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Timeline: 1 mês antes da ilha

Personagem: Ambos

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Depois da estranha situação e da mudança repentina de humor do namorado, Roier tenta deixar de lado o surto de Cell. Ele estava passando por uma fase em que seus traumas estavam a flor da pele, era normal que expressasse pensamentos fora da realidade. Chegando a hora de dormir, Roier se deita na cama dos dois, ele observa Cell aí da agitado. O brasileiro lia e relia a carta, via as passagens de trem e parecia fazer um cálculo mental muito extenso. Roier se levanta da cama indo em direção ao loiro, esse que nem nota sua presença.
— Gatinho... Já tá tarde. Vamos, vem comigo, vamos ir para a cama. – Tentava convencer  o namorado com uma voz calma. Ele se inclinou e passou os braços pelos ombros do brasileiro.

— Não posso guapito. Tenho que trabalhar. Eu tenho que resolver isso. Essa tal federação deve ter as respostas para... Tudo. – Tentou contrariar sem nem sequer olhar para Roier. Continuou sentado em seu lugar, olhando os documento de sua investigação.

— A vamos gatinho! Por favor... Eu não quero ficar sozinho... – Se Cell não respondeu nos argumentos, ele não resistiria a seu namorado apelando na forma romântica.

— Só mais meia hora e prometo que vou dormir. – Estava quase se entregando, mas Roier não facilitaria até conseguir o que queria.

— Vai se recusar a ficar comigo? – Os carinhos aumentavam, mais beijinhos eram espalhados por sua bochecha e pescoço. Ok. Ele ganhou.

— Tá bom... Eu desisto. – Cell diz logo se levantando. Roier continua com os braços apoiados em seus ombros, mas diferente da primeira vez, teria de fazer um esforço para contar com eles ali.

— Sabia que não ia resistir. – Beijou seus lábios, um selinho rápido. Cell passou suas mãos pela cintura do mexicano, começando um beijo prolongado.

Não ia mentir, estava com saudades disso, do calor dos corpos próximos, do sabor dos lábios de Roier, do carinho enquanto se beijavam, era uma experiência calmante e muito boa. Os braços de Roier o davam conforto.

— Vem, vamos pra cama. Você precisa dormir. – Roier se desfaz do beijo pegando as mãos do brasileiro e o levando até a cama.

Eles se deitam e ficam agarradinhos, pelo cansaço, Roier dorme primeiro. Já Cell, Cell se forçaria a dormir, até por que, dessa vez queria presenciar seus sonhos. Ele queria ver seu passado.

 O sono era algo inconcebível aquela noite. Ele se virava e revirava na cama, fechava os olhos com força na tentativa de não enxergar mais nada ao seu redor. Mas as vozes não paravam, as ideias não paravam, os pensamentos não paravam. Era como se sussurros o atormentassem e o corroessem. Ele não entendia o que eles queriam dizer, eram frases perdidas e confusas. Ele tremia e se contorcia, por que todo esse arrepio? O que estav acontecendo? Aquela carta, os bilhetes de passagem... Quem assina uma carta com um sorrisinho? " :) ". A federação. Era um nome engraçado.  Era como um assobio, uma cantiga passada. Ele já havia ouvido esse nome em algum lugar, mas sua memória parecia estar bloqueada. Ele tentava lembrar, e a cada esforço que fazia para o nome surgir como um raio do luz em seus pensamentos tortuosos,  sua mente se cansava ainda mais. Depois de quase três horas pensando sem para e se remoendo com ideias abstratas, ele dorme. Um sono conturbado, mas pelo menos ele estava em paz. 

" Ele corria desesperado. Corria pela sua vida. As folhas balançavam com o vento que sua velocidade produzia. Ele estava incapacitado de parar, suas pernas não correspondiam mais a seus comandos, elas só trabalhavam por puro medo e adrenalina. Seu instinto de sobrevivência gritava, implorando para correr mais rápido. Seus ossos doíam e sua mente estava atordoada.  Não olhe para trás. Não olhe para trás. Não olhe para trás. Era tudo que podia ocupar sua mente. Corria em direção a qualquer lugar, não se importava se estava longe de casa ou perto. Ele precisava sobreviver. 

GATINHO COMUNISTAOnde histórias criam vida. Descubra agora