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OUTUBRO DE 2010

Any Carter

Já tinham se passado algumas semanas desde que Rick tinha sido baleado em serviço, o assistente de xerife permanecia em coma no hospital. Aquela situação nos deixava tensos, apesar da preocupação constante, tínhamos que tirar o foco, por causa de Carl.

Estávamos na cozinha, tomando o café da manhã, eu e Carl, quando o telefone tocou, Lori sempre corria na frente pra atender na esperança de ser boas notícias sobre o marido no hospital.

— Era o Shane — ela disse em um tom meio confuso — Disse que está vindo pra cá. Ele estava estranho, nervoso.

— O Shane quase sempre está nervoso — tentei descontrair — ele disse alguma coisa sobre o Rick?

Ela apenas negou com a cabeça, me deixando nervosa também.

— Vamos Carl, termina esse sanduíche que eu vou te levar pra escola — Disse me levantando em direção à escada da casa.

Não tinha chegado a metade dos degraus quando Shane passou como um furacão pela porta. Seus olhos estavam arregalados, estava ofegante passando o olho por todo o ambiente, como se pudesse encontrar palavras.

— Shane, o que aconteceu? O Rick, aconteceu alguma coisa com ele? — Lori foi a primeira a se manifestar

— Eu não sei direito, eu fui ao hospital como sempre antes do serviço, ele estava lá do mesmo jeito — ele disse meio tremendo, passando as mãos pelo rosto — Escutei tiros, e saí pra ver... o exército estava lá... mataram todos. A energia foi desligada... os aparelhos apagaram. Eu voltei no quarto dele... não tinha batimentos... — uma lágrima escorreu dos seus olhos — Eu sinto muito...

Não nos mexemos, tentávamos processar o que havia sido dito, mas as informações eram demais pra nós. Carl veio correndo e abraçou a mãe que caiu de joelhos enquanto chorava e abraçava o filho. Ela me olhou, mas eu permaneci estática, me segurando no corrimão, sem saber o que fazer

Nós precisamos ir embora daqui — falou Shane, cortando o silêncio — Vou em casa pegar algumas coisas. Façam malas pequenas com o essencial. Peguem toda a comida que tiver. Volto em dez minutos — ordenou e saiu da mesma forma que entrou.

Quando ele voltou, já estávamos prontos, embora não entendendo direito o que estava acontecendo, estava tudo preparado pra irmos.

— Pra onde vamos? — perguntei

— A frequência policial disse que tem a ver com essa gripe misteriosa, falou de um campo de refugiados em Atlanta. É pra lá que vamos. Anda, não temos tempo.

Entramos no carro e partimos, mesmo parecendo uma loucura sem sentido, era melhor não ficar e arriscar pra ver. Dentro do carro, eu pensava novamente em ter perdido um pai. A vida não dava um descanso. Rick não merecia morrer assim.

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Estávamos parado em um enorme engarrafamento na rodovia que dava acesso à cidade. Não sei quantas horas havia se passado, eu simplesmente mal tinha me mexido durante esse tempo. Shane e Lori saíram do carro pra tentar alguma informação. Carl saiu atrás deles e eu fiquei sozinha no carro.

De repente parecendo que as coisas haviam chegado ao meu consciente, as lágrimas vieram, com ela raiva e decepção. O espaço do carro ficou pequeno pra eu respirar, saí e bati a porta com força, atraindo a atenção de algumas pessoas em volta. Em um ataque fúria, chutei muitas vezes o pneu, quase inconsciente do que estava fazendo. Eu queria gritar, mas não conseguia.

Ouvi ao longe uma risada ácida e me virei pra ver. Uma caminhonete a uns três veículos de distância. Um homem alto, aparentando uns 40 anos ou mais, com um sorriso sarcástico no rosto. Minha vontade era largar o pneu e ir chutar a cara dele, mas não valia a pena. Então um outro homem um pouco mais jovem, com cara de poucos amigos desceu do capô e falou alguma coisa com ele enquanto jogava fora uma ponta de cigarro.

— Gostou do show? — gritei na direção do idiota — Acabou já, pode voltar pra sua vidinha de merda, seu babaca — entrei no carro de novo, não precisava de pessoas me olhando com pena.

Rapidamente Lori voltou correndo, tinha escutado o que eu tinha falado e veio me verificar. Me abraçou e me acalmou um pouco. Peguei um fitoterápico que tinha na mochila e tomei. Precisava descansar a mente um pouco.

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Daryl Dixon

Esse engarrafamento não vai nos levar a algum lugar, já estou de saco cheio de ficar parado aqui. Saí do carro, me sentei sobre o capô e fiquei observando as pessoas.

Estava distraído fumando um cigarro quando Merle apareceu falando meia dúzia de porcarias que costumava. Só queria que ele me deixasse em paz mais um pouco. Meu irmão era irritante a maior parte do tempo.

Alguns minutos depois, apenas observando ao redor, vi a porta de um veículo sendo aberta, me chamou à atenção a figura que desceu. Uma garota, usava uma camiseta preta, calça também preta com uma camisa xadrez amarrada na cintura e coturnos, nos braços pulseiras de couro preta com pequenas tachas prateadas. Seu cabelo "selvagem", meio castanho, com as pontas mais claras, descia pelos ombros, um pouco acima da altura dos seios, carregava uma mecha rosa, o que despertou minha curiosidade.

Como se me libertasse do meu transe, a garota teve um acesso de raiva, chutando repetidamente o pneu do carro fazendo todos se voltarem na sua direção. Merle parou ao meu lado.

— Tá vendo maninho? Aposto que isso é falta de um bom homem pra acalmar esse estresse todo — disse e deu uma risada que foi ouvida por quase todos, inclusive, chamando a atenção da garota.

— Deixa ela Merle, é só uma garota — respondi — Até eu já estou enlouquecendo de ficar parado aqui pra nada — falei descendo do capô

— Gostou do show? — a garota gritou de longe e eu me virei pra ver, enquanto a garota olhava furiosa pra Merle — Acabou, já pode voltar pra sua vidinha de merda — ela cuspiu enquanto voltava pro carro e batia novamente a porta com força.

— Você mereceu — zombei de Merle enquanto procurava alguma coisa pra fazer

— Aposto que eu posso dar um jeitinho naquela ali — ele disse, pra tentar não sair por baixo.

A noite já tinha caído quando percebemos helicópteros passando por cima de nós e indo em direção à cidade. Entramos pela floresta e pudemos avistar Atlanta sendo bombardeada com Napalm. O centro de refugiados já era.

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Espero que tenham gostado. A partir de agora entramos no enredo da série. Lembrando que a fic é baseada nos acontecimentos de TWD. Sendo contada apenas pela visão dos personagens principais.

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