— Lori? — A voz feminina atraia a atenção da pequena criança que brincava no amplo quintal — Venha aqui, eu trouxe algo para você beber.
Lori correu feliz até onde sua mãe estava, a vestimenta tradicional japonesa se escondendo entre outros empregados que trabalhavam naquela casa. Os olhos bicolores brilhavam em um carinho por sua mãe, a bebida gelada em seus dedos quentes de tanto brincar.
— Só não pode fazer nada errado, ok? É muita sorte nossa o chefe dessa casa não se importar com sua presença — Ela sorriu vendo seu filho concordar enquanto bebia a limonada.
Ao entregar o copo vazio, voltou a correr pelo jardim com pequenos pulos, as mãos abertas como se fosse um avião. Sua mãe se levantou, dando um último sorriso antes de abrir a porta para sua casa.
— Oh pequeno mestre, como está? — Seu sorriso calmo era quase triste em uma sensação silenciosa de pena toda vez que aquela pequena criança aparecia em sua frente e, mesmo que o pequeno respondesse em sua própria forma, não parecia ser o suficiente para ele — Venha, vou preparar algo para que possa comer.
Lori suspirava adormecido, o sol aquecendo seu corpo enquanto seus olhos fechados lhe davam um perfeito descanso. A mente em um sono profundo se recordava de sua figura materna, a mulher que parecia carregar o sol consigo, radiante, quente, trazia uma tristeza com sua enorme falta e os anos nunca iriam apagar aquilo.
— Lori? — Era um homem, irritado, cutucando seu ombro — Lori, acorda logo!
— Se for alguma coisa idiota, eu vou te quebrar no soco — Ameaçou sem sequer abrir os olhos.
— Tem um delinquente que quer falar com você — Seu colega de sala avisou, não que ele fosse diferente, cheio de alargadores e piercings por todos os lados além de uma tatuagem no estilo gangster — Ele não fala nada com nada, mas tá usando um papel chamando por você.
— Papel? — Arqueou a sobrancelha. Quem era essa pessoa? — Quem é afinal? Ao menos perguntou o nome?
— Não.
— Merda, vocês não conseguem fazer nada direito — Reclamou coçando a cabeça — Vamos logo, onde ele está?
Lori seguiu a figura menor, os passos mostrando sua sonolência e tédio, todo momento bocejando ou se espreguiçando, até reclamando enquanto se xingava mentalmente por ter dado ouvidos a alguma pessoa naquela escola. Estava irritada, muito irritado.
Tinha um murmurinho, não era longe, virando o corredor e isso atraia a atenção de qualquer um. Quando virou, notou a massa de delinquentes mal encarados circulando alguém que não dizia nada, mesmo com a gritaria, ou com as palavras de baixo calão.
— Oh Lori, esse cara tá te chamando — Uma voz disse apontando para o meio daquele círculo masculino estranho — Ele precisa apanhar pra aprender a falar que nem gente.
— Que merda, vocês só me enchem o saco... — Ele se calou, os olhos arregalando com a pequena figura parada ali, as bochechas coradas em vergonha enquanto esperava pela chegada de Lori — O que está fazendo aqui, Inumaki?
— Então vocês se conhecem?
— Sim?
—Sim? — Alguém repetiu sem entender.
— Ele é um amigo meu, algum problema? — Lori falou com uma cara irritada fazendo aquela comoção se aquietar, se dispersando entre os corredores e salas.
— E eu achando que teria luta — Mais uma reclamação até que apenas a dupla ficasse ali.
— O que tá fazendo aqui? — Lori esperou o garoto digitar antes de mostrar o celular.
Eu queria te ver. Descobri que estudava aqui e vim te visitar. Atrapalhei alguma coisa?
— Eu estava dormindo — Riu com a mensagem, o coração batendo em um pequeno erro.
Dormindo? Mas não era para estar estudando?
— Não, não — Ajeitando a postura, continuou — Eu quase não presto atenção nas aulas, sou autodidata.
A blusa agora amassada deixou os lábios rosados a mostra, abertos com a surpresa de descobrir que seu melhor amigo não era um completo nerd como imaginava ser. Na verdade, Toge Inumaki ignorava totalmente o que a aparência física de Lori passava e tinha uma ideia totalmente contrária sobre ele. Para Inumaki, Lori era um amigo incrível, gentil e dedicado em tudo.
"Desculpe pela baderna" A surpresa foi ainda maior quando as mãos enormes se movimentaram, em sinais deixando claro seu aprendizado rápido. "Ando praticando, mas você sabe mesmo falar em linguagem de sinais?"
"Sei sim, mas apenas algumas pessoas falam comigo dessa forma" Toge respondeu mais rápido, logo se arrependendo de ter deixado o maior confuso e quando foi novamente repetir, teve suas mãos seguradas, a proximidade de seus corpos e rostos o deixando avermelhado em vergonha.
— Eu entendi — Lori sorriu, genuinamente, com seus enormes e chamativos olhos absorvendo cada detalhe do estudante de jujutsu — Se tiver dó, nunca vou aprender de verdade.
Dó... Inumaki estava com dó de Lori? NÃO! Jamais! Tinha plena certeza que o moreno acompanhava seu ritmo, se não, até superando... Mas aquela frase, como ela mexeu com os sentidos do platinado. De uma forma diferente, as bochechas quentes em um vermelho chamativo, os dedos escapando das mãos grandes para cobrir seus lábios arrumando seu uniforme.
— E você, não deveria estar estudando? — O bicolor questionou com um sorriso de canto — Falando de mim, mas está com o uniforme de sua escola.
"Eu não estou tendo aula agora" Respondeu.
— Isso é muito bom, significa que vamos ter mais tempo conversando.
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Pecado / Toge Inumaki
FanfictionCorrompendo aos poucos até que não reste mais nada, esse é o pecado, algo insaciável e que leva a pessoa que o comete a loucuras jamais imagináveis. Lori tem 17 anos, olhos bicolores e uma altura assustadora, no entanto, mesmo com sua aparência se...