Capítulo 16.

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Entrei no grande salão para o café da manhã, e lá estava ele. Ernest. A pessoa que eu mais desprezava. Quase ri de alívio ao pensar que ele tinha finalmente sumido da minha vida, mas, como sempre, o destino adora brincar comigo.

— O que você está fazendo aqui? — perguntei, minha voz cheia de um desprezo tão óbvio que até as paredes podiam sentir.

Ele, com aquela cara que me fazia questionar como alguém podia ser tão insuportável, ergueu a sobrancelha e respondeu com o mesmo tom venenoso:

— Vim tomar café da manhã com a minha futura esposa.

Revirei os olhos, sentindo meu sangue ferver. A ideia de me casar com ele era tão absurda que quase parecia uma piada ruim.

— Eu nunca, NUNCA, vou me casar com você — falei, deixando cada palavra sair com uma raiva tão intensa que podia ser ouvida até nos confins do castelo.

Ernest, com aquela cara de quem acha que sabe tudo, riu, como se tivesse gostado do espetáculo.

— Princesa, ainda não entendeu? Seu pai já fez o acordo comigo. Querendo ou não, você vai ser minha.

A vontade de socá-lo era tão real quanto o café frio na minha frente. Mas antes que eu pudesse retrucar, senti a presença do meu pai às minhas costas. E, como num passe de mágica, o desgraçado do Ernest mudou de postura, ficou doce, quase gentil. Ridículo. A tortura daquele café da manhã continuou, e o que só piorou foi Lian, em pé ali atrás de mim, com os olhos fixos em Ernest, como se o mundo ao redor fosse uma peça e ele estivesse obcecado pelo protagonista.

Tudo era um jogo, uma grande encenação. E eu? Eu estava bem no meio dela, com todos esses olhares e segredos, mas uma coisa era certa: eu não ia baixar a cabeça para esse show patético.

Depois de um longo e torturante café da manhã que eu não pedi e muito menos queria, finalmente me levantei, pronta para escapar daquele inferno. Mas, claro, meu pai não deixaria isso ser fácil.

— Meghan, querida — disse ele, com aquela voz suave e irritantemente controlada. — O Ernest veio passar um tempo com você.

A simples menção disso foi como um soco no estômago. Virei lentamente, meu olhar passando por meu pai e pousando em Ernest, cada um merecendo o mesmo ódio que eu sentia naquele momento. Se o olhar pudesse matar, eles já estariam no chão.

Serrando os dentes e tentando controlar a fúria crescente, respondi com a maior calma que pude fingir:

— Não estou nem um pouco afim de passar tempo com *esse aí* — levantei o queixo, apontando para Ernest como se ele fosse algo insignificante, abaixo até de uma migalha de pão no chão. A tensão no ar era palpável, e, por dentro, eu queria mais do que nunca me livrar daquele teatro.

Meu pai apenas engoliu em seco, como se tivesse acabado de encarar a morte. Mas não disse nada, nem tentou me impedir. Aproveitei a deixa e corri para o jardim, para o meu lugar secreto, aquele canto isolado onde eu sabia que ninguém me encontraria. Era ali que Philip costumava me encontrar, e a simples lembrança dele fez lágrimas escorrerem pelo meu rosto, mesmo que eu não quisesse chorar. Pensar nele ainda doía.

Perdida nos meus pensamentos, mal percebi que não estava mais sozinha até ouvir uma voz me arrancar do devaneio.

— Está tudo bem, Vossa Alteza? — era Liam, e eu nem havia notado sua presença.

Levei um susto tão grande que me levantei apressada, mas meus pés falharam e acabei caindo do banco. Ao me apoiar no chão, senti uma leve dor e percebi um pequeno corte na minha mão.

— Ai — murmurei, sentindo a dor do arranhão. Ainda atordoada, olhei para ele. — Que susto você me deu! Como me achou aqui? — perguntei, ainda no chão, tentando recuperar o fôlego.

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⏰ Última atualização: Oct 22 ⏰

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