capítulo 7 NADA ESTÁ NORMAL

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Tentei focar a visão, mas era impossível lutar contra a escuridão. Minha intuição estava gritando para fechar a janela, olhos esbugalhados refletiram a luz da lua no meio do breu lá embaixo. Poderia ser qualquer coisa, menos um humano.

- Aslan... Você trouxe amigos? - Passos se aproximaram atrás de mim.

- Não, você estava esperando visita? - ele diz apertando os olhos.

- No meio da noite? Visita? - pergunto com desdém.

- Aí, droga! - Seus olhos varreram a escuridão.

- O que houve? Você conhece? - pergunto confusa e em seguida braços quentes me abraçaram pela cintura e me puxaram para dentro novamente, fechando a janela em segundos e a cortina também.

Os olhos do Aslan emanavam medo, ele estava perdido em pensamentos, e a sua respiração oscilava rapidamente.

- Temos um problema. - ele diz com o olhar vago.

- Que problema? O que está acontecendo? - pergunto começando a sentir medo de sua resposta.

- Eu não sei ainda, estão te procurando, vou investigar. - ele diz com o peito oscilando rapidamente.

- Quem está me procurando? - pergunto sentindo um medo absurdo.

- Demônios, menina, Demônios. - ele diz segurando meus ombros. Tentei abrir minha boca para debater, mas a fechei em seguida, eles existem sim. Não importa o que eu fale, eles existem e estão no meio de nós. Aslan abriu a janela e soltou um longo suspiro.

- Ele está indo embora. - diz colocando a mão sobre o peito.

- O que ele estava fazendo aqui? - pergunto juntando as sobrancelhas.

- Não faço a mínima ideia, amanhã cedo eu volto para o meu mundo para tentar descobrir o que está acontecendo. Mas de uma coisa eu sei, você tem algo especial, demônios não perseguem pessoas comuns, não vale a pena o esforço e dois eventos assim no mesmo dia... Só tome cuidado, tá? - ele fala me olhando preocupado.

Paralisia, meu corpo travou em choque ouvindo tudo aquilo, então a vovó Amélia viu alguma coisa mas não quis me dizer?

- Kaylee. - sua voz muito distante me chama.

Será que é disso que o vovô está fugindo?

- Kaylee? -

Preciso voltar lá amanhã, preciso de respostas. Será que foi por isso que ela me ofereceu aquele punhal?

- Kaylee?! - sei lá depois de quantas vezes Aslan me chamando saí da transe.

- Ah, oi. - falo ainda perdida em pensamentos.

- Você está bem? - ele pergunta levantando meu rosto.

- Estou... - falo com falsa afirmação.

- Garota, se acalma, vai ficar tudo bem. Respira... - ele diz me abraçando.

Amanhã eu vou na vovó Amélia, e eu vou voltar com o punhal ou uma adaga, ou sei lá, qualquer coisa cortante.

- Vai ficar tudo bem, confia em mim. Vem, deita aqui, durma. - ele diz me puxando para a cama.

Me aconchego no colchão macio ao lado de Aslan, que me envolve em um abraço, eu não deveria... Ah, quem se importa, eu estou desesperada, em pânico, parece que estou sonhando há dias e não consigo acordar. Vou aproveitar a companhia, a qualquer momento volto a ficar sozinha e ficar sozinha não é seguro nessa situação em que me encontro.

Fecho os olhos e o sono me abraça.

Escuto uma voz muito estranha e não consigo descobrir quem está falando ou de onde está vindo.

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