Capítulo trinta e oito - Erros.

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           Havia alguma coisa errada acontecendo. Thomas sentia isso em seus ossos. Sentia que algo ruim estava rodeando a namorada, aquele olhar vago e olheiras.

          “Ela sempre foi assim”, era o que Kazembe sabia dizer. Não, nunca foi. Ela era feliz e cheia de vida, não seria negligente ao ponto de aceitar essa situação.

          Zendaya dormiu durante toda a mudança, Thomas a carregou até o quarto do casal, onde a deixou na cama dormindo. Orientou todos os funcionários que o cômodo, mesmo tendo apenas uma cama, era para continuar fechado. A Princesa dormia lá dentro e não era para ser acordada.

— Você vai dar o que ela quer? — Kazembe perguntou enquanto ajudava o genro a colocar o sofá novo. Thomas pensou em ignorar a pergunta. — Às vezes você tem que ter um pulso firme. Zendaya é assim, às vezes me questiono o que acontecia em Nova Iorque.

— Ela foi estuprada. Trevor a esperava dormir para fazer… O senhor sabe. E olha, não tem nada que justifique essas ações. — Kazembe ficou em completo silêncio, Katianna deixou um vaso cair. Ninguém sabia dessa história. — É, como eu podia esperar que fosse diferente? — Com o sofá no lugar, Thomas abandonou todos na sala, indo atrás de outra tarefa.

      Kazembe estava em choque com a revelação. Ela quis se matar, ela tentou se matar. Hunter fungou e ajudou Katianna a juntar os cacos do vaso. A irmã mais velha estava chorando. Darnell estava imóvel na porta.

— Ela nunca disse nada… — Kazembe ofegou. Darnell esfregou os olhos.

— Não disse com palavras, mas dizia tudo a partir da linguagem corporal. É que o senhor só sabe agir quando o extremo acontece. — Katianna concluiu. — O carro era dela! O senhor sabia, viu as mensagens do Thomas perguntando sobre os seguranças. O senhor abriu uma oportunidade do pior acontecer.

— Agora a culpa é minha? Ela deixou com que o carro ficasse com ele, ela deixou tudo para trás! Tudo que eu fiz foi acolhê-la. — Kazembe esbravejou, Thomas retornou ao cômodo com os olhos vermelhos, estava cansado de ter que lidar com tudo, com a merda da imprensa em cima dele, com todas as mensagens absurdas de seus pais, agora era obrigado a escutar absurdos sobre a namorada.

— Para mim já chega, a Zendaya está dormindo. Eu sei que ela não está bem, e pelo visto eu sou o único que me importo com isso. Ela não come, ela não fala. Ela não canta. Tudo o que vocês sabem fazer é assinar papéis, seja de contrato com gravadora, de acordo judicial ou de internação. — Thomas esbravejou. — E quer saber o que ela me pediu? Um filho. Não acho que seja da conta de mais ninguém o que rola entre eu e ela. Qual atitude eu devo tomar, se devo ter pulso firme ou dar a ela o que ela quer, é tudo responsabilidade minha. Eu pedi por ajuda. Mandei a placa do carro, peguei o registro da placa e disse que tinha alguma coisa de errado, o senhor estava agindo feito criança, vivendo uma vida alheia na Flórida, enquanto o mundo caía na cabeça dela.

— Ele está falando a verdade, pai. O senhor trata ela como criança, protege quando o mundo desmorona e ela está machucada. Resolve o problema temporariamente e ignora qualquer sinal de perigo. — Katianna fungou limpando o rosto. — Todos nós temos culpa no que aconteceu.

— Por favor, se forem brigar, discutir ou sei lá, surtarem um com o outro, saiam e vão fazer isso lá fora. Minha cabeça está latejando e a minha mulher está dormindo no andar de cima. — Thomas soa até estúpido, mas não dá a mínima.

       Horas mais tarde, após terminarem de colocar tudo em seus lugares, e o clima pesar ainda mais, Kazembe foi embora, Hunter e Darnell se hospedaram em um dos quartos enquanto Katianna se responsabilizou em conversar com os seguranças.

Like in a Fairy Tale • TomdayaOnde histórias criam vida. Descubra agora