Capítulo 14

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"É engraçado como você quem está destruído, mas sou a única que precisa ser salva. Porque enquanto você vive sem ver a luz, é difícil perceber qual de nós dois está desabando."


Meu coração batia de forma diferente - e preocupante - numa ansiedade polida, angústia e negação.

_ Eu nunca imaginei que isso pudesse acontecer, eu lia livros e todos eles eram descrente de sentimentos, todos os deixavam claro que era impossível Christian se apaixonar - Mia continuava falando como se não tivesse acabado de balançar toda a minha vida. - E quanto mais o tempo passava, mais eu percebia que isso era verdade porque... como ele amaria alguém se a única coisa que importava de repente...

_ Isso não é verdade - resmunguei, e ela me encarou como se lembrasse naquele instante que eu estava ali ainda. - Ele nunca foi violento, nunca sequer levantou a voz comigo, não foi por esse... por esse aí que eu me apaixonei. Eu nunca me apaixonaria por ele.

Mia inclinou a cabeça.

_ Os dois são um só. Existe alguma parte em Christian que você não ama, então?

_ Eu não amo o que ele fez!

_ Não digo sobre as atitudes dele, digo sobre ele. Existe?

Não.

Eu não conseguia nem pensar sobre aquilo.

Eu o amava por completo, e bizarramente continuava amando mesmo depois de saber de tudo.

Mas era impossível, como eu poderia amar aquela... coisa? Aquela personalidade vil e fria.

_ Ele não é mal, juro. Ele nunca faria nada de ruim com quem ele ama e nem com pessoas inocentes. Houve um tempo em que ele parou, que ele não fez mais nada. Foi como um acerto de contas apenas, as pessoas que conhecemos e que não foram boas conosco, que mereciam. Ele parou. Mas então, um tempo depois, eu percebi que havia acontecido de novo. Ele estava tão diferente, como uma porta que havia sido aberta e ele entendeu que ela jamais seria fechada novamente. Eu entendi também. Ele apenas não consegue mais controlar algo que já veio com ele. O outro o ajudou, e ele jamais poderia mandá-lo embora. Ele nunca me contou o que aconteceu para desencadear aquilo, mas aconteceu algo de muito ruim.

Passei a mão pelo rosto de forma exasperada, minha mente dava nós e eu sentia que a qualquer momento teria um pane no sistema.

_ Tem mais um. E ele? Por que está lá? - questionei.

Mia franziu o cenho.

_ Do que está falando?

_ Tem outro, eu sei que tem. Eu... eu já vi ele. Eu... - suspirei. - Eu não via a diferença antes, mas pensando agora, consigo lembrar. Sempre foi tão óbvio, a forma como ele mudava, o humor e quase a sua voz também. São três - declarei.

Mia balançou a cabeça.

_ Não, não há mais ninguém lá. Meu irmão bagunça, e o outro arruma. Sempre foi assim.

_ Não precisa mentir para mim, Mia - insisti.

Não era possível que ela não soubesse. Eu sabia com toda certeza que havia mais um. Não era muito recorrente e naquele momento eu sequer conseguia lembrar muito bem das vezes que o vi, mas eu sabia que tinha o visto, que ele estava lá, não era nada como Christian ou como... o outro. Ele era diferente, era sarcástico e intimidador, eram as únicas vezes que eu não sentia que Christian poderia mover o mundo inteiro por mim, mas sim por ele mesmo.

Baby.

Talvez aquele não me amasse.

Talvez o mais normal deles, sequer gostasse de mim.

Os 50 Tons de um AssassinoOnde histórias criam vida. Descubra agora