capítulo nove;

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Quando Suguru chegou na empresa quis morrer com a quantidade de jornalistas na entrada, com a ajuda das gêmeas conseguiu se esgueirar sem ser percebido xingando todas as gerações daquelas pessoas. Ao adentrar o local sentiu como se estivesse nú com tantos olhares sobre si, ainda que Mimiko e Nanako pareciam querer defende-lo afrontando todos que encaravam demais, não era suficiente. Ele não baixou a cabeça em momento algum mas seu desconforto era nítido. Suspirou aliviado quando entrou no estúdio e mesmo que os olhares ainda estivessem sobre si, pelo menos haviam diminuído. Cumprimentou todos brevemente e seguiu sua rotina como de costume, ele não precisava se explicar e ainda que fizesse não iria adiantar até que o principal nome envolvido nisso fizesse alguma coisa.

Satoru não demorou a chegar, ele era acostumado com olhares, repórteres e pessoas incovenientes, seu nome também já havia sido envolvido muitas vezes em alguma polêmica semelhante, a questão é que anteriormente não havia provas concretas e não passavam de boatos baseados em breves interações, o que divergia completamente da situação atual onde ele e Suguru estavam juntos em todas as fotos, rindo ou perigosamente perto, o que serviu para ele perceber que talvez tenham desaprendido a ser discretos.

Quando entrou no estúdio a primeira pessoa quem buscou com o olhar foi Suguru, o encontrou mexendo em algumas coisas na mesa, deu uma rápida olhada em volta e automaticamente todos começaram a disfarçar, como se ele fosse idiota o suficiente para não perceber que, mais uma vez, estavam cuidando de sua vida.

O dia se estendeu da pior forma possível porque parece que estava tudo abalado, Suguru mal falou com ele a menos que fosse estritamente sobre trabalho e vez ou outra cochichos escoavam nos cantos do lugar. Mei-Mei parecia inexpressiva no seu canto mas ela prestava atenção em cada detalhe, desde como Suguru parecia inquieto ou como Mimiko quase arrumou briga com uma das responsáveis pelos figurinos que fazia perguntas incovenientes demais, ela também notou Satoru um pouco aéreo e talvez mais tarde questionasse a ele. A verdade é que nem ela aguentava essa situação, desde seu acidente, Satoru fez questão de tirá-la daquela casa e, por segurança, acabou se tornando sua assessora barra empresária, ainda que dissesse que não era necessário tanta preocupação. Provavelmente era ela quem teria que tomar frente da situação mas não antes de conversar devidamente com o irmão.

Satoru não demonstrava mas estava sentindo muitas coisas, medo, raiva, angústia, ele tentou ignorar essa situação mas era muito difícil quando ela estava bem na sua frente, sendo Suguru indiferente ou os malditos cochichos, ele não se importaria caso fosse outras circunstâncias mas a questão era que Suguru estava nitidamente afetado por isso e o pior é que, se ainda não chegou, em algum momento chegaria no conhecimento de seu pai, o que ele mais temia. Queria conversar devidamente com seu amado mas qualquer proximidade seria arriscada agora. Ambos estavam pensando a mesma coisa, Satoru achando que preservava Suguru tanto das pessoas quanto de seu pai e vice versa, uma leve falha de comunicação.

Como de costume, apelou para Yuuji, que de muita boa vontade foi conversar com Suguru, não foi uma conversa longa, ele só perguntou como o fotógrafo se sentia e ele respondeu com "estou bem" na maior simplicidade, o problema é que ele não parecia bem mas Itadori tinha medo de questionar mais e parecer chato então, cabisbaixo, ele repassou a mensagem ao Gojo que parecia igualmente preocupado.

Ele queria muito tirar a história a limpo, sem telefone, cara a cara mas não sabia se poderia chamar Suguru num canto ou talvez fosse pior ir até a casa dele, entretanto, foi pego de surpresa quando a razão de sua inquietação apareceu em seu campo de vista, aproveitando que estava sozinho. Satoru deveria se sentir aliviado mas ainda não conseguiu.

— Você vai fazer alguma coisa? — questionou baixo.

Por mais que naquele momento o estúdio estivesse com menos pessoas por ser quase fim de expediente, ainda haviam os fofoqueiros que não se seguraram em desviar suas atenções aos dois e isso só aumentava a raiva do fotógrafo que desistiu de qualquer conversa que pretendia ter.

mouth of the devil - satosuguOnde histórias criam vida. Descubra agora