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CALIOPE
— segura isso daí direito! — leoni pedia a haylee, aflita.
o sol estava tão quente que eu sentia que podia derreter a qualquer momento, assim como o bolo que estava preocupando tanto nossas mães.
— calma, leoni, o bolo ficou a noite toda no freezer, não vai cair. haylee, amor, não inclina assim.
as duas estavam muito aflitas já que nada podia dar errado naquele casamento. a começar pelo principal: a noiva, que já estava surtando pela demora dos doces. mas não era culpa nossa que o trânsito até a fazenda - local da cerimônia- estivesse enorme. nunca está, apenas hoje aparentemente.
— gente, tá tudo certo agora, estamos aqui, não estamos? vão avisar a noiva e a cerimonialista, eu e caliope cuidamos de tudo aqui.
a calma de haylee para resolver as coisas sempre me admirou, sendo tão diferente de mim, que me desespero se algo sair do planejado.
mas por um bem maior, era melhor que eu fingisse não estar assim devido aos acontecimentos.
— é verdade. vão, relaxem, a gente ajeita.
— nós vamos confiar isso a vocês, mas por favor tomem cuidado! — minha mãe implora, juntando as mãos e fazendo biquinho.
eu e haylee damos risada do desespero das duas, mas não na maldade, apenas porque as coisas não tinham dado tão errado assim. entendo o lado delas também, afinal, quando algum quadro meu está sob risco de estragar mesmo que seja um pequeno detalhe, eu já dou uma surtada.
— vão logo! — hay manda, sorrindo.
— tá bom, tá bom. — sua mãe responde, já se afastando.
em poucos segundos as duas somem das nossas vistas, indo em direção ao casarão onde a noiva estava.
— não queria dizer nada para não as assustar, mas também estou com medo de esses doces irem para o saco. — digo para haylee, fazendo uma careta em seguida, demonstrando meu receio.
— calma, cal! as coisas só dão errado quando dão errado. não dá para saber antes, se lembra? — dou risada assentindo.
isso era uma coisa que ela sempre me dizia, desde pequenas. me lembro vagamente da primeira vez que a mine hay tirou isso de sua mente brilhante: a gente tava brincando no jardim da casa dela, e eu acabei cavando demais na terra e encontrando uma das raizes da leoni. fiquei morrendo de medo de a mãe dela me xingar, mesmo sabendo que ela é uma das pessoas mais tranquilas que eu conheço. e então, no auge do meu desespero, ela soltou essa pérola, que acabou pegando tanto que continuou me dizendo isso anos depois. fazia muito tempo que não a ouvia dizer isso pra mim, e bem que precisei várias vezes.
— é claro que me lembro, aliás, estou sempre me lembrando de você, hay. — admito, e estaria mentindo se disser que deixei escapar. eu disse porque é verdade, e porque após vê-la sendo vulnerável perante a mim, percebi que é inútil não me abrir, nem que seja um pouco e aos poucos. preciso que ela saiba que eu me importo e que quero sua amizade de volta.
sobre o sentimento de desejo que cresce em mim a cada segundo ao seu lado, eu ainda estou meio receosa em explorar. é difícil para mim me deixar pensar sobre o assunto porque é muito novo, afinal, nunca me senti assim por uma garota e se for bem sincera, nunca senti isso por ninguém, mesmo que esse sentimento parece existir há algum tempo, só agora estou realmente o reconhecendo. e é confuso, tanto para explicar para mim mesma, quanto para entender e me permitir senti-lo.
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o passado de presente.
Romance♐︎ o passado de presente. || romance sáfico! elas foram separadas por questões mal resolvidas no passado, e desde então, uma relação de rivalidade nasceu. mas será que isso será suficiente para mantê-las longe uma da outra por mais tempo? acho imp...