capítulo dez;

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O terror tomou a face do fotógrafo, os olhos arregalados e os lábios entreabertos, assustando Satoru que se preocupou. Com a voz trêmula, Suguru respondeu:

— C-certo. Me manda o endereço.

Desligou nem esperando que tivesse uma resposta. Ele levantou aflito colocando a mão na testa preocupado e começou a andar desesperadamente de um lado pro outro no cômodo, ao fundo como se estivesse abafado ele escutava a voz do Gojo que provavelmente estava questionando mas estava atônito demais para prestar atenção, só o fez quando Satoru segurou seu rosto entre as mãos e encarou seus olhos como de costume.

— Será que você pode me falar o que aconteceu?

— O Choso, a Yuki disse que ele... ele tá internado e parece grave.

A mesma expressão desenhou o rosto do platinado, ele encarava Suguru assustado e só despertou quando ouviu a voz do fotógrafo novamente.

— Ela vai mandar o endereço do hospital, vamos.

Naquele momento eles não estavam se importando com imprensa, carreira, ameaças, nem nada do tipo, eles só conseguiam pensar no amigo e no que poderia ter acontecido. Claro, Suguru não pôde deixar de imaginar que poderia ter sido obra do Gojo mais velho e talvez ele se sentisse um pouco culpado por isso, imaginando que suas palavras possam ter sido combustível para essa situação.

Foram no carro de Suguru e ele provavelmente levou algumas multas por excesso de velocidade, ao seu lado, Satoru tentava tranquilizar dizendo que ficar apavorado não resolveria mas parecia não estar surtindo efeito. Geto parecia focado demais na estrada, com o olhar ainda assustado e meio aéreo, Gojo tocou sua perna não de um jeito malicioso mas tentando passar algum tipo de conforto.

Eles chegaram ao hospital e imediatamente foram para a recepção, claro, Suguru atraiu alguns olhares mas não muitos porque não é como se as pessoas ali acompanhassem páginas de fofoca ou estivessem preocupados com a vida amorosa de uma celebridade, Satoru também estava com seu comum disfarce o que evitava alarmes maiores.

Como a senhora na recepção orientou, eles foram até o próximo andar onde, na sala de espera, puderam avistar Yuki e Yuuji, o último citado encarava fixamente um ponto aleatório e sua perna tremia sem parar, Satoru nunca havia visto ele dessa forma não condizia nada com o Yuuji de seu dia-a-dia, ele cumprimentou brevemente Yuki e se dirigiu ao garoto enquanto Suguru questionava sobre o real estado de Choso.

— O que aconteceu? — questionou nervoso.

— Até agora sabemos apenas que ele foi atropelado, não pegaram placa e pelo excesso de velocidade foi bem feio.

— E como ele tá agora?

— No momento que eu te liguei ele tava entrando na cirurgia, não sei quanto tempo vai levar.

Suguru suspirou apreensivo. Não disseram mais nada, ele apenas se sentou no sofá totalmente desfocado das coisas ao seu redor, a única coisa que poderia fazer era esperar, não?

Por outro lado, Satoru tentava confortar o garoto embora não estivesse funcionando, ele não respondia com clareza, na verdade, ele parecia não estar pensando com clareza. Satoru desistiu porque talvez só estressasse mais ele, se recostou no sofá onde passaria pelo menos três horas aguardando.

Nesse tempo Yuki tentou convencê-los a ir embora porque travalhavam no próximo dia mas nenhum deles conseguiria se quer descansar sabendo que Choso corre risco de vida em uma sala de cirurgia e Satoru havia dispensado Yuuji pelo restante da semana até que ele estivesse tranquilo para voltar as atividades normais.

Agora, Suguru mexia no celular preguiçosamente sem de fato prestar atenção no que fazia, estava completamente imerso na possibilidade de ter sido obra de Kentaro, em nenhum momento conseguiu parar de pensar nisso. Ao seu lado, recostado em seu peito, Satoru quase dormia com a cabeça curvada para frente o que provavelmente faria o pescoço doer mais tarde. Yuki conversava com alguma pessoa aleatória que simpatizou no ambiente e Itadori estava da mesma forma que antes, o máximo que fez foi levantar para beber água e retornar ao mesmo lugar.

mouth of the devil - satosuguOnde histórias criam vida. Descubra agora