【Ⅴ】

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Timeline: Fuga impossível e Chafaland
Personagem: Cellbit e Roier.

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 Era um dia frio. A névoa encobria praticamente todo o céu e um pouco da cidade também. Mas esse tipo de tempo era normal em São Paulo. Não era como se fosse fazer um sol radiante as 4h da manhã também.
 Roier estava sem sono. Literalmente um estranho, não, um assassino, fugitivo e procurado, estava se hospedando em sua casa sem dar indícios de que sairia. No fundo... Roier não queria que o loiro saísse de sua casa. Ele poderia ser assustador, maluco, e tudo mais, mas Roier gostava dele. Ele tinha esse problema. Essa obsessão doentia por que se apaixonava, e aparentemente era pelos loucos. Ele não se importava com aquilo. Definitivamente o fato do cara que ele estava apaixonado ser um psicopata com um número de mortes vasto não afetava em nada. Cell seria seu. Ninguém poderia impedi-lo de fazer isso acontecer.

 Não sabia o que via naquele homem. Ele praticamente tinha quase matado ele ontem.  Mas talvez fosse pelos lindos olhos profundos e expressivos, o cabelo com um corte bonito e uma pequena mechinha branca e nem se fala de seu porte físico... Cell era o tipo de cara que você tinha que se manter longe. Mas Roier gostava do perigo, ele gostava de se aventurar, e também era meio obcecado. Ele também tinha seus problemas. De acordo com Cell, eles superariam isto juntos... 

 Perdidos em seus devaneios, não percebe a chegada do loiro. 

 — Eai. Bom dia flor do dia! Acordou cedo em. – Surpreende o mexicano com uma voz meio arranhada. Roier se vira para si.

 — ¡Que te passa culero! No me asuste así. No mames. – Começou a falar a língua nativa, que deixou o outro com dúvida do que havia falado. 

 — Fala português porra. –

 — No. Ahora tienes que aprender español.– 

 — Pelo que eu saiba eu 'tô no Brasil. –

 — ¡No mames! Ok... Eu vou parar. Mas é muito bom ver sua cara de interrogação. – Dizia enquanto soltava algumas risadas

 — 'Cê quer um cigarro? – Cell mostra o maço com apenas dois cigarros, dentro, ainda tinha um isqueiro.  Ele leva em direção à Roier, que aceita, pegando um cigarro e o isqueiro. 

Roier coloca um cigarro nos lábios, Cell coloca conjuntamente, eles juntam seus cigarros, com a parte da nicotina junta. Roier acende o isqueiro, levando até a ponta dos cigarros e acendendo ambos ao mesmo tempo. 

 — Valeu, guapito... – Cell se ajeita a seu lado olhando no fundo dos olhos castanhos

 — De nada, gatinho... – Corresponde ao homem, olhando em seus olhos, conjuntamente. 

Estavam apaixonados, só ainda não sabiam disso.

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Algumas semanas haviam se passado desde a chegada do loiro na humilde residência do mexicano. As coisas estavam diferentes, estranhamente mais... alegres... As palavras eram mais doces, a vida era mais leve, os dias passavam mais rápido, o gosto da comida tinha mais sabor e a vista era mais colorida. Tudo era tão especial e único... Era como um sonho. Mas sonhos não são perfeitos quando se tratam de sonhos de um prisioneiro fugitivo e um obcecado assassino.
Eles estavam se conhecendo, e de acordo com a intimidade crescendo, mais Roier necessitava da presença do brasileiro, e quanto mais tempo passava, Cell sentia seu peito arder mais e mais pelo mexicano.
A verdade, era que Cell nunca sentiu o que era amor, a sensação de saber que alguém zela e torce por você de uma forma romântica, que se apaixona a cada dia e que simplesmente te ama. Amar era uma palavra complicada. Afinal de contas, o que era amar?
Para Roier, o amor era algo intenso e fervoroso, o amor era sobre pertenecer exclusivamente ao outro, a se entregar, a amar infinitamente, a zelar pela paz do outro, a mudar sua vida pelo outro, a matar e morrer pelo outro. Era sentir, era o prazer, era a possessão. Amor era sobre pertenecer.
Para Cell, era confuso, superestimado, bobo, desnecessário e estranho. Ele ficou tanto tempo algemado a uma realidade, que queria viver agora. O homem só havia sentido um amor em sua vida, o familiar, o de sua querida e inesquecível irmã, que infelizmente ele teve de esquecer para sobreviver. Ele queria conhecer o amor, mas nunca teve a oportunidade de toca-lo. Afinal de contas, o amor é apenas um sentimento abstrato que as pessoas pensam que existe. Ele queria acreditar que podia ser amado, mas nunca nem sequer pensou na possibilidade de alguém querer ama-lo.

GATINHO COMUNISTAOnde histórias criam vida. Descubra agora