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Num quarto austero do Vale, Rhea Royce, uma Lady digna, enfrentava as dores do parto enquanto o príncipe Daemon Targaryen permanecia em Porto Real, renegando a existência da filha que ela trazia ao mundo.

O eco de sua rejeição reverberava enquanto a mulher corajosa enfrentava o desafio da maternidade sozinha. A solidão no Vale tornava-se mais intensa à medida que a esposa, aliviada mas também desgostosa com a ausência do príncipe, buscava forças para dar à luz a uma criança que já nascia envolta em sombras de desaprovação paterna.

O suor escorria pelo seu rosto tenso enquanto ela se agarrava às bordas da cama, lutando contra a dor lancinante que a consumia. Cada contração era como uma onda que a arrastava para um abismo de agonia, mas ela se recusava a ceder.

A parteira, uma figura enrugada e sábia, permanecia ao seu lado, oferecendo palavras de encorajamento e conforto. Com mãos habilidosas e experientes, ela guiava o processo, ajudando a mulher a encontrar a força necessária para trazer seu filho ao mundo.

Enquanto a Lady lutava no interior do quarto, uma tempestade feroz rugia lá fora. O vento uivava, sacudindo as janelas com força e fazendo as árvores se curvarem em reverência ao seu poder. A chuva batia com violência nas paredes de pedra do castelo, como se tentasse penetrar na casa e testemunhar o nascimento que acontecia dentro.

Rhea se contorcia na cama, sua respiração ofegante cortando o ar tenso do quarto. Cada contração era como uma lâmina afiada perfurando seu ventre, arrancando gritos de agonia de sua garganta.

— Merda! — ela rosnou entre dentes cerrados, suas mãos agarrando os lençóis com tanta força que seus nós dos dedos empalideciam. — Por que diabos eu concordei com isso?

A parteira, imperturbável, continuava seu trabalho com uma calma que beirava o divino.

—Você está fazendo um ótimo trabalho. — ela disse suavemente, suas mãos hábeis navegando pelo abismo da dor. — O bebê está quase aqui.

A Royce soltou um gemido gutural, sua mente uma névoa de dor e exaustão. — Eu te odeio...—  ela murmurou para a parteira, suas palavras carregadas de um ressentimento nascido da agonia. — Eu te odeio tanto.

A parteira apenas sorriu, seu rosto iluminado pela luz fraca da vela.

— Eu sei. — ela respondeu serenamente. Ela sabia que em parte aquela declaração de ódio não era designada totalmente a si. — Mas você vai me agradecer quando tudo isso acabar.

Rhea maldizia entre os dentes a cada onda de dor que a atingia, sua voz misturando-se com os rugidos da tempestade lá fora.

— Maldito seja aquele desgraçado! — ela gritou, seus olhos faiscando de raiva enquanto ela agarrava os lençóis com força suficiente para arrancá-los da cama.

A parteira continuava seu trabalho incansável, ignorando os insultos que voavam em sua direção. — Você está quase lá. — ela repetia, sua voz um farol de calma na tempestade de agonia.

Mas a Royce não queria ouvir palavras de conforto. Ela queria apenas que a dor acabasse, que o tormento terminasse. Ela xingava o marido por tê-la deixado naquela situação, por ser tão covarde a ponto de fugir de suas responsabilidades.

— Se eu pudesse, eu o mataria! — ela rosnou, suas mãos tremendo de fúria. Ela agarrou um vaso de flores que estava ao seu alcance e atirou-o com força contra a parede, ouvindo o som satisfatório do vidro se estilhaçando em mil pedaços.

A parteira apenas observou, sua expressão serena inabalada pelos desvarios da mulher. Ela sabia que tudo aquilo fazia parte do processo, que a dor do parto podia trazer à tona os sentimentos mais obscuros e intensos.

 ༒𝐈𝐌𝐏É𝐑𝐈𝐎༒ - ℜ𝔥𝔞𝔢𝔩𝔩𝔞 𝔗𝔞𝔯𝔤𝔞𝔯𝔶𝔢𝔫Onde histórias criam vida. Descubra agora