"Entre as linhas do destino, um reencontro improvável desafia o tecer do tempo. Adultos maduros, em caminhos distintos e carreiras consolidadas, encontram-se novamente, questionando se é mera consciência ou obra do destino. Em meio à complexidade da...
"Save ME" é uma daquelas músicas que ressoam emocionalmente, e sua interpretação pode variar de acordo com a perspectiva de cada ouvinte. A canção parece transmitir uma mistura de emoções, incluindo tristeza, esperança e a busca por um renascimento. Ela captura a angústia de quem se sente perdido e anseia por ser salvo, criando uma experiência auditiva poderosa e significativa.
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Alguns dias se passaram, e as performances de Jeon na BigHit tornaram-se cada vez mais frequentes. Com agendas lotadas, nossos encontros tornaram-se escassos. No colégio, Minji e Junsoo perceberam meu afastamento e entenderam que, mesmo estando perto, eu já começava a sofrer com a iminência da minha partida. Elas faziam o possível para amenizar a situação, enquanto eu tentava não deixar transparecer o peso da distância que se aproximava, sabendo que em breve estaria do outro lado do planeta.
Jeon, por sua vez, esforçava-se ao máximo na gravadora e em nosso namoro. Infelizmente, tínhamos apenas poucos dias juntos, e durante esse período, ele ainda teria suas apresentações e compromissos com a gravadora. Essa realidade dilacerava meu coração, mas, mesmo assim, encontramos uma maneira de conciliar nossos últimos momentos.
Contudo, a tensão havia estado presente nos últimos dias, acumulando-se como uma nuvem escura pronta para desabar. Jeon e eu, normalmente tão conectados, começamos a nos distanciar lentamente. Uma discussão, há muito tempo submersa, finalmente eclodiu, alimentada por emoções reprimidas e o peso iminente da separação. Decidi ir até a casa de Jeon, determinada a me reaproximar e compreender nossa situação.
Ele estava em seu quarto, concentrado no laptop, quando entrei repentinamente.
— Jeon, posso falar com você? — minha voz tremia levemente.
— Não agora, Yuna. Estou ocupado com essas coisas da gravadora. — Ele respondeu, sem olhar para cima, a frustração evidente em seu tom.
— Eu sei que você está ocupado, mas faz semanas que mal conversamos direito. Parece que você está sempre longe. — Falei, tentando esconder a frustração que crescia dentro de mim.
— Eu tenho que fazer essas coisas, Yuna. Não posso parar tudo sempre que você quiser conversar. — Ele finalmente olhou para mim, sua irritação à flor da pele.
— Não estou pedindo para você parar tudo. Só quero um tempinho juntos. Você sabe que vou embora em poucos dias, né? — cruzei os braços, tentando me manter firme.
— Claro que sei! — Ele elevou a voz. — Não acha que estou tentando lidar com tudo isso também? Preciso focar na carreira, nas apresentações, e você está prestes a ir embora!
— Jeon, não é isso que estou pedindo! — minha voz ficou mais alta, o desespero se infiltrando em minhas palavras. — Só queria que estivéssemos juntos agora. Parece que nem isso é possível.
Senti meus olhos marejarem, a vulnerabilidade transparecendo. Ele hesitou, os olhos buscando os meus com uma mistura de emoções, mas ao invés de se aproximar, deu um passo para trás, evitando meu olhar.
— Yuna, eu preciso de um tempo agora. Não é justo para nenhum de nós continuarmos assim. Tenho muita coisa na cabeça.
A rejeição cortou meu coração, e a dor era quase insuportável.
— Tudo bem, Jeon. Se precisa de espaço, eu entendo. — murmurei, tentando mascarar a dor que se alastrava por mim.
Ele apenas assentiu, desviando o olhar. A necessidade de me retirar foi imediata antes que ele visse as lágrimas que não consegui mais conter. Deixei seu quarto magoada, a porta se fechando atrás de mim como um eco da distância que estava se formando entre nós.
Desci as escadas do seu quarto às pressas, tentando segurar as lágrimas que começavam a escapar. Cada passo afastava-me um pouco mais do que parecia ser meu mundo, agora fragmentado. A chuva lá fora coincidia com meu estado de espírito, refletindo tristemente a dor que eu sentia.
Ao chegar em casa, encarei a mala aberta no chão, um lembrete físico da realidade que estava por vir. Comecei a arrumar minhas coisas, tentando manter a compostura, mas cada peça de roupa dobrada, cada objeto guardado, era como fechar um capítulo que eu ainda não estava pronta para deixar para trás.
A despedida se aproximava, e mesmo que meu coração doesse, eu sabia que precisava seguir em frente. Jeon, imerso em suas próprias batalhas, parecia ter se esquivado da conexão que compartilhávamos. Talvez o tempo e a distância fossem necessários para cicatrizar as feridas.
No dia da minha partida, Minji e Jisoo vieram até minha casa para nos despedirmos. O ambiente estava carregado de emoções à flor da pele, e as lágrimas fluíam incontroláveis, como uma chuva de despedida que antecipava a tempestade de saudade que estava por vir. Mas a pessoa que eu mais ansiava por ver, Jeon, não pôde estar ali para compartilhar esse momento crucial.
Os planos da gravadora mudaram abruptamente. Jeon estava em Busan e, naquele dia, não conseguiu chegar a tempo. Assim, sem uma reconciliação, fui privada de um último beijo, de um último abraço que pudesse servir como refúgio nos dias difíceis que se aproximavam. Chorei por horas até o embarque, a dor da ausência pesando em meu peito, como se estivesse levando um pedaço de mim que jamais seria recuperado.
Minha casa, antes cheia de risos e calor humano, agora era uma concha vazia, e a ausência de Jeon ecoava pelos corredores. Meus pais tentavam consolar, mas a dor era tão intensa que eu precisava extravasar.
Embarquei em um avião com destino aos Estados Unidos. O aeroporto estava repleto de emoções contraditórias. Eu deixava para trás não apenas meu lar, mas também o amor que achava que seria eterno. Olhei pela última vez para o país que testemunhou nossos sorrisos e lágrimas, e embarquei rumo ao desconhecido.
Enquanto o avião ganhava altitude, deixei para trás não apenas um capítulo, mas um livro inteiro de memórias. A Coreia agora era uma mancha de luzes na distância, e o futuro se estendia diante de mim, incerto e cheio de possibilidades.
Chorei mais do que imaginava ser possível durante todo o voo, as lágrimas misturando-se às nuvens lá fora, como se a própria natureza compartilhasse da minha tristeza. Sem uma despedida apropriada, sem um último olhar ou toque final, o avião finalmente tocou o solo americano. Decidi que esquecer seria a única maneira de seguir em frente. Troquei meu número de celular, excluí qualquer vestígio de conexão virtual. Na terra americana, optei por deixar para trás não apenas um país, mas uma parte de mim que ficou perdida em algum lugar entre as lágrimas e a despedida não realizada.