Colocando os pingos nos is

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Javier não poderia matar o Embaixador, mas isso não impediu que ele sentisse vontade. Ele cogitou seguir a ideia de Escobar, e colocar fogo no Palácio da Justiça em 1985, mas dessa vez colocar fogo na embaixada dos Estados Unidos.

Ele precisaria de meia hora de conversa com os irmãos Castaño, para que eles comprassem sua ideia, e quem sabe estenderem o ataque até a porcaria do Palácio de Nariño e matar o mal pela raiz neste país corrupto que era a Colômbia. Assim levava de uma vez só a embaixada e o governo colombiano.

A raiva e o ódio cegam as pessoas, limita o raciocínio lógico e faz com que a emoção domine a mente.

Foi como se tivessem puxado o seu tapete. Como se todo o problema estivesse bem na frente dele o tempo todo e ele não conseguiu ver. Ao contrário disso, foi manipulado e quem sofreu as consequências desses joguinhos de politicagem e corrupção, foi você.

Javier podia matar alguém com as próprias mãos.

Ele ficou em silêncio o caminho todo de volta para casa, enquanto os nervos dos seus olhos e lábio se repuxavam. O cenho franzido. As mãos apertadas tão forte no volante que os nós dos seus dedos estavam brancos. E vez ou outra assentia para si mesmo, como se estivesse em uma discussão acirrada dentro de sua mente.

Enquanto você encarava o nada na sua frente, vendo a cidade passar diante de seus olhos, mas não enxergando nada. A potência da sensação de ser usada, e ter passado por tantas situações que você passou, era frustrante e desgastante.

Javier olhou para você rapidamente.

"Você está bem?" Ele perguntou baixinho.

Você olhou para ele, um pequeno filme passou em sua mente você melhor do que ninguém sabia que esse trabalho era tudo que Javier teve por longos anos, ele dedicou toda a sua vida nessa operação, e mesmo que sua participação em momentos pontuais tenha sido imprescindível, ele era digno de um reconhecimento absoluto por todo o trabalho que ele prestou a Colômbia, e ao povo colombiano. E você podia ver estampado no rosto dele a decepção.

Ainda que nas primeiras semanas vocês tenham sido tolhidos de todas as formas possíveis a não fazerem nada. Você foi quem o pressionou a dar os primeiros passos de forma incisiva na operação. Incentivando-o a usufruir dos poderes que ele tinha em mãos.

Javier não esperou você responder à pergunta, porque mesmo que tenha sido quase retórica, vocês dois sabiam que nada estava bem.

Ele estendeu a mão aberta sobre o console do carro, você olhou para ela, um convite para que você a segurasse, e você fez. Os dedos dele como um encaixe, se entrelaçaram nos seus, segurando com firmeza. A temperatura quente da pele dele, em contraste com a sua, ofereceu conforto quase que instantâneo.

Os olhos dele dividiam a atenção entre o trânsito e você.

"Vai ficar tudo bem, cariño." Ele disse, enquanto o polegar acariciava sua mão.

Javier dizia mais para si mesmo, ou para o universo, como um mantra, que se repetido muitas vezes, poderia se tornar a realidade.

Depois de jogar a chave no aparador de entrada do apartamento, e se colocar atrás de você para ajudar a tirar seu casado.

"Não foi sua culpa" você disse por cima dos ombros.

Ele bufou, mantendo o silêncio.

Javier segurou suas mãos, levando você até a sala, seus olhos ficaram estudando cada movimento que ele fazia, enquanto ajeitava algumas almofadas no sofá, puxando sua mão para que você se sentasse onde ele havia posicionado a almofada para que suas costas estivessem onde se apoiar, você apenas seguiu os comandos dele, enquanto ele se ajoelhou na sua frente e começou a desabotoar a sua sandália, apoiando seu tornozelo nos joelhos. Ele repetiu o movimento com o outro pé, sentando-se no chão em sua frente, enquanto segurava um de seus pés, e pressionava os dedos, massageando de um jeito que só ele sabia, fazendo seus olhos se fecharem sem conseguir contem o suspiro longo que você deu.

Be my Assistant - JAVIER PEÑAOnde histórias criam vida. Descubra agora