Olá Pra Sempre | Blackhill

Epílogo

♪ Darling, don't be afraid
I have loved you for a thousand years
I'll love you for a thousand more

And all along I believed I would find you
Time has brought your heart to me
I have loved you for a thousand years
I'll love you for a thousand more ♪

Inicialmente a neblina era tão densa que Natasha não conseguia ver nada ao seu redor, até que, ao dar mais alguns passos à frente, se deparou com uma porta enorme. Encontrava-se num caminho, uma espécie de corredor. E apesar da neblina que ainda dificultava sua visão, ela pode perceber que não estava em um corredor qualquer, era o corredor de sua antiga faculdade em Ohio.

"Mas como isso é possível?"

Ela pensou. Sua cabeça ainda estava dolorida, não conseguia se lembrar de como fora parar ali.

Quando os vapores da neblina começaram a
levantar-se, como espíritos que não queriam ser vistos, uma placa de madeira com letras garrafais douradas se fez presente na parede, ao lado da porta, à sua frente.

"Biblioteca"

Mesmo confusa, Natasha sorriu. Ao ler a placa, logo lembrou-se de Maria, seu grande amor.

Como não havia mais nada ao seu redor e o caminho atrás de si estava tão escuro que ela sequer poderia garantir que havia algo ali, Natasha decidiu seguir em frente. À passos cautelosos, ela foi até a enorme porta de madeira com vidraças da metade para cima. Apesar de não saber o que encontraria atrás daquela porta, Natasha estava tranquila, por algum motivo estava em paz, como se soubesse que deveria estar alí.

Natasha finalmente entrou. O lugar parecia exatamente igual ao que se lembrava, as mesas espalhadas lá dentro estavam vazias, não parecia haver ninguém ali, o silêncio era tanto que Natasha quase podia ouvir as batidas de seu coração. Ela avistou a mesa, de baixo da janela, onde ela e Maria conversaram pela primeira vez. A nostalgia tomou conta de seu coração e mente, ela podia ver a si mesma sentada lá, de frente para Maria, enquanto sorriam e conversavam animadamente. Era como revisitar uma memória. Como assistir à um filme.

Quando as imagens sumiram e a experiência de revisitar o passado acabou, a ruiva passou o dorso da mão devagar sobre olhos para dissipar as lágrimas que se acumularam ali. Ela caminhava por entre as prateleiras altas onde os livros iam quase de encontro ao teto, seus dedos tocavam cada livro por onde ela passava. Eram tantas lembranças que seu coração iria transbordar a qualquer momento e seu cérebro acabaria dando tela azul e travando no meio do processo.

Ao sair no fim do corredor de uma das prateleiras, Natasha estranhou quando olhou em direção às janelas e não avistou as mesas e cadeiras, que havia visto a poucos minutos, por lá.

- Procurando um lugar para se sentar?

O coração de Natasha acelerou ao reconhecer a voz que se fez presente atrás dela. Com as mãos trêmulas, a ruiva se virou. Ela estava lá, não era coisa de sua cabeça, Maria estava lá. Parada bem ao lado da seção de romance na prateleira, com seu sorriso encantador, capaz de iluminar o mundo inteiro. Parecia tão clichê e irreal que por alguns segundos Natasha pensou estar sonhando. Ela chegou a se beliscar para ter certeza, o ato acabou arrancando uma risada de Maria. E essa risada foi o suficiente para que Natasha corresse e se jogasse nos braços de sua mulher sem pensar duas vezes.

O tempo parecia ter parado naquele momento, enquanto elas se abraçavam com força, como se quisessem se fundir em um só corpo. Maria afagava os cabelos ruivos da mulher, que saudade ela sentiu daquele cheiro de frutas vermelhas que os fios macios exalavam. Natasha apertava os braços em volta da cintura de Maria cada vez mais forte, tinha tanto medo de soltá-la e acabar a perdendo outra vez. Aos poucos suas lembranças iam ocupando sua cabeça novamente e a ruiva sentia o coração doer ao se recordar da dor que foi viver sem Maria pelos últimos vinte e dois anos.