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— Um homem casado, Riley Velez? Casado? — minha mãe dá ênfase no adjetivo.

Anda de um lado para o outro nesse quarto, o rosto vermelho, as mãos gesticulando algo que acho que nem ela sabe o que é. Quando me olha, quando seus olhos encontram os meus, não há nada além de decepção, pura e fria. Não esperava que fosse entender o que há entre mim e Tom, na verdade, nem esperava que ela descobrisse. Pelo menos, não até ter algo definido nessa coisa que temos.

Mãe, me deixa explicar!

Explicar o quê, Riley? Que você está transando com um homem casado?

Dou um passo para a frente e tento segurar o nervosismo. Já tivemos algumas brigas ao longo dos meus dezoito anos, mas nunca vi esse olhar em seu rosto. Mesmo quando tivemos as discussões mais idiotas, seu desprezo nunca ficou evidente.

Pelo menos usou camisinha ou pretende que eu seja avó de uma criança bastarda? — arregalo os olhos e isso me desestabiliza totalmente.

Jamais achei que fosse escutar essas palavras vindo da pessoa mais importante da minha vida. Daquela que encheu nossa casa de cores, de música e livros, que sempre acreditou mais em mim do que eu mesma.

Você está se ouvindo? Eu não sou você, mãe!

Ela ergue as sobrancelhas e faz aquela cara de deboche que detesto.

Pelo visto você é igualzinha a mim, porque só isso justifica se envolver com um homem casado e que ainda por cima é famoso e tem a idade da tua mãe. — seu grito me faz encolher e se tivesse um buraco, me esconderia com certeza.

Não consigo mais segurar as lágrimas — E-eu me apaixonei por e-ele...

Minha mãe fecha os olhos e respira fundo. Não quero ver o quanto está decepcionada, o quanto me acha uma boba por me apaixonar por um cara como Tom Kaulitz.

Nos falamos em casa! — pega sua bolsa e a mala pequena e sai do quarto.

Sou consumida por uma vergonha que até então não tinha sentido. Não por ter me envolvido com ele, não vai adiantar nada me arrepender de algo que já está feito, mas... minha mãe está com vergonha de mim. A mulher que deu tudo por mim e para mim nem conseguiu me olhar nos olhos antes de bater aquela porta. Sento na cama e fico olhando para o nada, mal conseguindo respirar.

[...]

Dias se passaram e a situação em casa ficou ainda pior. Minha mãe está sem falar comigo desde que voltamos para casa, sem piadinhas, sem recados, sem nada. Se estivesse ao menos monossilábica estaria bom, mas nem isso. Parecemos duas estranhas morando sob o mesmo teto. Acho que nunca ficamos tão distantes e com toda certeza, essa é a pior briga que tivemos. E está me corroendo, cada dia um pouco mais. Tentei conversar com ela nos primeiros dias, cheguei a gritar para que olhasse para mim e nem isso adiantou. Recebi apenas a indiferença como resposta, mesmo tentando explicar que aconteceu, que não mando no meu coração. Mas ela não entende!

A semifinal chegou e não sei como passei para a final, pois minha apresentação foi... não sei definir, mas não chegou perto das outras. Cantei com emoção minha música, me emocionei e emocionei o público e mesmo assim, mesmo com os técnicos dizendo que tinha sido lindo, não senti que estava ali. Com tudo o que aconteceu, meu coração estava nele, que sorria e me encarava como se nada tivesse acontecido, mas minha mente estava na pessoa que não se encontrava na plateia. Minha mãe não foi me assistir dessa vez e não consigo dizer ainda o quanto isso me magoou.

Lovely - The Voice | Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora