Saga Revolução - Livro I Rebelião

Capítulo XII

Veja o ódio que estamos criando

Veja o medo que estamos alimentando

Veja as vidas que estamos guiando

Da maneira que sempre fizemos antes

Minhas mãos estão atadas

Bilhões passam de um lado para outro

E as guerras continuam com o orgulho dos alienados

Pelo amor de Deus e dos nossos direitos humanos

Civil War  - Guns  N' Roses 

√√√ Rebelião √√√

Os sentinelas estavam posicionados em frente a entrada do bairro precário que parecia ter sido abandonado há muito tempo, ali estava um dos mais pobres bairros provincianos. As ruas estreitas estavam repletas de casas degradadas, com fachadas desbotadas e janelas quebradas. Não se ouvia um único som além do vento sussurrando entre os edifícios em ruínas e o eco distante de suas próprias respirações.

As estruturas de concreto estavam severamente rachadas, como cicatrizes antigas, e as calçadas estavam em pedaços, representando o descaso ao longo dos anos. Era como se a natureza estivesse em uma lenta marcha de recuperação, com ervas daninhas teimosamente crescendo através das rachaduras nas estradas vazias. As carcaças enferrujadas de carros abandonados serviam como testemunhas silenciosas do abandono prolongado.

O bairro, antes uma comunidade negligenciada, era um reflexo vívido da política da Revolução de manter os bairros provincianos em estado de abandono além é claro de servir como exemplo para os demais.

A Revolução, em sua política deliberada de não investir em melhorias nos bairros provincianos, acreditava que era inútil restaurar essas áreas. Seus líderes argumentavam que qualquer esforço para melhorar as condições de vida dos provincianos era fútil, já que essas áreas logo voltariam à precariedade anterior. Além disso, eles temiam que, se concedessem algum conforto ou recursos aos habitantes locais, poderiam abrir precedentes para demandas ainda maiores. Os nobres frequentemente pregavam essa filosofia em palestras realizadas nos centros de treinamento dos sentinelas, instilando a ideia de que manter os provincianos com o mínimo era uma forma de garantir sua submissão.

Nesse bairro decadente, as palavras dos líderes da Revolução ecoavam como um eco sombrio. A negligência intencional e a desigualdade eram evidentes, enquanto os provincianos, agora organizados em barricadas defensivas, preparavam— se para desafiar o status quo. A tensão entre as facções era palpável, e o futuro do bairro estava suspenso no equilíbrio precário entre a revolta e a opressão. Tudo aquilo não passava de uma resposta a todos os anos que foram obrigados a ficarem a mercê de pessoas tão inescrupulosas.

O bairro, em tempos passados, era uma comunidade desfavorecida e negligenciada, um reflexo evidente da política estabelecida pela Revolução. Essa política tinha como objetivo manter os bairros provincianos em um estado de abandono deliberado, com a intenção clara de usá-los como exemplo para os demais. Há muitos anos, foi ali, nesse contexto de negligência e opressão, que se desencadeou a primeira e mais contundente revolta contra os líderes dominantes.

Todos os vestígios históricos e documentos que registravam esses acontecimentos foram sumariamente eliminados, como se nunca tivessem existido. A família que liderava e incitava esses confrontos foi completamente dizimada, não restando sequer rastros de sua existência, e tudo o que remetia a eles foi reduzido a cinzas, apagando— se qualquer traço de sua história e influência. Poucos além da liderança atual sabia a verdade.