Te assombra.

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Caminhando pelos corredores do castelo, meus pensamentos se misturam em uma tempestade de sentimentos. A raiva de Philip ainda ecoa em minha mente, suas palavras ressoando enquanto tento entender tudo o que aconteceu. As lembranças e as dúvidas me sufocam. Eu e Felipe... será que estávamos destinados a ficar juntos? E aquele homem? Será que ele voltará? E Francis... ele nunca sai dos meus pensamentos desde que voltei ao castelo. Mesmo depois de tentar me matar, não consigo desejar sua morte. Ele precisa pagar, mas... sou capaz de ser cruel?

Enquanto caminho, perdida nos meus próprios pensamentos, meus pés me levam à ala oeste, onde ficavam os quartos que pertenciam a mim e ao meu irmão, quando éramos crianças. As lembranças surgem com força, e meu coração se enche de nostalgia. Confusa, percebo como o passado e o presente se entrelaçam. Não ouso entrar ali. Já sofri o suficiente por hoje. Decido voltar ao meu quarto, mas antes de chegar, me deparo com meu pai no corredor.

Ele me para, seu semblante cansado refletindo o peso das responsabilidades que carrega. Sempre tão firme, agora parece quase abatido. Seus olhos, cheios de tristeza, me olham como se quisessem desabafar. Sentindo a tensão entre nós, pergunto suavemente:

— Pai, por que você me chamou ao escritório mais cedo?

Ele suspira profundamente, hesitando por um momento. É raro vê-lo assim, vulnerável. Após um longo silêncio, ele finalmente responde:

— Na verdade, Meg, fui até o seu quarto antes de te chamar ao escritório — ele confessa, sua voz suave, mas carregada de afeto. — Você estava com Philip, e parecia uma conversa importante. Não quis interromper.

Lembro-me do momento em que Philip saiu furioso, sua raiva vibrando no ar. Aquilo me deixou agitada, confusa. Agora, saber que meu pai estava ali, esperando do lado de fora, sem querer me atrapalhar, faz meu peito se apertar.

— Por isso, te chamei ao escritório — ele continua, com um tom mais sério agora. — Eu precisava falar com você sobre algo importante.

— Sobre o quê? — pergunto, tentando disfarçar a apreensão. A cada nova conversa, parecia que algo maior me esperava, uma nova responsabilidade ou segredo que precisava ser enfrentado.

Ele passa a mão pelos cabelos, visivelmente tenso, antes de finalmente encontrar meus olhos. — Descobri que meu braço direito, alguém em quem eu confiava, estava roubando o povo. Ele aumentava os impostos às escondidas, enquanto eu me afogava em papéis, tentando lidar com as finanças do reino.

Fico sem palavras. Meu pai sempre se orgulhou de sua justiça, de ser um rei honrado. Vê-lo agora, desmoronando ao admitir que havia falhado com o próprio povo, parte meu coração.

— Pai, eu... sinto muito. Você não merecia isso — digo, tentando segurar as emoções. Minhas palavras saem trêmulas, sem saber se expressam tudo o que eu queria dizer.

Para minha surpresa, ele se aproxima e me envolve em um abraço apertado. Faz tanto tempo que não temos um momento assim. Sinto o calor do seu corpo, a segurança que ele sempre representou.

— Não, minha filha. Eu sinto muito por ter deixado isso acontecer. Mas quero que saiba que estou fazendo o possível para corrigir os erros. Eles merecem mais do que eu posso oferecer agora. O povo merece alguém como você, determinada, com o coração no lugar certo.

Fico em silêncio, absorvendo o calor e o carinho naquele abraço. Sinto o peso da responsabilidade, mas também um desejo profundo de ajudar, de ser a força que meu pai precisa.

— Pai, você sempre foi um bom rei. O povo sabe disso. E eu farei tudo o que puder para te ajudar. Você não está sozinho — prometo, tentando manter a voz firme. — Mas... e o homem que te traiu? O que acontecerá com ele?

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