Entrei praticamente correndo, quebrando todos os protocolos, e, para ser honesta, não me importava nem um pouco. Estava eufórica, radiante, ansiosa para contar ao meu pai a novidade. Mas, ao entrar no salão, meu coração congelou. Lá estava ele, em uma conversa séria com Ernest, o ser mais desprezível que eu já conhecera. Toda a alegria que me preenchia há segundos se dissipou em um estalo. Revirei os olhos com puro desdém, o estômago se revirando em nojo. Ernest podia ser considerado bonito, com sua pele morena, cabelos cacheados curtos e os olhos verdes que lembravam esmeraldas, mas eu sabia a verdade por trás daquela fachada. Um sorriso de superioridade constante, um ar de arrogância que o tornava insuportável. Era o pior tipo de pessoa: bonito por fora, podre por dentro.
Dei meia-volta, tentando escapar daquele encontro desnecessário, mas, para minha infelicidade, a voz do meu pai ecoou pelo salão.
— Filha, por favor, venha cá! — O tom gentil dele me obrigou a parar, mesmo contra minha vontade.
Engoli em seco, o desgosto crescendo dentro de mim. Minha vontade era desaparecer, mas não havia como fugir. Aproximei-me devagar, cada passo pesado, sentindo o olhar de Ernest cravar-se em mim como lâminas afiadas. Ele me examinou de cima a baixo, com aquela expressão de quem julga o mundo inferior a ele. Era como se estivesse me reprovando por estar vestida de forma simples, sem as extravagâncias que ele esperava de alguém da realeza.
Reverência.
A palavra pesou na minha mente. Eu não queria me rebaixar a ele, não queria dar a mínima para as formalidades que ele achava tão importantes. Mas, por respeito ao meu pai, abaixei levemente a cabeça em uma falsa reverência. Internamente, o desprezo por Ernest queimava mais forte.
Enquanto meu pai começava a falar, minha mente vagava. Lembranças do passado com Ernest, suas tentativas de manipulação, seus sorrisos falsos, passavam como relâmpagos pela minha cabeça. Cada interação com ele era um lembrete de quão facilmente pessoas assim podem usar suas aparências e charme para enganar os outros. Mas comigo ele nunca conseguiria. Não depois de tudo que eu tinha passado.
Ainda assim, mesmo em meio à repulsa, havia um traço de curiosidade em mim, um desejo de entender o que meu pai, um homem justo e sábio, via em Ernest. Mas esse desejo logo se misturava com a raiva e a determinação de me proteger de pessoas como ele.
Com cada traço marcante de Ernest — seus olhos verdes, seu sorriso calculado — eu me lembrava de que, por mais que ele fosse charmoso, eu não podia permitir que ele me atingisse. Eu era mais forte do que ele jamais imaginaria.
— Olá, Vossa Alteza. — Ernest disse, com sua voz doce, fingindo uma gentileza que não passava de uma fachada. Ele realmente achava que podia me enganar? Só de ouvir sua voz, um misto de irritação e chateação subiu em mim, como uma onda. Já conhecia esse jogo e ele era mestre na arte da falsidade.
Apenas acenei com a cabeça, forçando um sorriso sem graça, sem vontade de me envolver na sua falsa simpatia. Eu sabia que, por trás daquele olhar sedutor, havia mentiras e segundas intenções.
— Quero poder te conhecer melhor, Vossa Alteza. — Ele se aproximou e, sem pedir permissão, pegou minha mão. Aquele toque me causou um desconforto imediato, mas consegui manter minha expressão neutra.
Com desdém evidente, respondi:
— Achei que meu pai tinha cancelado esse casamento arranjado!
— Pela sua sorte, não, Princesa. — Ele disse com um sorriso pretensioso e uma piscadela que só aumentava minha repulsa.
Minha paciência estava se esgotando, e minha irritação transbordou.
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A Luta Pela Liberdade!
Misterio / SuspensoToda e qualquer cópia dessa história NÃO foi autorizada. A história está sendo reescrita. Tenham calma. Aos sete anos, a princesa Meghan sofre um trágico acidente que a faz perder a memória, sua mãe e seu irmão gêmeo. Devastado, o rei a envia para u...