♪ I never thought we'd have a last kiss
I never imagined we'd end like this
Your name, forever the name on my lips
So I'll watch your life in pictures
like I used to watch you sleep ♪
É realmente engraçado, e até mesmo irônico, como deixamos tantas coisas para depois, sem perceber que a vida é curta e que o tempo está sempre passando. É como se estivéssemos convencidos de que sempre haverá um amanhã, e adiamos nossos sonhos, nossos projetos... O engraçado disso tudo é que, no fundo, sabemos que a vida é imprevisível. Não sabemos quando algo inesperado pode acontecer e mudar completamente a nossa realidade. E mesmo assim, continuamos a deixar as coisas para depois, como se o hoje não fosse tão importante.A ironia disso tudo é que, quando finalmente nos damos conta da brevidade da vida, muitas vezes é tarde demais.
- Me tira dessa máquina, dá o sangue todo para minha esposa, salva a Natasha e salva a minha filha. - Maria, praticamente ordenou à Carol. - Eu já vou morrer, se desligarem essa máquina eu morro... Salva elas, por favor.
Carol escutou o pedido com o coração totalmente despedaçado e então trocou um olhar com Clint, que mal conseguia olhar para Maria naquele momento, ambos sabiam que no instante em que desligassem aquela máquina, antes de qualquer sinal de melhora de Maria, a mulher não teria mais que alguns minutos de vida. Como puderam chegar a esse ponto, Maria deveria ter mais algumas semanas para lutar e conhecer sua filha, mas não teria por uma simples ironia do destino. Tanto esforço jogado fora por não ter sangue o suficiente no hospital.
Enquanto via os médicos terem uma crise interna, sem saber o que fazer, Maria fechou os olhos e suspirou se pondo a lembrar de toda a sua vida até aqui. De cada bom momento, principalmente aqueles ao lado de Natasha.
- Oi! - Natasha sorriu gentilmente - Você está procurando um lugar para sentar?
Ela se lembrou da primeira vez que se viram, quando seus olhares se cruzaram pela primeira vez naquela biblioteca dez anos atrás, Maria sorriu brevemente ainda com os olhos fechados. Ela podia vislumbrar com clareza e exatidão, como se tivesse acabado de acontecer.
- Aí meu Deus! - Natasha exclamou tirando o incenso de cima do pano rapidamente. Maria pegou a garrafa de água e derramou um pouco sobre o lugar para apagar o fogo baixo que se iniciou - Desculpa Maria, eu não devo ter prendido ele no suporte direito. Eu te compro outra toalha, prometo. - sua voz saiu afobada.
Os médicos, presos em suas bolhas de indecisão e medo, sequer perceberam quando Maria soltou um riso baixo e anasalado ao se lembrar de seu primeiro encontro com Natasha. Logo depois, um suspiro, seguido de uma pequena lágrima quando Maria se lembrou da primeira vez em que beijou sua esposa. Do quão mágico e também assustador foi perceber naquele momento que o que sentia pela amiga não era apenas atração física. Como ela mesma havia pensado no momento em que seus lábios se encontraram com os de Natasha, estava fodidamente apaixonada pela ruiva.
- Eu te amo! - Maria disse enquanto admirava Natasha sentada na mesa do computador à sua frente. A ruiva instantaneamente parou de digitar o trabalho da faculdade que fazia, mas nada disse, havia sido pega de surpresa. Hill se xingou mentalmente, com medo de ter admitido isso cedo demais e assustado a namorada, mas o que ela poderia fazer, era a mais pura verdade. Ela iria dizer algo, tentar consertar a situação, mas então Natasha se virou para ela com um sorriso lindo no rosto.
- Eu também te amo!
Dez anos. Eram dez anos de lembranças se passando diante de seus olhos em questão de segundos. Que maluquice, não?
- Você tem que desligar agora? - Maria perguntou para Carol.
Ela se preparou para esse momento a muito tempo, mas ainda sim estava com medo.
- Não, a máquina pode continuar a funcionar, mas sem hemocomponentes frescos há uma chance maior de você sangrar ou coagular.
- Mas há uma chance? - ela perguntou com os olhos cheios de lágrimas. - Há uma chance de eu conhecê-la?
- Ainda há uma chance. - Clint afirmou e então pegou na mão da morena. - Maria, foi um tremendo privilégio ser seu médico.
