- Tudo bem, Phillip. Explique-se. - Disse, cruzando os braços, tentando manter a calma, mas a ansiedade se acumulava no fundo do meu peito.
- Primeiro, preciso que entenda uma coisa, isso aconteceu há mais de 10 anos. Quando eu tinha 4 anos, meus pais me explicaram meus deveres como príncipe, e um deles era o casamento. Mas, eu não teria a opção de escolha. Logo depois você chegou, com sua mãe e seu irmão. Ali, percebi que você era o meu primeiro contrato de casamento. Nosso primeiro contato foi quando tínhamos 4 anos, mas, para ser honesto, você era uma menina chata e irritante - Phillip sorriu amargamente. - Nem o seu irmão gostava de brincar com você. Eu e ele implicávamos muito, chamando você de "cenourinha", e você odiava.
Meu coração apertou ao ouvir esse apelido que, embora distante, trazia uma pequena lembrança perdida.
- Sempre vinham na mesma época, ficavam duas semanas e depois iam embora, e isso continuou por alguns anos, até que completamos 7 anos. Você havia mudado muito, e de repente, nós nos tornamos próximos. Quase inseparáveis, na verdade. - A voz dele suavizou, um toque de nostalgia se infiltrando. - Você deixou de ser chata, pelo menos a maior parte do tempo. Mas isso parecia só acontecer comigo. Você e seu irmão continuavam brigando muito, e foi numa dessas brigas, na última semana da sua visita, que tudo desmoronou. Vocês dois tiveram uma briga feia, e eu... eu acabei machucado. Seus pais ficaram preocupados comigo, meus pais também. Eles decidiram que seria melhor que vocês partissem naquele mesmo dia, e que você voltasse sozinha no próximo ano.
Phillip parou, respirou fundo e colocou a mão na cabeça, como se a dor das lembranças o sufocasse. Eu olhei para ele, sentindo a tensão crescer.
- O que houve, Phillip? - perguntei, tentando entender o que estava por vir.
Os olhos dele encheram-se de lágrimas, e, por um instante, senti o peso do que ele estava prestes a dizer.
- Poucas horas após sua partida, recebemos a notícia de que o barco em que estavam foi completamente destruído. A tragédia aconteceu perto do porto. Disseram que todos a bordo haviam morrido... alguns corpos se perderam no mar. Para mim, você morreu naquele dia, Meghan. Meus pais tentaram obter informações, mas não conseguiram contato com o seu pai. No final, eles me contaram que minha melhor amiga havia morrido. Eu fiquei devastado. Sofri por anos... me fechei para o mundo. - Phillip fez uma pausa, limpando as lágrimas que ameaçavam cair. - Mas, naquele dia na cabana, quando vi você cuidando do meu ferimento... algo em você me lembrou daquela menina que cuidou de mim quando eu me machuquei anos antes. Eu sabia que era você, mas você não fazia ideia de quem eu era. Não contei naquele momento porque vi o medo em seus olhos. Você parecia assustada, como alguém que ataca antes de ser atacada.
Ele interrompeu o que dizia para acrescentar, com dor na voz:
- Desculpa por ter te machucado naquele dia... eu nunca quis isso.
- Tudo bem... - disse com tristeza. - Você só estava com medo. - O silêncio se estendeu entre nós. - Eu só não entendo por que não disseram que eu estava viva.
A quietude se tornou pesada. Havia tanta coisa não dita, tantas memórias confusas. Eu não sabia mais o que pensar.
- Poucos dias depois de me recuperar, fui mandada para um convento, muito longe daqui. Talvez seja por isso que você nunca mais ouviu falar de mim. - expliquei, tentando juntar as peças do meu próprio passado.
- Você parece exausta... precisa descansar. Sei que é muito para absorver. Vou chamar Lucy. - disse Phillip, com evidente preocupação.
- Obrigada... - respondi, virando-me para o outro lado da cama, minha mente em um turbilhão de emoções.
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A Luta Pela Liberdade!
Mystery / ThrillerToda e qualquer cópia dessa história NÃO foi autorizada. A história está sendo reescrita. Tenham calma. Aos sete anos, a princesa Meghan sofre um trágico acidente que a faz perder a memória, sua mãe e seu irmão gêmeo. Devastado, o rei a envia para u...