Casa

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Javi achou melhor te tirar da base. Antes de vocês serem proibidos de sair, o governo havia cedido um complexo com apartamentos para vocês. Então ele achou interessante te tirar daquele ambiente.

"Vá buscar algumas roupas, te espero no carro" ele disse antes de vocês saírem da sala.

Você assentiu. Foi até o dormitório, e colocou algumas trocas de roupa dentro de uma bolsa grande.

Encontrou Javier no carro.

"Onde nós vamos?" Você perguntou enquanto entrava no Jeep.

"Casa", Javi respondeu passando o braço pelo encosto do seu banco, para dar ré.

"Você não deveria estar..." você hesitou "em outro lugar?"

Javi olhou para você. Mas não respondeu.

Você não iria insistir no assunto. Apesar de Javier não falar sobre os sentimentos dele com o ocorrido, afinal, ele perdeu um colega de trabalho. Você sabia que ele não estava bem.

Vocês fizeram o caminho em silêncio. Quando chegaram pensou que iria para o seu apartamento, que ficava no térreo. Mas Javi te puxou para as escadas, te levando para o dele.

Você franziu a testa. Mas o seguiu. Javi queria mudar o conceito que você tinha sobre casa? Ele deixou você entrar primeiro, e ficou observando enquanto você analisava o apartamento.

O apartamento estava na mesma disposição que o seu, mas com uma decoração diferente. Mais masculina. Cheirava a cigarro. E não era dos mais organizados. A luz era amarela.

Ele segurou sua bolsa, tomando-a de você, levando-a para o quarto. Voltou para a sala. Enquanto você ainda reparava no apartamento.

"Você precisa..." ele começou.

"Eu preciso de uma bebida" você interrompeu, "se... não for pedir demais" você se forçou um sorriso.

"Água ou whiskey?"

"Whiskey"

Javi assentiu, e foi até o bar para preparar dois drinks para vocês.

Isso era novo. Muitas águas haviam rolado. Você cedeu a Javier. Eventualmente ele te acolheu em seus braços. E agora você estava dentro do apartamento dele.

Sentando-se em seu sofá de couro.

Javi te entregou o copo, e sentou ao seu lado, esticando o braço no encosto do sofá, com um cigarro na boca.

Você o observa em silêncio, as feições dele eram de preocupações. Você se sente mal internamente. Na verdade, você não sabe como se sente com Javier. A princípio ele não tem obrigação nenhuma com você, o que exatamente vocês tinham? Mas o mais perturbador era como você foi de não suportar estar na presença dele, para se sentir protegida e confortável com ele.

Talvez porque seja a pessoa com quem você teve mais contato nesses três anos? Mentira. Você sabe perfeitamente que não é só por isso. Esse homem te tirou do sério tantas e tantas vezes.

Você se lembra das milhares de vezes que ele passou por cima de você quando você dizia que o Embaixador não podia receber ninguém não agendado. E ele abria a porta mesmo assim, não tendo um pingo de respeito, e fechando-a na sua cara.

Ou das vezes que vocês estavam trocando farpas e provocando um ao outro, até ele se aproximar de você o suficiente para você pensar que ele te jogaria contra a parede com as mãos em volta do seu pescoço.

Você sorri com a lembrança.

"O que você está pensando?"

Você bebe um gole da sua bebida.

Be my Assistant - JAVIER PEÑAOnde histórias criam vida. Descubra agora