- Foi uma dádiva presenciar a sua história de amor. - Carol falou com os olhos marejados.
- Eu nunca imaginei um grande amor na minha vida. - ela confessou. - Eu sempre imaginei a minha filha, mas nunca a minha esposa. E aí eu conheci a Natasha, e ela me transformou, ela notou tudo que havia em mim. Meu medo, minha vergonha, minha dúvida, meus traumas com a minha família, ela tirou todos os segredos de mim e os trouxe à luz. Ela me amou. E pouco a pouco ela me mostrou como eu poderia me amar... E se isso não é uma vida bem vivida, eu não sei o que é. - ela afirmou com convicção. - Fala isso pra ela, tá bem?
Clint assentiu enxugando a lágrima solitária que escorreu no canto de seu rosto. Carol respirou fundo, buscando coragem dentro de si e então se virou para retirar o resto de sangue que ainda havia ficado na máquina. A médica trocou um último olhar com Maria, como se pedisse permissão para ir, e quando recebeu um acenar fraco de cabeça vindo da morena, ela deixou o quarto.
- Uma menina saudável. - Dra Cho sorriu por de baixo da máscara e entregou Bella à enfermeira.
- Os batimentos dela estão caindo, precisamos de mais sangue. - Wanda falou enquanto auxiliava a Dra Cho.
- Essa foi a última bolsa de B negativo - a outra enfermeira alertou enquanto colocava a bolsa no suporte.
- Então pede o sangue do estoque emergencial.
- Essa é a última bolsa, Dra Maximoff.
- Tudo bem, se acalmem, eu tô quase terminando. - a obstetra falou.
- Dra Cho? - Carol chamou entrando no centro cirúrgico.
- Agora não.
- Eu trouxe uma bolsa de sangue, B negativo.
A médica mandou que ela pendurasse a bolsa no suporte e assim Carol fez. Ela escutava as colegas dizerem o que precisavam fazer e que tinha que ser rápido ou perderiam Natasha, e então ela teve vontade de gritar, o sacrifício de Maria não deveria ser em vão. Bella não poderia perder as duas mães no mesmo dia.
- Eu preciso levar a bebê para a Maria. - Carol falou.
- Ela já tá pronta? - A obstetra perguntou aos enfermeiros que estavam limpando a bebê.
- Sim.
- Ok, pode levar. Toma cuidado, Danvers.
Os enfermeiros enrolaram Bella em uma manta e a colocaram no berçário móvel.
- Ela tá aqui? - Maria perguntou para Clint.
- Ainda não.
O moreno respondeu tentando não transparecer nervosismo e nem preocupação por Maria, que já estava tão fraca que mal conseguia manter os olhos abertos. Pelos corredores da obstetrícia, Carol andava o mais rápido que podia empurrando o berçário e torcendo para conseguir chegar a tempo no andar de baixo.
- Maria? Maria, acorda. - Clint sacudiu levemente a morena quando viu Carol se aproximar. - Sua filha está aqui, Maria, acorda.
As forças de Maria já estavam se esvaindo de seu corpo. Assim que Danvers entrou com a bebê no quarto, Barton afastou um pouco a camisola do hospital, deixando o ombro de Maria nu quando Carol deitou a bebê sobre o peito da morena e recostou a cabeça dela com cuidado sobre seu ombro. Maria abriu os olhos com dificuldade, e passou a mão pelos cabelos ralos, pretos como os seus, de Bella. Ela era tão linda e tão frágil. Tão pequenininha, a criança mais linda que ela já havia visto. Hill deixou um beijo na testa de Bella e sorriu fraco fechando os olhos e sentindo a pele macia da filha em contato com a sua.
- Olá pra sempre!
Sua voz era tão fraca que mal se podia escutar.
Os médicos, que já não se importavam mais em chorar na frente de sua paciente, escutaram os aparelhos começarem a apitar.
Maria havia dado seu último suspiro enquanto segurava a mãozinha minúscula de sua filha.
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Olá Pra Sempre | Blackhill
FanfictionNatasha e Maria, duas mulheres corajosas e apaixonadas que enfrentam uma série de desafios em seu casamento. Natasha, grávida de sua primeira filha, vive uma felicidade abafada pela triste notícia de que Maria está lutando contra o câncer. Enquanto...