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Any Carter "Grimes"

Dormi um pouco demais, acordo e todos já se levantaram e estão a fazer alguma coisa. Depois do café da manhã eu vou até a casa ver o meu irmão, que graças a Deus recebeu alta do quarto e já pode sair daquele lugar.

— Finalmente hein pirralho. Já tava quase jogando uma água pra você acordar logo de vez — eu falo em tom de brincadeira o que faz Carl dar uma gargalhada

— Era só eu jogar em você também, durante a noite e a gente tava kit, irmãzinha.

— Experimenta garoto. Tenta a sorte de me acordar pra ver se você se safa depois. Bora levantar dessa cama e agir a vida. Anda.

— Eu sou seu irmãozinho querido. Pega leve comigo, eu tô ferido — ele diz apontando o local do tiro.

— Daqui a pouco você tá cem por cento. Nem adianta tentar fugir. Vem cá.

— Vou levar ele pra conhecer a fazenda e ver os animais— Lori avisa — Vai ser bom dar uma caminhada por aí.

— Você está bem, mãe? — pergunto preocupada com a aparência da mulher na minha frente — Andou chorando?

— Eu tô bem filha, não foi nada. Acho que o estresse por tudo, talvez — ela dá de ombros

— Está bem — assenti mesmo não muito convencida — se precisar estou aqui pra qualquer coisa.

— Eu sei — ela diz em um sorriso fraco — Vamos levar esse mocinho lá pra fora de uma vez.

— Eu vou dar uma olhada no Daryl e já encontro vocês lá fora — eu digo me levantando

— Ele não está mais aqui, foi pra barraca de manhã cedo — ela esclarece

— Mas é um caipira teimoso mesmo, não sabe o significado de repouso

— Deviam ter amarrado ele lá — ela solta irônica

— Agora que preciso ir mesmo vê-lo, capaz de ter arrebentado os pontos. Vamos

Saímos do quarto, Lori e Carl vão em direção a porta enquanto eu me aproximo de Beth que está na sala e peço a caixa de primeiros socorros emprestada.

Com a pequena caixa nas mãos, vou até a barraca de Daryl. Ao chegar, encontro Andrea saindo de lá depois de um pedido de desculpas e de ganhar uma ameaça do rabugento-mor.

— Já ouviu falar em repouso alguma vez na vida, Dixon? — pergunto parada na entrada — Posso entrar?

Ele abaixa o livro que tinha nas mãos e me encara um pouco e só acena com a cabeça.

— Por quê saiu de lá de dentro?

— Não queria incomodar mais. E aquele velho não tá gostando da gente aqui.

— Eu sei, já percebi isso também. Espero que tudo se resolva logo pra gente poder cair fora daqui — eu falo e ele assente — Eu vim trocar seus curativos, posso dar uma olhada?

— Pode — ele diz se ajeitando no colchão.

— Com licença — eu peço e termino de desabotoar sua camisa que já estava meio aberta. Ele enrijece o corpo o que me deixa um pouco tensa.

— Você está bem?

— Humrum. É que faz tempo que eu não tiro a roupa de um homem — digo sem olhá-lo — Quero dizer, tirei ontem, mas o Hershel estava junto e você tava desmaiado, então não conta — sorrio e olho em seus olhos que estão arregalados me encarando — Calma Dixon, você precisa ter um pouco de senso de humor às vezes.

— Eu tenho, você que tá falando besteira — ele diz meio sem graça.

— Esquece. Não tá mais aqui quem falou — levanto minhas mãos em rendição — Terminei esse, vira, deixa eu ver o outro — digo me referindo ao ferimento das costas, mas o caipira não se mexe — Daryl, deixa eu ver o outro curativo — chamo sua atenção.

— Não precisa, eu tô bem — ele fala desviando o olhar

— Não faz sentido trocar um e o outro não — protesto

— Eu não me sinto bem com isso.

Eu recuo e ajeito meu corpo no banquinho que estou sentada e começo a falar com a voz mais calma que eu tenho. À la "Grimes Pacificadora" tal qual aprendi com Rick.

— Eu vi — o encaro — Ontem, quando Hershel te dava pontos. Você não precisa ficar desconfortável comigo. Eu não sei o motivo e nem preciso também, não é da minha conta.

— Eu não gosto das pessoas perguntando — diz cabisbaixo

— Eu só vim pra ajudar, não vou te julgar nem te achar menos pessoa por isso. Muito pelo contrário, eu acho que você é um sobrevivente a muito tempo. Antes mesmo do apocalipse.

O homem me olha um segundo e desvia o olhar para o vazio, soltando um longo suspiro.
Então ele cede e deixa eu fazer o novo curativo em suas costas. Volto a me curvar sobre ele que parece um pouco mais relaxado. Faço o mais rápido que posso e volto a me ajeitar no banco.

— Eu também tenho marcas que sempre me lembram de um período ruim da minha vida, sabe? Não as amo, mas têm um significado.

— Como assim? — ele arqueia a sobrancelha.

— Do meu acidente. Vão ficar comigo para o resto da vida, pra me lembrar que eu podia ter morrido aquele dia, mas ganhei uma segunda chance. Me mostra que eu também sobrevivi. Acho que você também deveria pensar assim, sobre as suas.

— Não devem ser tão ruins — ele resmunga quase baixo demais.

— Pode apostar que sim — levanto um pouco minha camisa e deixo meu abdômen à mostra pra ele — são marcas de inúmeras cirurgias que fiz em poucos dias para salvar minha vida. A primeira delas durou mais de 14 horas. Praticamente me reconstruíram de volta.

— Eu sinto muito — ele diz

— Tinha mais, nos braços e no rosto. Eu consegui remover com alguns cosméticos, mas as da barriga não tiveram jeito. Eu aprendi a conviver com elas. Sinto muito seja pelo que você tenha passado, mas não se envergonhe disso. O importante é que venceu — digo enquanto pego em sua mão que está apoiada do lado de seu corpo.

— Eu vou tentar, mas não sei se consigo — responde

— Tentar já é um começo. Agora deixa eu ver sua cabeça, acho que não precisa mais de bandagem, só uma limpeza.

Daryl consente e eu me aproximo limpando a ferida, ele fecha os olhos quando passo o álcool, mas não reclama. Ainda mantém a casca de durão.

— Prontinho, já acabei — falo olhando em seu rosto sem me afastar. Daryl, abre os olhos e me encara, nossos rostos estão próximos e eu sinto um choque passar pelo meu corpo. Isso ficou esquisito agora.

Me afasto bruscamente recolhendo o material que eu tinha usado e guardo tudo na caixinha, me levantando pra sair.

— É.. eu tenho que ir agora, o Carl já está de alta, vou ficar um pouco com ele. Até mais Dixon — digo sem contato visual

— Obrigado de novo, Any — ele diz tocando minha mão de leve.

Apenas assinto com a cabeça e dou um sorriso sem dentes. Preciso sair dali depressa, estou nervosa com não sei nem o quê. As coisas ficaram estranhas de repente.

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Olha aí o capítulo de aproximação do não casal 🥰🥰
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