Capítulo 20 - O início do fim.

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Diante do fundo coração e da força da pedra, nós dois nos unimos.
Eu, que sou do sangue antigo, das sombras da árvore e do canto dos rios, Uno-me a ti, que és da carne que luta, do ferro que canta e do fogo que protege. Sob os olhos das folhas que veem e das montanhas que escutam. Prometemos caminhar como dois troncos de uma árvore antiga, distintos, mas entrelaçados. Se a terra abrir caminho, juntos seguiremos. Se o gelo cair, juntos suportaremos. Se o fogo for aceso, juntos arderemos. Nossa promessa é feita em silêncio e grito, em folha e espada. Até que o mundo mude e o tempo consuma o último de nossos nomes.

Ao redor, figuras envoltas em peles e folhas se mantinham na escuridão, olhos brilhando sob o reflexo das poucas tochas acesas, o fogo oscilando como se temesse a escuridão ao redor.

No centro do círculo de árvores, uma mulher estava de pé. Seus pés descalços tocavam a terra fria. Ela usava um manto simples, preso aos ombros com ramos entrelaçados. O homem ao lado dela, mais alto e de ombros largos, vestia couro e metal. O brilho opaco de um punhal pendurado em sua cintura refletia o fogo dançante.

Ela começou a falar, sua voz baixa e forte o suficiente para ser ouvida, mas sem pressa. Suas palavras eram antigas, carregadas de significado, e seguiam o ritmo das folhas que sussurravam ao vento. Ela pronunciou o mantra, as palavras fluindo como um rio lento.

Diante do coração da floresta e da força da pedra, nós dois nos unimos...

O homem não respondeu. Ele se manteve firme, seus olhos fixos nos dela, como se tentasse entender o que ela dizia, como se estivesse aprendendo. A luz das tochas criava sombras profundas em seu rosto. Ao redor, os observadores permaneceram em silêncio.

Quando a última palavra do mantra foi dita, ela parou. Seus olhos escuros varreram o círculo que os cercava. Havia algo de novo ali, algo que ninguém naquele círculo havia visto antes, mas ninguém ousava falar.

Ela ergueu a cabeça, o olhar direto e calmo. Uma respiração curta se fez ouvir, como um vento distante entre as árvores. E então, com um tom que parecia vir das raízes profundas da floresta, ela pronunciou.

Nai vael faiya zolor.

Por um momento, o vento pareceu parar. As tochas não se moveram. Apenas o som das palavras parecia se expandir, reverberando nas árvores, como se até as folhas o escutassem e gravassem. Ao redor, olhares se cruzaram; alguns semblantes mostravam aprovação, outros apenas dúvida. Ninguém sabia o que aquelas palavras realmente significavam além dos filhos, o significado parecia tão antigo quanto o solo sob seus pés.

O silêncio voltou, tão espesso quanto a escuridão entre as árvores. Ela e o homem ficaram ali, lado a lado, no mesmo espaço, mas separados pelo peso do que havia sido dito, enquanto a noite continuava a avançar.

Nai vael faiya zolor

Nai vael faiya zolor

Nai vael faiya zolor

— Nai vael faiya zolor...

De repente o clima esfriou, e um zumbido começou ao longe. A sensação de pressão aumentou, e de repente, já não existia mais floresta, agora era água. A mais pura água, arrodeada da mais densa escuridão.

E então, uma luz brilhou, e outra, e mais outra, e logo eram seis. Uma sensação de sufoco lhe apossou. Em seu ser sentia falta de algo, o que era? a sensação do vento batendo em seu rosto ainda era recente, mas de onde vinha?

Moveu suas mãos e viu ali anéis do mais puro aço valíriano, logo saudades lhe apossou por completo. E ali, escondido e apagado na escuridão, sem brilho algum, um anel de bronze pousava.

Desde quando uso isso? se perguntou.

O bronze que antes apagado, agora brilhou mais que o aço quando luzes passou a lhe rodear.

Assustada olhou ao redor, e o que viu lhe fez soltar lufadas de ar, lhe acarretando em um início de engasgo, e então bolhas passaram diante de seus olhos, seu nariz ardeu, sua garganta fechou, e então seu peito doeu.

Estava afogando.

Dentre as bolhas de ar que saia de sua boca, rostos sorridente foram vistos, cabelos prateados. Elas dançavam.

Dançavam como se não ouve-se amanhã.

E então uma começou a perder o fogo que lhe rodeava, e junto a si, começou a afogar. E logo sumiu na escuridão. As outras cinco continuaram a dançar, embora o brilho do fogo tenha diminuído.

— Fuja.

Foi tão rápido, mal teve tempo de processar as palavras, e uma mulher de cabelos vermelhos lhe agarrou pelo pescoço. O zumbido aumentou, e então seus ouvidos estouraram, seu peito pesou.

— Sempre se metendo onde não deve, não é garota?

Ela estava lhe arrastando para o fundo.

— Me diga, o papai faz tanta falta assim? pra montar sua coisa e sair emburrada pelo céu. — Sua voz era fria, mas ao mesmo tempo tão quente  — Ou a ponto de fazer uma guerra?

Não entendia sobre o que ela dizia, estava chateada sim com seu pai, mas não lembrava de nenhuma guerra.

— Me diga, como ficará quando o martelo descer sobre ele?

Ele quem? quem?!

— Os deuses estão bravos, princesa...ou eu deveria dizer, minha Lady?

E então tudo se apagou.

Rhaella!

Levantou rápido a cabeça dentre suas pernas e sentiu seu pescoço doer, estava confusa.

— O que foi?

— Atacaram. — Nymera lhe levantou — Pegue Nyrastrys, a guerra começou.

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⏰ Última atualização: Oct 29 ⏰

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