O TENENTE

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A tarde bela já estava indo, com seu céu maravilhoso, a única coisa que não favorecerá era o clima quente, não muito quente mas para os militares que tinha que usar aquele uniforme caloroso, parecia um inferno. Ou talvez essa situação fosse somente mesmo com o Tenente Hernando Ebanou, ele sempre era implicante com tudo, até mesmo com o clima. O clima maravilhoso do sul dos EUA . O estado que ele se encontrava sempre fora um estado lindo, e Oliver até gostava desse estado de interior, apesar de ter nascido nas grandes Capitais, Oliver se sentia bem aonde estava, gostava das paisagens verdes, das comidas caipiras, das mulheres e das tardes de fins de semanas nos bares. Seus pais moravam na capital e ele nem sentia tanta falta deles, pois crescerá sem afetividade, seus pais sempre se preocupará mais com as aparências do que com seu bem estar, ele sentia falta do irmão querido, do qual sabia que podia contar.
Aos 15 anos entrou no colégio preparatório militar, se apegou às bases militares como lar, aos 20 anos já era Tenente e agora aos 26 anos era um militar ativo e bem reconhecido. A verdade era que as pessoas viam seu lado superficial, o qual queria que as pessoas visse, do Tenente frio, rígido, que não se apaixonava, do orgulhoso que não precisa de ninguém ao corajoso mas lá no fundo existia um homem, que também tinha fraquezas, medos e sonhos.

Oliver estava no pátio dando uma analisada no treinamento de Margem do Pelotão que se preparava caso precisassem ir pra guerra pois muitos soldados do continente americano estava indo, muito deles estadunidenses e brasileiros. Quando foi interrompido pelo seu companheiro Tenente Alvier, conhecido como Ratão.
- O primeiro Tenente está te esperando na sala dele - Disse o amigo se aproximando com um ar debochado - O que será que você aprontou?
- Não aprontei nada, com certeza ele me chama para reforçar aquele jantar de aniversário da esposa do capitão.
- Sim, aquele jantar no qual só nós dois fomos convidados.
- E no qual eu não queria ir - Acrescentou Oliver
- Você sabe que este jantar é uma reunião pra falar sobre acordos.
- Eu sei. A guerra não para, e os japoneses atacaram mais bases no pacífico.
- Estão com pilotos kamikaze, ou seja divino vento.
- Ah este é o significado. Até que é um significado legal.
- Para pilotos suicidas, Oliver Ebanou?
- Todos que estão indo para guerra são suicidas - Disse Oliver caminhado até a base militar e Alvier foi atrás.
- Então por que você disse que iria pra guerra?
- Ora pra lutar por meu país, já que um pessoal aí resolveu que seria assim.
- Mas...
Ebanou se virou na direção de Alvier.
- Mais hora ou menos hora, você terá que ir pra guerra também Alvier.
Alvier ficou em silêncio e os dois foram caminhando até a sala. Está ideia de guerra assombrava Alvier, ele havia crescido em uma família de militares, seu pai era, seu avô e bisavô. Ele nem tinha outra opção de escolha, era corajoso mas tinha medo da morte. Ebanou era seu melhor amigo e ele sabia que este seu amigo era corajoso e não tinha medo da morte. Alvier soltou um leve sorriso e disse tentando discontrair:
- Saiba que terá garotas lindas, no jantar do capitão.
- Tão lindas quanto a Carla - Oliver questionou desconfiado
- Carla é sua prostituta! Estou falando de outras garotas. Você não vai casar com a Carla.
- Será? Estou tão bem com a Carla
- Eu sei e você sabe mas espere até ver a Senhorita Isabela, todos falam dessa então deve ter algo especial.
- Você não me falou em acordos? - Perguntou Oliver.
Alvier sorriu e abriu a porta da sala do 1° Tenente, pedindo com licença, os dois entraram em formação e bateram continência.
- Descansar - Ordenou o 1° Tenente
Os dois relaxaram e Alvier perguntou:
- O Senhor quer nos tratar sobre a reunião?
- Quase isto, ou melhor poderia ser um agradável simples Jantar mas está noite, vamos falar também sobre acordos.
- Acordos com nossos aliados ou inimigos? Perguntou Alvier com um pingo de esperança.
- Que bom seria se fosse com nossos aliados mas acabamos de receber nossa carta de que aproximadamente mais de 3 mil civis morreram só hoje no Reino Unido e tivemos mais de 100 mil militares estadunidenses mortos. Sem contar que estamos perdendo pessoas civis também e temos milhares de soldados desaparecidos.
- A guerra se tornou um verdadeiro pesadelo - Acrescentou Alvier
- O próprio pesadelo
Ele respondeu andando de um lado para o outro
- Imaginei - Indagou Oliver
- Nãos são simples acordos - Afirmou o 1° Tenente.
Ele se voltou para sua mesa, procurando a carta, que logo achou e a entregou para Oliver, que por sua vez leu em silêncio, em seguida concluiu:
- Teremos que enviar mais militares de nossas bases.
Ratão no mesmo instante arregalou os olhos.
-
Todos eles ficaram por um instante em choque, exceto Oliver com sua frieza contínua.
- Bom, melhor eu me preparar para o jantar. Com licença - Ele afirmou
Oliver se retirou depois de bater sua continência mas Ratão permaneceu parado, até que o 1° Tenente o dispensasse.
- Primeiro tenente está com medo?
- Não tenho medo da Guerra me preocupo pela minha família.
- Ganhará a Guerra pela sua família
- Se eu ir na guerra e morrer lá, nunca mais terei minha família...

Em sua casa, Oliver mexia em seus pertences dentro de sua gaveta de roupas íntimas, quando encontrou uma carta de Alicia.
Alicia, era o nome da garota na qual havia vivido uma paixão de infância, seus cabelos era escuros e seus olhos verdes, era uma das mais belas e talvez, tenha sido somente isto que por um período tomou seu coração, mas a verdade era que nenhuma mulher era capaz de ficar muito tempo com seu coração.
Hernando, sei que temos muitas coisas em comum, assim como temos muitas coisas em diferentes. Você é auto suficiente, tem seus sonhos e sua vida que me provou ser mais importante que nós. Não tem noção do quanto meu coração dói de saber que não ficaremos juntos, não iremos sorrir um para o outro até os últimos dias de nossas vidas, e não teremos herdeiros juntos . Obrigada por cada momento, cada toque e delicadeza. Te desejo todas as bondades do mundo. Te amarei eternamente.

Ao reler a carta fez uma careta
- Por que estou guardando isto ainda? - Questionou sozinho
Estava certa que Alicia havia sido sua única paixão mas não se imaginava vivendo outra, ele havia gostado tanto dela mas teve que a deixar devido sua carreira. Hoje em dia nem pensara nela mas também não conseguia jogar fora aquela carta, então a guardou de novo. Ele ligou o rádio e o assunto era sobre a guerra, só se falava nisso no sul do país, pegou seu charuto. Oh céus fumava muito charuto, parou na janela enquanto observava a fumaça sair de sua boca.
- Guerra - Exclamou.

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