Saga Revolução - Livro I Rebelião

Capítulo IX

É apenas mais uma guerra
Apenas mais uma família destruída
(Minha voz será ouvida hoje)
É apenas mais uma morte
A contagem regressiva iniciou para nos destruir

Preciso de um herói para me salvar agora
Eu preciso de um herói (salve-me agora)

Hero – Skillet

√√√ Rebelião √√√

Clara observou a agitação que havia tomado conta do local com ansiedade. Magnus havia se afastado dela para se juntar aos outros membros do conselho da Conspiração, que desempenhavam papéis cruciais nas intermediações e decisões do grupo. Desde sua chegada, Clara havia acompanhado atentamente as discussões sobre como os recursos adquiridos durante sua última incursão nos depósitos da Revolução seriam utilizados, assim como um plano que envolvia os nobres mais proeminentes de Zamia Salu.

O local da reunião não passava de um galpão úmido e degradado, mas pelo menos tinham feito o esforço de mantê-lo com uma aparência minimamente aceitável e limpa. Não havia assentos disponíveis, e todos os presentes permaneciam de pé diante de um pequeno palco improvisado, onde seis pessoas se dirigiam ao grupo, composto por duas mulheres e quatro homens, incluindo Magnus.

- Estamos certos de que o atentado de hoje dará certo? – alguém no meio do grupo de aproximadamente cinquenta pessoas perguntou. A voz estava cheia de apreensão, e Clara, encostada na parede, pôde perceber como a inquietação se espalhou entre todos no recinto.

Com base no que pôde entender das conversas que acompanhara desde sua chegada com Magnus, a Conspiração estava colocando em prática um plano que haviam meticulosamente elaborado ao longo de meses, durante a reunião da cúpula dos líderes de Zamia Salu. Clara compreendia por que todos estavam tão preocupados com o que poderia acontecer; aquilo não era uma mera reunião. Qualquer erro poderia arruinar tudo e tornar sua luta fútil.

- Não podemos ter certeza de que dará certo. - respondeu Caio, um dos membros do conselho, se ela não se enganava. Sua voz era firme. - Mas nos preparamos para isso, e lembrem-se, o objetivo do plano de hoje não é a vitória imediata. Nossa luta será mais longa do que apenas um atentado. Todos aqui sabem disso.

- O que queremos é incitar o máximo de apoio, recrutar mais pessoas para nossa causa, e então começaremos de verdade.- completou Bernardes, o outro membro do conselho.

Aquelas palavras pareceram acalmar os ânimos de todos.

-Eles estarão prontos para o que vão fazer, e nós precisamos estar prontos para o que devemos fazer também. - dirigiu-se Magnus à multidão. - A partir de agora, as coisas vão ficar um pouco mais tensas. As informações continuarão sendo transmitidas através dos códigos e canais conhecidos, as reuniões serão mais espaçadas e as datas serão divulgadas com pouca antecedência para evitar problemas. Portanto, fiquem atentos.

Ele olhou para todos, buscando sinais de entendimento, e quando viu que todos compreenderam, continuou.

- A escala dos grupos estará disponível no painel no final da sala, como de costume. Retiraremos o painel assim que a reunião terminar, então conversem e alinhem-se com seus grupos. Nenhuma informação pode ser compartilhada fora de nossa rede segura.

Todos começaram a se dirigir para o final da sala, verificando com quem trabalhariam. Clara percebeu que todos estavam acostumados a seguir essas instruções. Sem saber muito bem o que fazer, ela continuou apoiada na parede e suspirou.

-Está se sentindo pressionada? – uma voz perguntou ao seu lado.

O homem aparentava ter entre trinta e quarenta anos, com cabelos negros e uma estatura imponente. Seu corpo era esguio, e apesar de sua postura aparentemente despreocupada, algo nele manteve os sentidos de Clara alerta. Ele levantou uma sobrancelha em questionamento, e Clara percebeu que ainda não havia respondido à pergunta.