À medida que a noite se instalava sobre o vasto campo, a temperatura começava a despencar, proporcionando um contraste surpreendente com o calor abrasador que dominava o dia. As tendas dos dothrakis se erguiam como sombras escuras contra o céu estrelado, de onde soprava uma brisa fria que arrepiava a pele. O solo seco e arenoso rangia sob os passos dos guerreiros, e o cheiro de fogo e couro permeava o ar.
O acampamento estava em constante atividade. Homens fortes, com rostos endurecidos pela batalha, afiavam suas armas com precisão e concentração, as faíscas dançando como pequenos cometas na escuridão. Crianças corriam em meio às tendas, suas risadas contrastando com a tensão palpável que pairava no ar. Mulheres estavam reunidas em pequenos grupos, algumas conversando em tons baixos, outras treinando com arcos e flechas, seus rostos determinados e focados.
A luz das fogueiras iluminava os rostos dos homens que bebiam, suas vozes se erguiam em canções de guerra e camaradagem. Com suas longas tranças ornamentadas, pareciam ferozes e prontos para a batalha que se aproximava. O brilho da armadura e das armas refletia a luz das chamas, criando um espetáculo de sombras dançantes e reflexos cintilantes.
Rhaella estava parada na entrada de sua tenda, segurando um copo vazio em suas mãos, perdido no passado. O vento frio da noite soprava suavemente, fazendo com que seu cabelo curto, que agora mal tocava suas orelhas, batesse contra seu rosto, uma sensação quase reconfortante em meio ao tumulto de seus pensamentos. Enquanto observava o movimento do acampamento, a dúvida pesava em sua mente. Ela se perguntava, com uma intensidade crescente, se tudo aquilo iria realmente valer a pena.
Ela sabia que, quando o sol finalmente se erguesse sobre as montanhas distantes e seu khalasar começasse a marchar em direção à guerra, muitos dos que agora compartilhavam o calor das fogueiras não voltariam. Esposas perderiam seus maridos, filhos ficariam sem seus pais, irmãos seriam separados pela espada, e famílias inteiras seriam dilaceradas pela fúria do conflito. O pensamento de Baelor, seu filho, crescer sem sua mãe era o que mais a aterrorizava. A ideia de deixá-lo desamparado, sozinho no mundo, era um peso quase insuportável em seu coração.
Mas enquanto o vento continuava a sussurrar através do acampamento, trazendo consigo os ecos de risadas infantis e o som metálico de armas sendo preparadas, Rhaella se lembrou do motivo que a havia levado até ali. Ela viu em sua mente as imagens daquela casa sombria, onde havia testemunhado as atrocidades cometidas contra crianças indefesas. O garoto amarrado na cadeira, a dor e o terror em seus olhos quando uma menina foi levada até ele... essas memórias eram como brasas ardentes em sua alma. A raiva que ela sentiu ao ver aquilo quase a levou a matar Rans ali mesmo. Ela se lembrou de como puxou sua adaga e enfrentou aquele homem repugnante diante de todos, quase perdendo sua própria vida quando um soldado ergueu sua espada contra ela.
Por essas crianças, ela havia declarado guerra. Era por aqueles que não tinham voz, por aqueles que sofreram em silêncio, que ela se colocava naquela posição. O medo de perder tudo era real, mas a causa pela qual lutava era maior que seu próprio temor. Pensando nisso, um sorriso lento e determinado apareceu em seu rosto. Ela sabia que não estava sozinha. Seu khalasar, forte e leal, estava com ela. Juntos, eles enfrentariam o que viesse, e por um breve momento, em meio à escuridão e ao frio, Rhaella encontrou uma centelha de esperança e coragem que a fez acreditar que talvez, apenas talvez, tudo aquilo realmente valeria a pena.
Absorta em seus pensamentos, nem percebeu quando Arstan se aproximou. Ele sentou-se ao seu lado, rompendo o silêncio com uma risada leve.
— Quem diria, hein? — ele comentou, o tom descontraído contrastando com a tensão que pairava no ar.
Rhaella se virou para ele e, apesar da melancolia que a envolvia, conseguiu forçar um sorriso. Apenas três dias antes, quando ela jurou guerra a Lhazar, voltou ao acampamento com lágrimas de fúria nos olhos. Arstan foi o primeiro a acolhê-la com um abraço, sem questionar, e o primeiro a apoiar sua decisão. Às vezes, ela se sentia indigna de ter um amigo tão leal e compreensivo ao seu lado.
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༒𝐈𝐌𝐏É𝐑𝐈𝐎༒ - ℜ𝔥𝔞𝔢𝔩𝔩𝔞 𝔗𝔞𝔯𝔤𝔞𝔯𝔶𝔢𝔫
FantasyRhaella Targaryen, repelida por seu pai, Daemon Targaryen, abandona o Vale decidida a forjar seu próprio destino. Em Essos, ela embarca em uma jornada épica em busca de glória, determinada a honrar sua mãe, Rhea Royce, e os leais vassalos deixados p...