Não Apenas Sobreviver

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Os dias no acampamento se passavam lentamente, às vezes parecia pra mim que nada ali tinha sentido, acordar, procurar comida, fazer tarefas. Era quase como uma vida comum, mas sem um objetivo maior. Não havia esperança de um futuro.Mas eu continuo me esforçando pra que ninguém perceba meus pensamentos aleatórios.

Temos um número considerável de pessoas, embora eu não converse muito com todos. Além de Lori, Carl e Shane, só interajo mesmo com Glenn, o rapaz asiático é muito amigável, quase impossível de recusar. Amy, uma garota quase da minha idade com quem converso às vezes e Dale, um senhorzinho simpático que está sempre preocupado com a gente.

Perto da fogueira, com Amy ao meu lado, preparamos algumas latas que ainda restam da última ida que Glenn deu à cidade. Era o almoço de hoje.

— A comida está acabando de novo. Queria poder ir à cidade também, procurar por alguma coisa — falo com Amy — Às vezes me sinto meio inútil aqui, esperando que façam isso por mim.

— Não estamos sendo — ela retruca — Cada um tem a sua função.

— Eu sei. Apenas fico pensando sobre a gente aqui, acordando um dia depois do outro, será que existe alguma coisa nesse mundo ainda, será que resta alguma coisa?

Amy deu de ombros, como se não pensasse muito sobre isso — Apenas penso que estamos aqui com nossas famílias e novos amigos, prefiro viver um dia de cada vez. Não sabemos se teremos mais um ou não.

Vejo Daryl se aproximando trazendo uma vasilha nas mãos, ele estendeu na nossa direção sua contribuição pra refeição e eu peguei. — Obrigada

— Não tem de quê — ele resmungou — são esquilos que eu consegui arranjar, já está limpo, só assar.

— Claro — assenti, me levantando em direção ao trailer de Dale em busca de algum tempero que tivesse sobrado. Enquanto o homem se afastava de volta pra sua própria barraca.

— Até que achei alguma coisa lá dentro — voltei falando com Amy

— Muito bom, estava doida por uma proteína hoje — ela riu — O Dixon apesar de mal humorado sempre traz algo interessante.

— Ele tá sempre com essa cara amarrada, parece que tá a um triz de espancar alguém

Amy deu uma risada genuína — Pois é. Mas ele é interessante — disse maliciosamente — Vai dizer que nunca reparou?

— Nem perco meu tempo. O máximo que iria acontecer era nós dois saindo no soco. Briga de temperamento difícil — respondi à loira que deu uma gargalhada da minha cara.

— Não faz mal querer flertar um pouco, pior que nem temos muitas opções aqui. A maioria já tem alguém

— Na verdade, sinto muita falta do Cris, era meu ex-namorado — comecei a dizer — Ele era a melhor pessoa que já conheci na vida. Eu o amava, ainda o amo. Do jeito que as coisas estão, duvido que vou amar alguém assim de novo.

— Te entendo. Mas você também não pode perder as esperanças da vida mulher, tem que querer viver um pouco

— Eu sei, mas também penso sobre encontrar alguém e depois perder essa pessoa a qualquer momento, não consigo mais perder. Já perdi dois pais, uma mãe e o Cris, foi embora e eu nem sei se sobreviveu. Acho perigoso cobiçar uma coisa dessas em um apocalipse.

— Você tem um ponto. Te entendo de verdade, mas não desanima, você ainda tem seu irmão, a Lori. Eles te amam, você os ama.

— Claro que sim

A carne estava quase pronta, quando Carol chegou com Sofia e Carl, ela nos ajudou a fazer a divisão do almoço para que todos comessem.

— Oi meninas, fui buscar essas crianças pra comer — a mulher de cabelos grisalhos falou