Operação Casaredo

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O ar do Texas finalmente enchia seus pulmões. Era quase como um aroma, um cheiro que te remete a casa. O vento que entrava pela janela, bagunçava seus cabelos soltos. A paisagem meio árida não era nem de longe um incômodo, o sol que refletia na terra arenosa, fazia tudo ficar alaranjado, e havia beleza na paisagem seca pelo calor assíduo da época.

Você sabia que tinha duas malas e uma bagagem de mão, assim que desceu no aeroporto da fronteira com México e os Estados Unidos, dali em diante o que o futuro guardava para você era incerto, nada havia sido decidido. Você e Javier pediram a demissão, mas conseguiram apenas o afastamento do caso. Vocês ainda tinham empregos nos Estados Unidos, mesmo que não fosse o que você e Javier queriam. Até porque, ele sabia que se, ele continuasse trabalhando para o governo, não demoraria muito tempo até que você voltasse para isso novamente, e sabe-se Deus, em que vocês dois acabariam se metendo dessa vez.

Javier pensou, ao contrário de você. Pensou que não queria mais estar nessa vida, que finalmente ele entendeu o que seu pai disse a vida toda, e repetiu com mais frequência desde que ele iniciou os treinamentos na academia, desde que se tornou um agente da DEA, e desde que foi embora para a Colômbia. Agora, no entanto, ele se arrepende, por ter gerado tanto medo e insegurança em seu pai, devido a carreira profissional que ele decidiu seguir. Principalmente agora que ele tem alguém vindo ao mundo, e que o simples fato de pensar que o mundo por si só é um lugar hostil, já o deixa sem sono. Talvez ele nunca fosse capaz de dormir novamente, se seu bebê, um dia decidisse seguir os passos dele, e se tornar um agente do governo.

Ele queria sossego, queria poder dar um lugar seguro para que você pudesse viver, para que vocês dois pudessem finalmente descansar, esquecer que tinham distintivos, esquecer que tinham armas, e que você não precisasse dormir com uma pistola no criado mudo, para se sentir segura. Queria que vocês tivessem paz.

"Cariño?" Javier murmurou, enquanto mantinha a mão em sua coxa, e com a outra segurava o volante.

A voz dele te chamou para o mundo real novamente, perdida em seus pensamentos enquanto via as coisas passando pela janela.

"Hmm?"

Ele não tirou os olhos da estrada, concentrado no caminho que deveria fazer.

"Quando você disse que, queria voltar para casa, para onde você quis dizer?"

Você franziu o cenho.

"Como assim?"

Ele falava calmamente, o tom baixo e rouco que te deixava confortável.

"Para a sua casa? Para o nosso apartamento em Washington, D.C.? Para onde, exatamente?"

Você arqueou os lábios, seus olhos dançaram no nada, enquanto sua mente buscava uma resposta para a pergunta de Javier.

"Eu..." Você hesitou "Não sei. Acho que quis dizer os Estados Unidos."

Javier assentiu lentamente, várias vezes, processando sua resposta.

"Eu sei que você não tem um conceito de casa muito bem estruturado, e isso não é um problema, não me entenda mal, é que eu não queria voltar a morar em apartamentos que o governo escolheu e nos colocou lá. Fizemos isso por longos anos, parece que nos despersonificam..." Ele olhou para você rapidamente. "Nunca escolhemos um sofá, ou as cortinas da casa..."

Você sorriu.

"Não sabia que a decoração, era uma questão para você..."

Ele umedeceu os lábios.

"Eu fiz uma coisa..."

Javier olhou para você, a tempo de ver suas sobrancelhas se unindo, enquanto você franzia o cenho.

Be my Assistant - JAVIER PEÑAOnde histórias criam vida. Descubra agora