Passei o dia todo pensando sobre o que tinha acontecido no dia anterior, o beijo, a ida à casa de Lira... Tudo aquilo estava me fazendo perder a cabeça, já que eu não pensava em outra coisa, até meu celular começar a vibrar: "HORA DO REMÉDIO - 16 HORAS!" - estava na hora de vovó ir tomar seu remédio.
- Vó! - gritei, indo em direção ao quarto dela.
Minha querida avó estava em sua cama, deitada, dormindo tão belamente, delicada. Ela parecia exausta, estava mais pálida do que o normal, o que me preocupou e me fez perder o êxito entre acordá-la ou não daquele lindo sono. Fui à sua cama, sentei-me devagar e com cuidado e acariciei seu braço, que estava tapado pelo grosso cobertor de lã que ela comprara quando viajara para o Chile - ela e vovô viajavam bastante para o Chile, Argentina, Uruguai...
- Vó... - falei baixinho - Acorde... - eu já estava sussurrando, chegando minha cabeça cada vez mais perto da dela - Acorde...
Nada.
- Vó... - falei, agora com um tom normal. - Vó... - nada. - Vó! - gritei, de repente.
Nada.
Eu estava começando a ficar preocupada.
- Vó! - eu berrava e sacudia ela, e seus olhinhos continuavam fechados. - Ai, meu Deus! Não, não, não, não, não... - repetia para mim mesma.
- Querida... - ouvi um pequeno gemido vindo dela, e quando fitei-a, seus olhinhos estavam entreabertos, me olhando. - Eu te amo. - depois fechou-os e voltou a "dormir" . Ela falou bem baixinho, mas eu pude ouvir perfeitamente.
Quando voltei a mim, saí correndo do quarto - coisa que eu não sei como fiz, já que ainda estava em estado de choque - e fui direto ao celular, que era o aparelho que ficava no cômodo mais perto do dela e seria mais rápido de pegar.
- Alô?! Alô?! - eu estava tremendo.
- Alô! No que posso ajudar? - a mulher parecia calma, mas atenta, totalmente o contrário de mim.
- Minha avó... Eu acho que e-ela está morrendo!... Ela está na ca-cama... - calafrios ainda me castigavam de segundo em segundo.
- Onde você mora, querida?
- Rua dos Anjos que Can-Cantam número 577, venham rápido po-por favor! -eEu me sentia fraca e parecia que ia desmaiar. Algo que não seria tão ruim assim, já que eu já tinha dado o meu endereço à emergência e eles iriam chegar dentro de alguns minutos... E além do mais, desmaiando eu iria parar de sentir e esquecer tudo que estava acontecendo ao meu redor... Tudo que eu pensava, tudo que tinha acontecido... Então foi isso que aconteceu. Caí no chão, ouvindo como último som o barulho do meu celular batendo no chão - a emoção de medo de ele ter quebrado não deu nem tempo de chegar.
&&&
Acordei em uma cama, em um ambiente hospitalar. Não tinha muito cheiro, só de produto químico; "Provavelmente deviam ter limpado o chão alguns minutos antes de terem me trazido para cá" , pensei, ainda meio tonta.
- Onde está minha avó? Ela está bem? - perguntei a primeira enfermeira que passou por mim. Ela tinha cabelos loiros bem claros, até os ombros, lisos, em um rabo de cavalo, pele meio enrugada, olhos azuis e pele clara meio avermelhada. Parecia-me ser sueca e bem calma, assim como sua voz foi.
- Calma, querida, relaxe. Sua vó... - ela queria falar que minha avó estava no hospital também... Mas ela criou coragem, não sei bem como, e me falou a verdade - morreu. - a mulher loura fez uma cara de preocupação e tristeza, tentando me compreender para tentar me acalmar.
- O... quê? - eu comecei a chorar, parecia um pesadelo. - Quem vai vir me buscar? Para onde eu vou? O que está acontecendo aqui...? - isso não podia estar acontecendo. Nenhum dos meus parentes moravam na minha cidade, nem nas cidades vizinhas a minha.
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Dear Harry
RomanceCamila demora para superar a verdadeira e forte amizade que tinha com Harry - os dois conversavam pelo celular diariamente, além de serem melhores amigos na escola -, e com sua morte ela fica com uma espécie de trauma, ainda escrevendo (em um "diári...