capítulo cinco;

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gente me dediquei mt se tiver ruim eu choro pq eu não ironicamente comecei a pensar nessa história por essa parte

❗❗possiveis gatilhos: morte, violência (não tá bem detalhado

. . .

— Pai, eu poss-- — o garotinho foi interrompido.

— Não — uma resposta ríspida.

— Mas você não deixou eu terminar de falar — a criança disse fazendo beicinho.

— Eu não quero saber o que é, por isso, a resposta será não e pare de me atormentar, saia daqui — respondeu da maneira mais dolorosa possível.

O homem de prontidão na porta, Hikari, encarou com compaixão o garoto que saía cabisbaixo da sala, não era a primeira vez que presenciava algo assim e com certeza não seria a última.

A verdade é que boa parte dos funcionários daquela casa compartilhavam do mesmo sentimento: pena. Tanto pela esposa quanto as filhas e principalmente o jovem Satoru. A maneira como era tratado era desumana e, mesmo que a história não tivesse nada a ver com ele, era ele quem pagava o pato, assumindo culpas ou elas simplesmente sendo jogadas para ele.

— Você — o homem apontou para Hikari — escolte ele até o quarto e garanta que ele não vá sair de lá tão cedo.

— Mas, senhor...

— Você, por acaso, quer me questionar? — seu olhar era amedontrador.

— Já estou indo.

O homem subiu as escadas e dobrou o corredor que levava aos quartos, no meio dele, viu o garotinho sentado encostado em uma das portas brincando com os dedos das mãos.

— Por que eu não posso fazer nada? Não posso sair, não posso brincar, não posso ficar com minha mãe — a criança tinha a voz embargada.

Hikari permaneceu em silêncio, ele não tinha resposta para aquilo e ainda que tivesse ele não saberia como dizer sem magoar a criança ou comprometer seu trabalho e até a vida. Ele se sentou ao lado do garoto apoiando os braços no joelho, ficando assim por algum tempo, talvez Satoru só precisasse de companhia.

— O que você queria fazer?

— Alguns colegas marcaram de jogar bola hoje, eu queria ter ido, parecia legal — disse apoiando os cotovelos nas pernas e o rosto nas mãos.

O homem, por mais sério que parecesse, tinha o coração mole, algumas vezes cedia ao pequeno garoto fazendo algum tipo de jogo ou só escutando ele falar animadamente sobre algo que gostava como Digimon e robôs. Afinal, Satoru era apenas uma criança deixada de lado, ele sentia que precisava suprir essa carência.

— Você tem bola?

— Eu tinha mas meu pai furou ela e agora não tenho mais — suspirou.

— Pega lá, deve ter um jeito de arrumar.

O olhar do garoto ganhou um brilho especial e adorável, ele animadamente se levantou correndo até seu quarto fazendo uma enorme bagunça no cômodo enquanto procurava o brinquedo. Assim que a encontrou, correu de volta ao encontro do homem que o escoltou até a sala, averiguaram o ambiente e, felizmente, o Gojo mais velho não estava lá.

Partiram para os fundos da casa onde provavelmente havia algo que pudesse resolver seu problema e Hikari agradeceu aos céus quando achou um rolo de fita e uma bomba de ar. Foi rápido em recuperar o brinquedo do garoto devolvendo a alegria a ele, achou adorável a forma como ele pulava e agradecia repetidamente.

mouth of the devil - satosuguOnde histórias criam vida. Descubra agora