Capítulo III

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A casa de Lori estava diferente, Toge teve essa impressão quando a porta foi aberta e o ambiente parecia mais... Iluminado? As janelas estavam se não abertas, com as cortinas recolhidas, a papelada organizada em uma pilha quase escondida, as fotos metricamente posicionadas e os objetos quase irradiando uma luz própria de tão limpo.


— Pode entrar — Lori anunciou dando espaço para o menor que observou tudo antes de sentir a fragrância fraca e amadeirada. Era semelhante a perfume masculino... — Desculpe a bagunça, estava meio ocupado ontem depois de te convidar.


Toge deu uma fraca risada, era óbvio que o maior arrumou tudo para sua chegada e era o que de fato aconteceu. Lori se dedicou na limpeza e resistiu ao vício de fumo para que a casa pudesse perder o cheiro que a fumaça naturalmente deixava no ambiente, tudo para agradar, mas ele JAMAIS iria revelar isso.


Enquanto o platinado sentava na pequena mesa presente na cozinha, o maior foi buscar um prato e preparar um pouco de chá para os dois poderem beber enquanto comiam. Sem a supervisão de Lori, Toge foi atrás de mais respostas e não demorou para que achasse algo interessante e não tão bem escondido.


Lendo o título, notou se tratar de um livro para linguagem de sinais. Ele tinha isso fazia um tempo? Inumaki se questionou imaginando se a resposta seria sim. Queria perguntar, mas como? Seria invasão de privacidade, certo? Antes de sair em busca de Lori, o maior foi até ele o vendo no ato.


— Eu peguei na biblioteca — Disse passando a mão na nuca com um sorriso envergonhado — Como eu imaginava que você não conseguia falar, peguei para aprender o básico. Mas já que não vai precisar...


Os olhos lilás o encararam deixando ainda mais nervoso.


— Olha... Agora que sei que fala algumas coisas... Tipo, se esse é seu estilo, ok! — Tentou o melhor para ser alguém receptivo — Posso aprender o que cada coisa significa e tudo bem.


Toge continuava o observando, se Lori pudesse o descrever naquele exato segundo seria um pequeno filhote obcecado com um pedaço suculento de carne. Com um sorriso, o maior levou as mãos ao topo de Inumaki bagunçando seus fios platinados enquanto ria com a cara do pequeno garoto.


—Desculpa, não consegui me segurar — Lori falou logo se afastando — Venha, o chá ficou pronto.





— Certo, vamos lá — Ele disse pensativo, o lápis batendo no lábio enquanto encarava o papel em branco — Lori, se concentre...


Implorou quando não teve foco para terminar sua atividade, os lábios abertos enquanto suspirava de forma frustrada por seu completo fracasso. Como prestar atenção em uma matéria como matemática quando seu cérebro estava ocupado demais lembrando de seu mais novo amigo.


— Hum... Inumaki parece gostar bastante de oniguiris... — Lori pensou encostando seu corpo na cadeira a fazendo tombar um pouco — Talvez se eu tentasse aprender... Será que ele ia gostar?


A cadeira ia para frente e para trás com o peso do mover que aquele enorme garoto fazia, sua mente vagando para além, pensando se aquele pequeno garoto iria gostar de experimentar sua comida, não que fosse o melhor cozinheiro, mas tinha noção de suas habilidades e que elas eram boas.


— Certo, não faz mal tentar — Disse de maneira decidida, batendo as mãos emitindo um som vibrante e até alegre — Mas que sabor eu deveria fazer... Ele parece gostar bastante de coisas doces...


Lori suspirou jogando os fios bagunçados e negros de seu cabelo para trás, a mão ainda em sua testa os mantendo naquela mesma posição enquanto se mantinha pensativo, até demais para seu próprio bem. Fechando os olhos, começou a recordar sua pequena aventura com o menor, o quanto Toge finou feliz apenas com um pouco de doce e o quanto queria ver aqueles olhos brilhando como estrelas novamente.


Mas o que mais poderia o animar? Repetir sempre a mesma coisa se torna enjoativo, chato demais e não vai mais ter aqueles lindos raios de luz em sua face, aquela felicidade genuína que fazia Lori enlouquecer como um completo viciado... Um viciado. Ele estava ficando viciado?


Enquanto se recordava de Inumaki, algo veio a mais em sua mente, o foco em seu rosto, nos lábios finos e delicados para um homem, na tatuagem que enfeitava seu rosto e na primeira vez que viu que ela também estava presente em sua língua...


Quando recordou de como o pequeno abria para abocanhar o doce, os lábios melados pela calda açucarada, a língua deslizando para absorver esses sabores, Lori enlouqueceu e desejou com todas as forças, seu corpo respondendo ao mesmo instante que sua mente criava e adorava o que fazia.


Era Toge, vermelho, ofegante enquanto lágrimas deslizavam por sua pele, os lábios avermelhados e a língua levemente para fora enquanto implorava de forma maliciosa por mais com aqueles olhos vibrantes que eram tocados pelo mais puro tom de luxúria. Lori queria aquilo, desejava por aquilo. 


Pecado / Toge InumakiOnde histórias criam vida. Descubra agora