O Povoado!

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São tantas dúvidas, e as pessoas fingem que não percebo, mas isso me incomoda profundamente. Fingir ser sonsa é o mais difícil.

- Meg, você tá ficando maluca. Você deveria esperar o seu pai melhorar e ir com você. As pessoas são ruins com a sociedade feminina; elas não aceitam muito bem uma mulher mandando neles - disse Phillip, preocupado.

- As pessoas precisam saber que um dia terão uma líder forte que se importa com o próprio povo - respondi, tentando acalmá-lo, mas a ansiedade crescia dentro de mim.

- Entendo você, mas preciso que entenda que as pessoas não são tão gentis quanto você pensa, principalmente nos últimos anos - ele insistiu, seu olhar preocupado me fazendo hesitar.

- Preciso ir até lá. Sinto isso - afirmei, já pronta para a partida.

- Beleza, espero que não se arrependa, princesa - disse ele, conduzindo-me até a carruagem.

Eu sabia que não iria me arrepender. Sentia com todas as minhas forças que precisava ir. Conhecer o meu povo poderia trazer respostas para as perguntas que me atormentavam. Os buracos na minha história e as memórias perdidas eram uma carga pesada. As pessoas faziam piadas sobre minha infância, como se fossem verdades, e eu não conseguia me lembrar, como se uma névoa obscurecesse meu passado.

- Chegamos, Vossa Alteza - anunciou Phillip, quebrando o silêncio.

- É a primeira vez que me chama assim - murmurei, um misto de estranhamento e emoção.

Phillip se virou para a multidão, sua voz ressoando no ar tenso:

- Atenção, todos, por favor! Venho apresentar a Vossa Alteza, Princesa Meghan.

O olhar dos cidadãos era um turbilhão de emoções: desconfiança, raiva e, em alguns casos, esperança. O medo que eu sentia se manifestava na minha pele, e a tensão crescia. Olhei ao redor, notando a desigualdade que pairava no ar - aqueles que tinham e aqueles que não tinham. A realidade do meu reino era crua, e a desesperança estava evidente nos rostos de muitos.

As sombras da tristeza e do desgosto se abateram sobre mim, enquanto as palavras de Phillip ecoavam na minha mente. Eu precisava fazer algo, não apenas pela imagem que eu queria mostrar, mas pela verdade que eu queria descobrir. E, mesmo diante do desespero que ameaçava me envolver, a determinação se acendeu dentro de mim.

- Olá, povo do meu reino! - comecei, a voz tremendo, mas firme. - Eu sou a Princesa Meghan, e estou aqui para ouvir vocês!

Obtive reverências de alguns e vaias de outros.

- Olá a todos! Vim para informar que o Rei não morreu, como muitos acham. Ele está vivo e se recuperando. Quero que me vejam como alguém que pode ajudar vocês, e tentarei sempre melhorar a vida de todos - comecei, mas logo uma voz interrompeu.

- Porque você não volta às bonecas, princesa? - gritou um súdito rebelde.

- Se você realmente quer nos ajudar, diminua os impostos! Estão tão altos que mal conseguimos nos alimentar! - bradou outra súdita, sua indignação evidente.

O alvoroço cresceu rapidamente, e as pessoas começaram a se agitar, avançando em minha direção. A quantidade de guardas que levei não estava sendo suficiente para controlar a multidão. Phillip virou-se para mim, a preocupação em seu olhar.

- Eu te disse, eles não estão nada felizes - disse ele, tentando me puxar para longe.

Fiquei paralisada, em choque, sem saber o que fazer. Apenas queria fugir dali, a sensação de segurança que imaginava ter com os guardas e Phillip se dissipou como fumaça.

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