Doze: Décimo dia

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Eles eram inseparáveis. Heeseung e Sunoo, Sunoo e Heeseung. Ficou sabendo que onde quer que um fosse, o outro o seguiria.

Foi Sunoo quem o abordou primeiro. Era um dia antes do primeiro dia de aula, e as crianças chutavam bolas de futebol para lá e para cá do outro lado da rua e imploravam às mães que lhes poupassem um centavo para comprar um doce. Eles estavam saboreando o último dia de verão, um dia de mãos pegajosas de picolés derretidos e tênis surrados que logo teriam de ser jogados fora.

Sunoo observou as outras crianças brincarem. Ele não tinha interesse neles.

Ele caminhou até o meio-fio onde o caminhão de sorvete estava estacionado, com o bolso cheio de moedas tilintando no bolso. Ao contornar o caminhão até a janela, ele avistou um menino sentado sozinho na calçada, olhando com saudade para o cardápio colorido. Sunoo se virou.

“Cone de chocolate com menta, por favor”, disse ele educadamente, oferecendo suas moedas. Depois que ele recebeu seu sorvete e recebeu o troco, ele viu que só tinha dinheiro suficiente para outro.

“Você gosta de hortelã?” Sunoo estava de pé ao lado do garoto na calçada, uma mão estendida na frente dele. O menino olhou para ele com os olhos arregalados e depois desviou o olhar para o sorvete que derretia rapidamente. Uma gota escorreu pela mão de Sunoo e caiu no chão entre eles. Ambos os olhos seguiram.

“Obrigado”, ele disse calmamente, aceitando a oferta. Sunoo sorriu triunfante quando o menino começou a comer.

Foi o último dia de verão. Sunoo não tinha interesse nas outras crianças e em seus jogos exaustivos e vozes altas. Ele sentou-se ao lado daquele menino doce e quieto que parecia gostar de hortelã tanto quanto ele. Juntos, eles tomaram sorvete enquanto trocavam olhares furtivos, imaginando se seu pequeno encontro casual levaria a algo mais.

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Sunoo se mexeu desconfortavelmente de onde estava deitado no chão, a grama recém-aparada atingindo suas costas como um milhão de pequenas lâminas. À sua frente, parecia que Jay e Jungwon estavam alimentando um ao outro com uvas, ou alguma demonstração igualmente revoltante de afeto de casal.

Heeseung estava sentado ao lado dele, rígido e desajeitado. Não era exatamente a ideia de Sunoo de um piquenique agradável, nem remotamente se assemelhava a um encontro romântico duplo.

Ao som de uma risada desenfreada, Sunoo finalmente perdeu o controle. Ele se levantou e retrucou: “Vocês dois podem se amar um pouco mais silenciosamente?”

A boca de Jay ficou aberta enquanto Jungwon apenas revirou os olhos para ele.

"Vocês dois podem se amar um pouco mais alto?" ele respondeu. “O silêncio é ensurdecedor.”

Sunoo sentiu um puxão na manga. Ele relutantemente se virou para Heeseung, que estava olhando para ele com uma expressão ilegível.

“Vamos dar um passeio”, disse ele. Ele se levantou antes de oferecer a mão para Sunoo, que aceitou hesitantemente. Com grande hesitação, Sunoo deixou Jay e Jungwon sob a segurança da sombra da árvore e seguiu Heeseung para passear pelo perímetro do parque.

Eles caminharam em silêncio por alguns minutos. Cada segundo que passava era pura tortura, e Sunoo não sabia por que eles não poderiam simplesmente ter ficado onde estavam se iriam ignorar um ao outro de qualquer maneira. Então, Heeseung falou.

“Sinto muito”, disse ele.

Sunoo parou surpreso. "Pelo o que?" ele perguntou, genuinamente não tendo ideia do que estava falando.

Heeseung estava olhando para seus pés, parecendo mais inseguro do que Sunoo jamais o vira. Seus óculos começaram a escorregar pela ponta do nariz e Sunoo estendeu a mão para empurrá-los de volta para cima sem pensar.

Heeseung se assustou com o toque, finalmente encontrando seus olhos. “Sinto muito que nos separamos. Me desculpe por te ignorar por tanto tempo. Lamento que tenhamos desperdiçado todos esses anos.”

O coração de Sunoo bateu forte. Ele cerra os punhos, sentindo seu pulso pulsar até a ponta dos dedos. "O que você está dizendo?"

“Estou dizendo que quero começar de novo”, disse Heeseung, sua voz crescendo em confiança. “O que quer que você… sinta por mim, quero limpar a lousa e começar de novo com você.”

Ele ainda parecia inseguro, como se esperasse que Sunoo risse na cara dele e fosse embora. Mas Sunoo não iria seguir esse caminho novamente.

“Ok,” ele disse lentamente. “Vamos fazer isso então.”

Ele viu a tensão diminuir visivelmente nos ombros de Heeseung e um largo sorriso se espalhou por seu rosto. Ele abriu a boca para dizer alguma coisa, depois fez uma pausa e inclinou a cabeça. O som familiar de uma pequena melodia flutuou em direção a eles, quando o caminhão de sorvete parou na beira da estrada perto do parque.

Sunoo olhou para ele com saudade. Ele não tinha dinheiro com ele.

Ele sentiu um tapinha na cabeça e olhou para cima para ver Heeseung lançando-lhe um olhar astuto.

“Entendi, Girassol”, disse ele calorosamente. “Dois chocolates de menta?”

As bochechas de Sunoo esquentaram. “Achei que você mentiu sobre gostar de hortelã”, ele murmurou.

Heeseung balançou a cabeça, já andando até a caminhonete enquanto procurava notas soltas nos bolsos. Sunoo seguiu atrás, sentindo-se atordoado depois de toda a conversa.

“Estou aprendendo a gostar..”

[✓] 𝐓𝐑𝐈𝐍𝐓𝐀 𝐃𝐈𝐀𝐒 [ᴴᴱᴱˢᵁᴺ]Onde histórias criam vida. Descubra agora