capítulo 6 ESPERANDO A MORTE

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Não acredito que passei por tudo isso para morrer assim. Eu nem descobri o que aconteceu com os meus pais, não posso desistir agora. Mantive os olhos fechados, planejando uma fuga.

- Não a devore, seu imbecil! - um dos homens grita me fazendo arrepiar por completo.

- O chefe quer ela inteira! - Falou o outro com tom impiedoso.

- Não posso tirar nem um pedacinho? Só um bracinho?! - O monstro que um dia foi uma doce criança implora.

- Não, porra! Tira um braço dela que ele arranca seus testículos. - O seu tom de voz me faz tremer.

- Mas ela cheira tão bem... - insiste uma última vez. Enquanto eu planejava uma fuga.

- Deve ser porque eu tomo banho, seu desgraçado!! - Chutei sua canela e tentei correr, mas, enquanto dei três passos, ela me alcançou e me segurou novamente.

- Fica parada, sua vagabunda! - diz apertando meu braço com força e eu sinto o desespero tomar conta de mim.

Os outros dois ainda estavam longe, mas a cada respiração se aproximavam. Alguma coisa cortou o vento e apertei os olhos, algo ia acertar a minha cabeça.

Senti uma mão quente segurando o meu braço, e a pequena mão gelada se desvinculou de mim, quando abri os olhos, um moço de cabelos vermelhos, cor de fogo, estava parado ao meu lado, segurando um pedaço de madeira e a garotinha caída no chão.

- CORRE!! - ele grita e Começamos a correr em direção à estrada.

O som de passos pesados estava logo atrás dos nossos calcanhares.

- O seu príncipe encantado veio direto do inferno para te salvar, romântico não acha? - falou com sarcasmo. Enquanto buscava fôlego.

- SEU TRAIDOR!! - uma das aberrações grita e o meu coração dispara.

- FAÇO QUESTÃO DE EU MESMO TE MANDAR DE VOLTA PARA O INFERNO! - o outro grita fazendo os passarinhos voarem dos pinheiros.

- VÃO A MERDA!! - ele parou somente para mostrar o dedo do meio.

Eu definitivamente não deveria estar aqui confiando em um estranho de novo, mas acho que não tenho outra alternativa.

- Droga, estão muito perto! - ele diz e os meus pulmões ameaçam me deixar na mão.

- Me fala como é a sua casa? - pergunta com olhos arregalados.

- Para que? - estou focada em não cair enquanto os meus pulmões ardem.

- Agiliza, garota!! - grita comigo e os meus olhos se enchem de lágrimas.

- Ela é... De madeira, com partes... Eu não sei a cor! - minhas pernas começam a tremer e eu não consigo raciocinar.

- Ao redor, me fala qualquer referência!! - ele diz desesperado.

- Macieiras!!! Em frente a janela. Janela de vidro, com... Parapeito de madeira. - falo ainda sem saber o motivo da sua curiosidade, para que diabos ele quer saber da minha casa quando se tem alguém querendo nos matar colado em nossos calcanhares.

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