.

A batida na porta me fez sobressaltar. A desconfiança havia se infiltrado em cada aspecto da minha vida.

- Quem me incomoda? - perguntei cautelosa.

- Sou eu, Lucy, Vossa Alteza. - A voz dela trouxe um leve alívio.

Abri a porta e deixei-a entrar.

- Sente-se, precisamos conversar. - Falei, tentando manter a calma.

- Está tudo bem, Vossa Alteza? - A preocupação dela era evidente.

- Confiei em você, Lucy, e logo depois descobri que tentaram me matar. Entreguei a carta para você, somente você sabia. Para quem você a entregou? Para quem contou? - A frustração transpareceu em cada palavra.

- Vossa Alteza, eu juro que não contei a ninguém. Fui escondida até o escritório do Rei e misturei sua carta com as outras. O mensageiro vem buscá-las quase diariamente. Juro, nunca te trairia. Você era como uma irmã para mim. - Ela falava apressada, como se tentasse desviar de uma acusação mortal.

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