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- Boa noite, senhorita Alice, me chamo Rudolf, o Senhor Dom pediu para te informar que o primeiro destino de vocês será um hotel, aonde irão se encontrar para um jantar.

- Boa noite Rudolf, obrigado por informar.

O motorista iniciou o trajeto e durante ele, recebi umas mensagens da minha mãe, perguntando como eu estava, eu as respondi no mesmo instante, para evitar ligações, não conversei com o motorista, apenas apreciei a paisagem da cidade a noite e não demoramos para concluirmos o nosso percurso, visto que em vinte minutos, ele anunciou que nós tínhamos chegado. Quando ele estacionou o carro, Dom estava me esperando pelo lado de fora e gentilmente abriu a porta para que eu pudesse descer.

- Obrigado Roudolf.

Eu disse quando desci do carro. Dom fechou a porta e me cumprimentou com um selinho, em seus olhos haviam um brilho, claramente ele estava empolgado pelo nosso encontro.

- Me desculpe não poder ir ao seu encontro, eu tive um dia cheio no trabalho.

- Tudo bem.

- Podemos?

Ele disse estendendo a mão para que pudéssemos entrar.

- Claro!

Ele pôs a mão em volta da minha cintura e entramos no hotel, tudo era muito luxuoso nesse lado da cidade, eu até me espantava com tanta beleza, mas mesmo assim, me mantive quieta, não queria parecer uma menina mimada, afinal, eu estava na presença de um homem muito legal. Dom nos conduziu até a recepção e eu descobri que tinha uma mesa reservada nos esperando. Nós fomos até a mesa e nos sentamos, ele sorriu sem mostrar os dentes e eu fiquei olhando para ele, sem saber muito o que dizer.

- Adorei a nossa noite, preferia que tivesse sido um pouco mais reservada, mas, hoje preparei uma noite inteira para nós.

Eu sorri para ele e logo o garçom se aproximou apresentando a nós o cardápio, dei uma conferida rápida e pedi.

- Eu gostaria de um filé mignon ao molho de mostarda, com o acompanhamento de risoto de olho poró.

- E para o senhor?

- Achei muito boa a escolha dela, por gentileza, me traga o mesmo.

Dom me olhou e nós bebemos a água que o garçom havia nos servido.

- E então, me conte, como é sua vida?

- Não tenho muito o que dizer. E a sua?

- Também não tenho muito o que dizer.

Eu retruquei.

- Você trabalha Alice?

- Somente estudo no momento.

- E estuda o que?

- Bem, eu estou terminando o colegial.

Dom estava dando mais um gole em sua água quando engasgou.

- Colegial?

Acenei que sim com a cabeça.

- Ah, me desculpe Alice, qual é mesmo a sua idade?

- Eu tenho 16 anos.

Dom me olhou surpreso e balançou a cabeça.

- Deze-dezesseis?

- Sim Dom. Qual a sua idade?

Ele colocou o dedo polegar na boca e tentou pensar, em algo do qual eu não conseguia ter acesso.

- Então você é emancipada?

- Eu? Não.

Ele respirou fundo.

- Tem algo que incomodando?

- É óbvio que tem! Alice, por um acaso, suas amigas chegaram a falar qual a minha idade?

- Não, elas mal sabem quem você é.

- Olha Alice, me perdoe, eu não imaginava qual era a sua idade, até mesmo porque te conheci em uma balada +18, acredito que cometemos um erro.

- Você quer que eu vá embora?

Questionei, Dom me olhou e ficou me encarando por um longo tempo.

- Você sabe o quanto isso é errado? Tenho exatos vinte anos a mais do que você.

Eu fiquei surpresa, porque de longe ele aparentava a idade que tinha.

- Vou entender como um sim.

Me levantei da mesa, aonde estávamos e quando estava saindo, Dom se levantou e foi atrás de mim. Agora, parados na porta do hotel e ele passou a mão em meu braço me segurando.

- Alice...

- Dom, eu já entendi, você é mais velho e eu sou um problema para você.

- Eu também sou um erro que você cometeu.

- Mas eu gostei e gostaria de repetir, mesmo que só por uma última noite.

Olhei fixamente em seus olhos e ele enxergou verdade.

- Podemos jantar primeiro e depois, damos continuidade a nossa conversa ou, eu posso ir agora e você não precisa me encarar mais pelo resto da noite.

Dom me olhou ainda calado e depois disse.

- Eu queria, mas não consigo resistir a você, você quer mesmo continuar?

- Precisamos realmente nos preocupar com qualquer consequência agora? Minha mãe está em casa, assistindo um filme qualquer, aproveitando sua doce paz enquanto a filha rebelde, sai com um homem mais velho por ai, mesmo ela confiando que a filha está passando um fim de semana na casa das amigas, que inclusive, contribuíram para o nosso encontro ontem e hoje. Eu sabia da minha idade quando entrei naquela boate, só não sabia a sua, mas quis foder com você, desde o momento em que vi seus olhos sedentos pelo meu corpo, quando você veio atrás da sua caça, eu já sabia que era eu quem você queria.

- Odeio saber que uma garota de dezesseis anos tem total razão.

- Posso sumir agora ou, quando o dia amanhecer, você quem escolhe. Porque minha resposta é: sim, quero continuar e sei que você também quer, já estamos comprometidos com essa noite até o pescoço e se me permite um conselho, enforque o meu.

Eu andei para dentro do restaurante, sem esperar pelo Dom, que ficou por um tempo parado na porta do hotel, voltei para minha cadeira a tempo de dois segundos depois, o garçom servir o jantar. Ele colocou os pratos em cima da mesa e eu fiquei olhando minha refeição, aguardando o Dom, que caminhou devagar pelo salão até a mesa, quando ele chegou, se sentou e ainda se sentia confuso com as minhas atitudes, mas nós, comemos.

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