Capítulo 4

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Shikamaru


Soltei a mochila que havia decidido trazer assim que tive o vislumbre do deserto de areia.

Não demorei muito a escolher, apesar dos puxões e itens a mais colocados pela minha mãe - itens esses que havia posto escondido, e que apenas uma vila de distância e uma mochila pesada demais haviam-me feito perceber que não tinham apenas três peças de roupa, itens de higiene, kunais e dinheiro. Dona Yoshino havia conseguido, de algum modo desafiando as leis do espaço, me obrigar a levar três bolinhos de arroz em tamanho médio, cinco bombinhas de energia vendidas no hospital de Konoha, sete papéis bomba e três pergaminhos com jutsus secretos do clã Nara. Se ela não fosse punida pelo último, eu seria.

A muralha possuía alguns guardas, menos do que da última vez, e para minha surpresa, a maioria estava camuflado. Suna e seus subordinados possuíam certa arrogância, prévia ao mandato de Gaara que alguns dos guardas ainda seguiam: mostre sua força de imediato. Era, ao meu ver, um jeito prepotente de mostrar-se um alvo fácil. Um movimento sutil à minha esquerda fez-me virar rapidamente. Uma mulher alta, por volta dos 190cm e mãos bronzeadas pelo sol encarou-me. Estava com o rosto coberto e a armadura padrão de Suna, apenas seus olhos escarlates eram visíveis, como uma hipnose. Eu nunca a havia visto. Para minha surpresa, seu corpo abaixou-se em uma reverência respeitosa.

- Senhor Nara Shikamaru. - ela voltou a erguer-se, a mão direita sob o peito enquanto falava. - Kazue, guarda primária do Kazekage-sama. Acompanhe-me.

[...]

Temari aguardava-me na entrada do castelo, em suas mãos não havia nada além de uma pequena e humilde trouxa, possivelmente algumas roupas caberiam ali, mas nada mais.

- Onde estão suas coisas? - indaguei. Alguns guardas me olharam feio pelo modo direto com que falei, um até mesmo virou o rosto frustrado. Realmente devo tomar cuidado andando sozinho por aqui. Kazue pareceu ter notado, e os encarou transmitindo sua repreensão através de seus olhos pequenos. A tensão entre os guardas aumentou.

- Lá em cima. Eu precisava ter certeza do nosso modo de viagem antes de... Bem, carregar tudo. - ela disse aproximando-se de mim com intimidade, ela sabia que eu estava extremamente nervoso. Mulher difícil como era. - Ouvi dizer que o chamam de gênio, é isso mesmo?

Revirei os olhos em um gesto automático. Guerras viriam, oceanos virariam desertos e desertos virariam icebergs, mas Temari nunca deixaria de me provocar. Eu sorri com o pensamento, e ela ergueu uma sobrancelha, desafiando-me.

- Algo do tipo... Acredito que ter você foi uma das mais desafiadoras estratégias. - falei para que apenas ela escutasse, olhando para o céu e de volta para ela com desdém. Aquilo decerto a tiraria dos eixos, uma explosão de raiva e...

Ela sorriu de esguio e virou-se aos demais guardas.

- Precisamos reaver com Gaara a logística das minhas malas. Onde estão as suas?

Apontei para minha modesta, porém cheia mochila.

- Oh. - apenas. O desapontamento inundava-me aos poucos quando Kazue dirigiu-se a Temari, uma reverência ainda mais exagerada, ao meu ver, que a minha, pedindo permissão para guiar-me a Gaara. - Todo seu, Kazue-san.

Pelo olhar divertido que ela me deu, aquilo seria... Um saco.

[...]

O impecável escritório do líder da Vila permaneceu em seu estado de inércia, uma pintura ao meu ver, depois de tantas vezes o visitando sem uma mudança sequer, nem mesmo detrimentais. Não havia poeira ou bagunça, apenas o cenário perfeito da sala de uma figura importante.

Secrecy (Shikatema)Onde histórias criam vida. Descubra agora