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Saio rápido da sala de física e aperto o passo para a aula de educação física. Estou caminhando tão rápido, ajeitando meus livros na mão, que trombo em alguém e tudo cai no chão. Bosta. Me abaixo para juntar e reconheço de imediato as mãos que me ajudam. Lucas. Respiro fundo e me levanto.

Toma — ele me entrega o livro surrado de física — Como você está? — fala com cautela e dou um pigarro.

Estou bem e você? — ele dá aquele sorriso bonito de canto. 

Bem! — ele se aproxima um pouco e agarro meus livros mais forte nos braços — Você parece bem, é será que podemos... — sei o rumo que essa conversa irá tomar, então dou um passo para trás e dou um sorriso fraco. 

E-eu estou atrasada para a aula de educação física — não dou tempo de falar nada, apenas passo por ele e caminho rápido até o ginásio. 

Há cerca de três semanas nós terminamos o namoro conturbado que tínhamos. As pessoas da escola têm me olhado torto e sussurrado, como se eu fosse a vilã da história. Tenho evitado ficar no mesmo ambiente que ele, pois quando isso aconteceu, o refeitório todo ficou em silêncio quando entrei e ele parou para me olhar. No que resultou em almoçar no corredor e matar os últimos horários. Ter namorado o garoto mais popular da escola foi uma ideia muito estúpida. 

Daqui três semanas o jogo é aqui, na nossa casa — a treinadora nos lembra — Espero que estejam focadas. Riley — me chama e caminho até ela. — Você tem relaxado nos treinos, anda aérea, com a cabeça na lua. O que está acontecendo? — ela cruza os braços e mordo o lábio.

— Me desculpa, treinadora. 

Não quero desculpas, quero ação! — ela respira e me encara sério — Sei que daqui alguns dias tem a outra etapa do programa e você está dedicada, mas se quer continuar a jogar nesse time, preciso que se concentre mais. — Apenas balanço a cabeça em positivo. 

Claro, treinadora. — me viro e começo a caminhar para fora do ginásio, mas paro quando ela me chama de novo. Já espero outro sermão quando me viro.

Boa sorte no programa! — ela sorri para mim e sorrio para ela. 

Sinto meus olhos arderem enquanto caminho, sei que estou em falta com meu time, que estou dedicando mais do meu tempo a música, que depois do que aconteceu entre mim e Tom acabei pensando demais e treinando de menos. Principalmente, porque não temos nos falado com frequência. Apenas mensagens monossilábicas e pouquíssimas ligações, que consistem nele falando sobre as coisas que saem na mídia e eu já sei, durando segundos antes dele dizer que precisa desligar e eu responder um sonoro "aham". E isso é o que mais está me incomodando, afinal. 

[...]

Tem certeza que está bem? — minha mãe pergunta pela décima vez nessa uma hora que estamos em ligação. 

Nesses últimos dias andei mais silenciosa que o normal. Ele me pede para ser dele, seja lá o que isso significa, e depois simplesmente me ignora? Como vou encará-lo no estúdio daqui a algumas horas? Que merda.

Sim, tenho certeza. — Minto. Na verdade, não sei porquê isso está me incomodando tanto.

— Lily... 

Mãe, tá tudo bem! — afirmo, mesmo sabendo que ela vai notar que estou mentindo. É a Lorelay. — Preciso desligar, vou me arrumar para ir ao estúdio. 

— Não vejo a hora de escutar tua música, filha.

— Se eu passar amanhã, na próxima semana escutará. Te amo, mãe! — desligo e respiro fundo. Daqui a pouco vou para o estúdio e verei ele. E o irmão dele. Que é meu técnico e meu professor. Largo o celular na mesa e entro no chuveiro. 

Lovely - The Voice | Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora