capítulo 12 SONHOS OU LEMBRANÇAS?

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Kaylee Turner

Minha cabeça dá voltas em busca de uma mentira convincente.

Eu poderia dizer que desmaiei no banheiro, mas ele com certeza me levaria ao médico. Poderia dizer que... fui fazer compras, isso seria muito sem noção. Fui embora para comer, sem sentido. Ou posso simplesmente dizer que fugi com o garoto que ele odeia para o meio do mato e deixar ele me matar, simples.

- Eu te fiz uma pergunta. - me olha sério, causando arrepios.

- Eu saí do colégio porque senti uma dor de cabeça muito forte. - bem... Eu não estava 100% mentindo, só omitindo, já que a dor de cabeça só apareceu porque aceitei ir naquele lugar.

- Mas você nunca mata aula, Kaylee... - diz baixando o tom de voz.

- E eu também nunca sinto dores de cabeça. - se você tivesse me contado teria evitado isso. Mas esse final eu não falo.

- Tomou remédio? Quer ir ao médico? A dor passou? - pergunta extremamente preocupado.

- Estou bem, estou bem, se acalme. - Ele verifica a minha temperatura, para ter certeza de que estou bem.

- Está com fome? - pergunta, se levantando.

- Eu só quero tomar banho e dormir, eu ahn... Obrigada vovô. -

- Se precisar, estarei lá embaixo. - sorri e sai fechando a porta atrás de si.

Tomo um banho, visto meu pijama e volto para a cama. Começo a olhar para o teto e me pergunto, se tudo o que aconteceu hoje, realmente aconteceu. Começo a me lembrar da música e do diário da minha suposta mãe. Sinto uma raiva iminente. O casal se amava, droga! Ele abriu mão do reino por causa dela e da filha. Caramba, a vida é realmente injusta.

Quanto mais eu penso no assunto, mais a minha raiva vai aumentando gradativamente. As sombras começam a dançar nas pontas dos meus dedos, eu ainda não sei controlar isso.

Um vento frio me atinge e percebo que esqueci a janela aberta. Me sento na cama e deixo as sombras se expandirem, ordenando para que elas vão até a janela. Sombras rastejam feito serpentes através da luz fraca do abajur. Elas dançam em harmonia, um véu tão soturno que poderia facilmente engolir a luz inteira do meu quarto.

Meu coração acelera ao perceber que estou conseguindo controlar. Fecho meus olhos e respiro fundo, fazendo um enorme esforço para fechar a janela velha. E consigo com sucesso. Depois comando as sombras a fecharem as cortinas. Fecho-as e começo a chamar elas de volta.

A porta foi aberta de forma abrupta, me assustando e fazendo as sombras desaparecerem.

- Te assustei? Trouxe chá de camomila. - Vovô entra com uma bandeja, duas xícaras e um açucareiro.

- Ah, não, não assustou não. - tranquilizo ele.

Nós nos sentamos na cama e começamos a tomar o chá. Mas o assunto da árvore de sangue não sai da minha cabeça.

- Você acredita em anjos? - pergunto e tomo um gole de chá quente, queimando a minha língua. Vovô engasga com a pergunta repentina.

- Do que você está falando? - rebate de volta.

- Ah, não é nada demais, só curiosidade mesmo. - tento parecer normal.

- Você deveria parar de pensar em bobagens, querida. Talvez esse seja o motivo da dor de cabeça. -

- Mas eu... - ele me interrompe com um beijo na testa e se levanta.

- Durma meu bem, você está cansada. - ele recolhe a bandeja e as xícaras e se retira.

O segredo dos anjos Onde histórias criam vida. Descubra agora