Capítulo 11

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"Então diga. Diga a eles tudo o que sei agora. Grite de cima dos telhados. Escreva no horizonte. Tudo o que tínhamos se foi agora. Diga a eles como éramos felizes, mas você partiu meu coração."


"

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Olhando de baixo para a superfície, os reflexos ainda parecem os mesmos para mim. Como antes de eu afundar, e era pacífico lá do fundo, um lugar que sequer era necessário respirar. Porque estar com Christian era assim: leve, sem necessidade de nada. Eu não precisava tomar decisões, fazer escolhas, não precisava controlar, reagir, falar... mas eu tive que voltar, e a verdade é que está tudo arrebentado sobre mim. Fiquei tanto tempo naquele limbo, embaixo do oceano, não me preocupando que algum dia eu teria que tomar as rédeas da minha própria vida, não me preocupando como tudo estava na superfície. Não me preocupando que aquilo não existia, ninguém podia viver daquele jeito. Aquela calmaria, aquela devoção era tudo uma mentira. Nada. Nunca. Foi. Real. Era um disfarce. Minha vida, a vida dele, os dias, os meses.

Foi pequeno e idiota. Um detalhe ridículo, mas uma mente inteligente de alguém. Ele fez tudo certo, não havia DNA, não havia provas, não havia testemunhas.

Mas havia a droga da confissão dele... de quinze anos atrás.

Aquilo tudo estava na minha mente, todos os xingamentos e a raiva. Porque eu não podia dizer aquilo em voz alta, eu não podia declarar como eu estava triste por ele ter sido pego - e não porque ele fizera aquelas coisas de fato.

E eu estava preocupada, porque uma boa pessoa não deveria se sentir daquela forma.

Eu deveria estar assustada, desesperada, decepcionada, com medo... dele. E não por ele.

Porque eu não conseguia acreditar naquilo, naquelas coisas que me contavam, e enquanto eu negava e todo mundo via a negação em mim acreditavam que era por seus atos - e crimes - e não porque eu não acreditava que ele não sentia algo por mim.

Mas era só o que eu ouvia durante todo aquele mês.

Um mês.

Trinta dias inteiros.

_ Ana? - minha mãe chamou. - Filha? Posso entrar?

Ela bateu na porta mais uma vez, e eu fechei os olhos com força, obrigando meu corpo a não reagir. Estava assustada com barulhos de portas. Não era medo de verdade, era receio das lembranças.

Ficava imaginando o que ele poderia ter falado, se me contaria a verdade, ou se tinha uma história pronta para me manipular.

Manipular.

Era tanto que todos falavam aquela palavra. Que era só o que Christian sabia fazer. E que eu era sua principal vítima.

Vítima.

Minha mãe forçou a porta, mas estava trancada, e então ela suspirou alto do outro lado e desistiu mais uma vez, seus passos se afastando.

Voltei a relaxar, abraçando o travesseiro. Era o primeiro dia que fui permitida voltar para casa de aquela noite.

Os 50 Tons de um AssassinoOnde histórias criam vida. Descubra agora