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     Eu caminhava com uma calma incrível para casa. Me arrependia, de todas as formas, de todos os jeitos, de ter vindo aqui hoje.

    Não sabia o que pensar de mim mesmo. Me sentia um idiota, e só de lembrar como a segundos atrás estava praticamente implorando para Robin me beijar novamente era louco demais.

     Cocei meu cabelo como um hábito, estressado pela situação mais do que poderia descrever. Finny era hetero, disso ele tinha certeza, mas foi seu primeiro beijo e seu corpo apenas reagiu como a qualquer adolescente normal. Não tinha como julgar seu corpo por reagir aquilo, e pelo menos entendia completamente por que as garotas sempre se jogavam absurdamente e loucamente para Robin. Isso não o tornava  menos hetero, só era uma experiência...e seria uma ótima treinar com alguém tão experiente para depois colocar em prática com outras pessoas...não é?

    Balancei a cabeça como se isso fosse me ajudar a afastar meus pensamentos idiotas. Caminhei até em casa, chegando rápido já que a casa de Vance e a casa  de Bruce eram lado a lado e o caminho não era nenhum pouco confuso. Fiquei surpreso ao descobrir que as casas eram lado a lado, provavelmente por isso eles começaram a andar juntos.

      Entrei em casa, olhando para as garrafas acumuladas perto da porta e soltando um certo gemido de pânico. Ele estava em casa.

    Andei em passos lentos e sem fazer barulho, tentei meu máximo, mas logo ele passou pela cozinha me avistando.

    Seus olhar passou pelo meu corpo, depois para o meu rosto. Um sorriso sínico em seus lábios e um olhar de desgosto que eu presenciava quase sempre.

- Oi pai.

   Ele balançou a cabeça para Finny, e o garoto agradeceu mentalmente por não receber os gritos cotidianos. Finny já tinha passado por isso vezes o bastante para saber que não tinha escapatória se seu pai  começasse a gritar, pois logo depois dos gritos vinham as agressões,e, ah, aquilo sim  Doía.

- Limpa essa merda de casa antes que eu me estresse.
    Ele disse simplista, olhando para a casa suja e parecendo praguejar Finny.

     Ele apanhou uma jaqueta de couro ao lado da cadeira, enquanto eu observava calado de cabeça baixa, numa expectativa de não ser notado.

- Sim, pai.

    Seu pai saiu, batendo a porta com força, e finalmente senti que podia respirar direito.

    Seu pai era... complicado. Quase nunca estava presente, e Finny agradecia muito por isso. Seu pai quase nunca tinha tempo. Ele trabalha quando podia, como se um simples contato com os filhos pudesse mata-lo. Tudo começou quando a mãe deles  morreu, e isso pareceu afeta-lo de um jeito que aparentemente os filhos nunca entenderiam. As bebidas começaram, e, logo depois, as agressões. Finny já tinha se acostumado com as surras sem motivo evidente, seja por um prato sujo ou uma garrafa mal organizada, mas, nunca deixou que ele sequer pensasse em tocar em sua irmã. Finny era o alvo, e ambos já pareciam ter entediado isso. Ele trabalhava das sete as sete, e o restante de seu tempo livre passava em prostíbulos, apenas deixando uma quantidade boa em sua percepção para alimentar os filhos. Alguns diziam que Finny tinha sorte por ter um pai responsável, mas ninguém sabia essa parte da história.

    Finny agradecia por pelo menos ele pagar as contas e ainda deixar dinheiro para eles conseguirem se manter.

    Olhei para trás analisando se ele realmente tinha saído, e mostrei o dedo do meio para a porta em algum tipo de alívio interno.

    Suspirei, observando a casa enquanto colocava as mãos na cintura. Eu teria um grande trabalho pela frente.

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O telefone preto ( Rinney ) +18 Onde histórias criam vida. Descubra agora